quinta-feira, 3 de setembro de 2009

LIBERDADE, SENHOR ! O SAMBA DE MIL ANOS.



É impressionante a quantidade de fatos que ocorreram em 1969 e estão sendo, quarenta anos depois, constantemente lembrados pela imprensa. É verdade que o ano em questão foi da pá virada - aconteceu mesmo de tudo.
O Concorde foi criado; a lua deixou de ser dos namorados e São Jorge se empirulitou com a chegada da Apollo 11; o festival de Woodstock inaugurou a suruba no lamaçal; o doido do Charles Manson matou a Sharon Tate; o Jornal Nacional entrou no ar; o embaixador dos EUA foi sequestrado pela rapaziada do MR-8 e da ALN; o presidente Costa e Silva vestiu a farda de madeira; Médici chegou ao planalto; apagaram o Marighella; o Fluminense papou o campeonato carioca; as feras do Saldanha se classificaram para a Copa de 1970.
Aconteceram mais coisas impactantes, mas não me ocorrem agora e eu estou sem paciência para descobrir pesquisando nos googles da vida. No meio dessa profusão de efemérides, porém, estou convencido do seguinte: Em 2969, na comemoração dos mil anos desses aconecimentos, só dois eventos serão lembrados mundialmente - 1969 foi o ano do milésimo gol de Pelé e do samba Heróis da Liberdade, hino maior do GRES Império Serrano, da parceria Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira.
Para prosseguir na minha tarefa de matar os imperianos do coração, coloquei na rede a monumental gravação AO VIVO do Heróis da Liberdade. Isso mesmo - o Império Serrano entoando, em 1969, logo depois do lançamento do nefasto AI-5, o brado maior em defesa da liberdade; uma verdadeira declaração dos direitos fundamentais do homem em forma de epopéia.
Heróis da Liberdade é uma daquelas obras de arte que - feito o Quixote, a Nona Sinfonia, a Pietá, a cerâmica marajoara, as máscaras de Ifé e a Mona Lisa - permanecerá enquanto a humanidade permanecer. Patrimônio do espírito do homem em sua dimensão mais elevada, é simplesmente isso que temos que reconhecer nesse samba - ouvindo em silêncio reverente e mostrando aos nosso filhos e netos, para que eles cantem, um dia, aos que virão. E sintam, quem sabe, orgulho de sua condição de homens humanos feito os seus avós.

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