terça-feira, 22 de setembro de 2009

O ponto alto da Política Externa

Noblat, Mainardi e Míriam Leitão espumam de raiva: Lula é um sucesso internacional.

O analfabeto político vai odiar isto. E exatamente por isto direi que a Política Externa de Lula é um sucesso absoluto. Não é resultado da sorte, dos dotes histriônicos ou do fato de a figura de Lula ter caído no gosto da mídia mundial. O Itamaraty não improvisa e o sucesso não é do acaso nem da boa estrela de Lula: é fruto de trabalho duro e, principalmente, de uma análise e um planejamento corretos. O fato de os holofotes do mundo estarem hoje voltados para Lula (ele na ONU e Zelaya protegido na embaixada brasileira de Honduras), apenas coroa um esforço proficiente de quase oito anos.
Desde o primeiro dia do primeiro governo Lula, a dupla que comanda nossa Política Externa, o chanceler Celso Amorim e o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, a partir de um diagnóstico correto, estabeleceram três objetivos estratégicos a serem seguidos: a- adequar nossa política externa, tacanha durante Collor e FHC, ao tamanho e a importância do país; b- Alçar o país à condição de líder natural, político, econômico e militar, da América do Sul e c- enfrentar de forma serena porém consistente – sem a verborragia e as bravatas do nacionalismo de fachada -, a hegemonia norte-americana no Continente. A mídia apátrida, jamais admitiu isto e os beletristas (sem embargo de serem analfabetos políticos) a seu serviço sempre denegriram e achincalharam nossa política externa. Mas, ao cabo de sete anos, aí estão os resultados: a- o Brasil reconhecido mundo a fora como potência emergente (emergente e simpática); b- exatamente como acontecia há vinte anos em relação aos EUA, hoje nada que ocorra no continente sul-americano deixa de dizer respeito ao Brasil e c- o pais é consultado, ouvido e geralmente seguido. É a liderança natural e, exceto na Colômbia e no Peru, dois países na contramão da História, a influência norte-americana no Continente é igual a zero. Há um mês divulgamos neste blog trechos de um documento desconhecido fora do âmbito diplomático, assinado pelo secretário-geral do Itamaraty ,embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Vamos reproduzi-los aqui, como uma espécie de prova do que dissemos nos parágrafos acima.
Para o embaixador, “o MERCOSUL (a Argentina e o Brasil em particular) enfrentam três desafios de curto prazo no processo de articulação de um papel autônomo no sistema mundial, multipolar, em gestação: A – Resistir a uma absorção na economia e no bloco político norte-americano, que está avançando rapidamente, de maneira disfarçada, por meio de negociações da ALCA e dos TLCs (tratados de livre comércio) e da dolarização gradual. B – enfrentar uma possível intervenção militar externa na Colômbia e eventualmente em toda a região amazônica. C – Recuperar o controle sobre as políticas, doméstica e externa, no momento sob controle do FMI (e da Organização Mundial do Comércio)”.
Segundo o embaixador, a construção “paciente, persistente e gradual da união política da América do Sul e uma recusa firme e serena de políticas que submetam a região aos interesses estratégicos dos Estados Unidos tem que ser objetivo da nossa política externa e o MERCOSUL é um instrumento essencial para atingir esse objetivo”. E Pinheiro Guimarães ressalta que “MERCOSUL significa Brasil e Argentina, da mesma forma que União Européia Alemanha e França e Nafta (Mercado Comum Norte-Americano) significa Estados Unidos e Canadá”, para acrescentar “que sem uma cooperação próxima entre Brasil e Argentina, a ação coordenada no MERCOSUL seria uma total impossibilidade” .

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