segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A guerra primitiva dos paulistanos contra a bicicleta e contra o progresso

Haddad_Ciclovias08_Bernardino_Campos
Fernando Haddad: Punido por tentar tirar São Paulo do atraso.
Você mede hoje o avanço social de uma grande cidade pelas bicicletas. Quanto mais ciclistas, mais avançada.
Copenhague e Amsterdã são modelos mundiais. Londres, Nova Iorque e Paris se empenham tenazmente para aumentar o número de bicicletas nas ruas e reduzir o de carros.
São Paulo, miseravelmente, ficou para trás, por conta de administrações ineptas como a de Serra. E quando aparece enfim um prefeito disposto a corrigir um atraso humilhante ele é recebido não com aplausos, mas com uma camada selvagem de resistência.
Um dia vamos tentar entender como São Paulo se tornou uma cidade tão infestada de pessoas que abominam inovações e mudanças. O túmulo do samba se converteu no túmulo das novidades.
Um episódio simbólico ocorreu no domingo, dia 23/8, quando Haddad, de bicicleta, inaugurava uma ciclovia. Um casal de patetas imobilizou sua bicicleta e proferiu insultos. Sinal dos tempos, as mulheres dos desvairados se tornaram cúmplices. Antes, sensatas, elas eram um contraponto a maridos encrenqueiros. Agora, contribuem para o incêndio.
Haddad não inventou a roda. Estava na cara, quando ele assumiu a Prefeitura, que o maior drama da cidade era a mobilidade.
Se antecessores como Serra e Kassab não viram isso é porque a incompetência deles é desumana.
Haddad viu, portanto, o óbvio. E agiu.
Sob o estímulo de uma mídia cujo cérebro estacionou no século passado, os donos de carros começaram a criar problemas sobre problemas. É como se a cidade pertencesse a eles. Em sua cegueira egoísta, não se deram conta de que a diminuição dos carros nas ruas seria um bem para todos.
Haddad teve a explicar a jornalistas ignorantes como o professor Villa que primeiro você tem de abrir ciclovias para depois aparecerem e se multiplicarem os ciclistas.
Nas eleições municipais do ano que vem, é possível que Haddad seja punido por ter tentado tirar São Paulo do primitivismo em termos de bicicletas. Mas a história da cidade reconhecerá nele um espírito sintonizado com seu tempo. Pois não é possível que, indefinidamente, os paulistanos serão cobertos pelo grau de obtusidade e reacionarismo que é hoje a marca de uma metrópole que foi sempre tão dinâmica e aberta a novas ideias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será avaliado pelo moderador, para que se possa ser divulgada. Palavras torpes, agressão moral e verbal, entre outras atitudes não serão aceitas.