O que faz com que o homem se aliene do ponto de vista psicossocial é a venda, como valor de mercado, de sua própria essência, sua força de trabalho. Ele não realiza este trabalho, a razão de tantas ou quantas horas diárias, porque considera que isto é realmente necessário para a humanidade como um todo. Ele faz isto (e passa toda sua vida fazendo isto), simplesmente porque é pago para fazer isto. Assim, desde que lhe paguem ele se sente à vontade para fazer qualquer coisa (de preferência considerada legal). Individualmente é possível que muitas pessoas encontrem na sua labuta diária, uma sensação gratificante de estar sendo útil. Ótimo. Só que não estamos discutindo aqui situações individuais. Estamos procurando analisar a situação do homem genérico, atrelado ao Sistema (modo de produção capitalista) . Sistema este que tem como função única a sua própria acumulação, independente do que seja bom ou ruim para a humanidade. Mas não é só isto: o Sistema impinge a todos nós aquilo que chamo de axioma implícito, mediante o qual, todos partimos do pressuposto de que o atual modo de produção é o mais consentâneo com as reais necessidade do homem e, por isto, seria supra-histórico, imutável. Assim, em vez de discutirmos as razões (objetivos) do processo, discutimos apenas a sua eficiência.
Se você acha que assim está bom. Ótimo, Deus lhe ajude. Porém, se numa fração de segundo, num breve lampejo, você cogitar que embora individualmente cada um dos seres humanos apenas cumpra suas obrigações (suas tarefas diárias remuneradas) , a humanidade como um todo está destruindo, literalmente, o seu habitat, a mãe Terra, ou seja, está se autodestruindo, então, talvez você esteja recobrando sua consciência adormecida nas cinzas do coração e da mente. E este é o momento de voltarmos à tese inicial, mais bem desenvolvida no artigo anterior: o Capital (sistema como uma todo), esta fantástica coleção de mercadorias ( úteis ou inúteis) não tem como compromisso (não encontra em sua lógica essencial) promover o bem ou a melhoria da qualidade de vida do homem genérico. O único compromisso do Sistema, já vimos, é com sua própria acumulação. Mas não é só isto: ele só obtém sua acumulação destruindo todo o seu entorno, a começar pela Natureza. Abra sua janela e veja. É por isso que digo, não com a preocupação de ser espirituoso, mas para ser verdadeiro, que supor um capitalismo bem comportado, civilizado e não destrutivo, é supor um vampiro vegetariano.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
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