Derrotados na tese de que a comissão era desnecessária, eles tentam, agora, impedir que a investigação se aprofunde
Primeiro, a base aliada de Yeda não queria a CPI da Corrupção de jeito nenhum. Mas aí veio a ação de improbidade do Ministério Público Federal que acusou a própria governadora Yeda, seu marido Carlos Crusius, três deputados e alguns membros do primeiro escalão. A opinião pública ficou escandalizada e os deputados governistas perceberam que seria um desgaste muito grande continuar fingindo que nada estava acontecendo no Estado.
Assim, forçados pelas circunstâncias mas ainda contrariados politicamente, alguns deputados da base de Yeda completaram o número necessário de assinaturas para requerer a CPI. E, finalmente, na semana passada, aconteceu a instalação oficial.
Derrotado na tese inicial de que a comissão não era necessária, o governo Yeda tenta, agora, embaraçar a investigação. Vale tudo para impedir que a CPI aponte os responsáveis políticos pelos atos de corrupção que já foram largamente comprovados no Detran e nas licitações de grandes obras estaduais. Na empreitada, vale até apresentar requerimentos tão flagrantemente ilegais que ferem, ao mesmo tempo, a Constituição Federal, o Regimento Interno da Assembleia Legislativa e o Código de Processo Penal. Como aí é que estão as diretrizes do funcionamento da CPI, a intenção é óbvia: buscar nestes regramentos, detalhes que permitam interpretações difusas e fazê-las de modo a retirar prerrogativas da presidenta Stela Farias, que é do PT, repassando-as ao relator Coffy Rodrigues, que é do PSDB, partido de Yeda. E quando isto não for possível, tentar jogar tudo para a decisão do colegiado onde os yedistas são ampla maioria.
Não só o governo, mas todos os deputados estão cansados de saber que a Assembleia Legislativa já realizou dezenas de CPIs ao longo de sua existência e quais são, exatamente, as prerrogativas do presidente, do relator e dos demais membros. Ocorre que há pelos duas dessas prerrogativas que, se exercidas na plenitude, podem causar enormes estragos à imagem dos yedistas: o poder de convocar sessões da CPI a qualquer momento para, por exemplo, executar áudios; e o poder de retirar da Ordem do Dia requerimentos que firam a lei ou o regimento.
No primeiro caso, os yedistas tentam impedir que o povo gaúcho seja apresentado aos áudios das escutas telefônicas que motivaram a ação de improbidade contra Yeda e alguns figurões no caso do Detran (roubo de R$ 44 milhões); e também, às gravações de conversas dos responsáveis pelas fraudes nas licitações, flagrados pela Operação Solidária (roubo de R$ 300 milhões). E quem já leu a degravação dessas conversas sabe que elas tem um potencial destruidor de carreiras políticas que, até então, pressupunha- se sólidas.
No segundo caso, o que os yedistas pretendem é lançar mão de requerimentos que nada tenham a ver com os fatos determinados pela CPI justamente para tumultuá-la, diminuindo sua credibilidade e, na medida do possível, atacar os adversários. Tanto melhor para eles se isto implicar em sacrifício do foco da investigação.
Pois bem, foi esta escaramuça governamental que se viu na primeira sessão da CPI. Mas sem sucesso, porque a condução séria, transparente e segura da presidenta Stela garantiu que a CPI siga para a próxima sessão mantendo seu objetivo: apurar a montanha de denúncias de corrupção que recaem sobre o governo Yeda, seus aliados, seus cargos de confiança, seus amigos e seus financiadores.
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