Se pudéssemos alinhar nosso raciocínio numa sequência de dez itens, diríamos que:
1- Você pode ou não gostar de Marx, mas não pode deixar de parar para pensar quando ele diz que não há imprensa livre enquanto houver imprensa a serviço de uma classe.
2- A história da humanidade é a história da luta de classes. Outra frase de Marx. Mas mesmo que não fosse, não é difícil ver a sequência histórica, por exemplo da luta dos escravos contra seus proprietários, dos servos contra os senhores feudais e dos operários contra os donos das fazendas e das fábricas.
3- Se até uma criança pode entender isto, não será difícil, até para uma criança, entender que a imprensa é um instrumento essencial neste embate entre as classes.
4- Até aqui nosso raciocínio foi primário, quase óbvio, mas vai deixando de sê-lo quando dissermos que é fundamental, para uma classe dominadora, infundir genericamente a noção de que não há classes dominadoras.
5- Acertou quem deduziu que a função essencial da imprensa controla pela classe dominadora é provar, por a mais b que esta classe não é dominadora.
6- A primeira providência é fazer parecer que os interesses dos que dominam a impressa corresponde aos interesses nação como um todo. Assim, quando Meirelles eleva os juros, deve parecer que isto não beneficia apenas aos banqueiros, mas à nação como um todo.
7- Para tecnicamente produzir efeito, no interesse de seus proprietários (classe dominadora), a imprensa precisa difundir diariamente um número descomunal de informações inúteis e , sobretudo – mesmo quando úteis -, totalmente descontextualizadas . Assim, crises financeira, beterrabas e orquestras sinfônicas, são enfiadas goela abaixo do distinto público, sempre de forma superficial e, de preferência tendenciosa. Com isto, algumas coisas vão sendo demonizadas (caso Chávez) e outras são elevadas ao grau de axiomas implícitos, aquilo que não cabe aos mortais discutir. Exemplo: a imprensa capitalista é livre.
8- O objetivo de toda esta parafernália é o de alienar a clientela que, alienada, é conduzida ao consumismo mais cretino e grotesco e sobretudo a uma animalesca indiferença às misérias e, principalmente, à destruição ciclópica que a rodeia.
9- Alienante, a mídia acaba torna-se ela própria alienada numa interação doentia com o público em geral, mas sobretudo com os setores intermediários, aqueles que não são tijolo nem barro. A vertiginosa automação dos setores produtivos acompanhada de uma crescente terceirização e desregulamentaçã o das relações capital/trabalho, ampliam de forma descomunal o volume destes setores intermediários, como que apontando para uma fase pós-capitalista onde proletariado e burguesia deixariam de ser protagonistas. Mas isto já é uma outra história que fica para uma outra vez.
10- De volta a item número um, já podemos dizer que quando algo como Noblat diz que o presidente da República é um “trapalhão”, é porque já houve uma simbiose entre ele e seu patrão que supõe que seus interesses são os interesses na Nação e não percebe que a verdadeira opinião pública não é a opinião por ele publicada nem que os interesses dos Estados Unidos são diferentes dos interesses do Brasil.
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