sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Pesquisa indica que patrimônio dos ricos tem crescido mais que o PIB

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Segundo análise feita pelos economistas Sérgio Gobetti e Rodrigo Orair, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o valor global do patrimônio dos brasileiros está crescendo mais que o Produto Interno Bruto (PIB).
Os pesquisadores utilizaram os dados das declarações do Imposto de Renda divulgados pela Receita Federal no fim do mês passado. A série de dados vai de 2007 a 2013, um período considerado pequeno para avaliar se o patrimônio teve, de fato, um crescimento maior que o PIB. Para Odair, seria necessária uma série histórica mais longa, mas crê que “há uma indicação que precisa ser avaliada”.
Os dados das declarações do Imposto de Renda, divulgados pela Receita Federal no fim do mês passado, indicam que o valor global do patrimônio dos brasileiros, apesar de alguns bens não serem corrigidos monetariamente, está crescendo mais que o Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com análise feita pelos economistas Sérgio Gobetti e Rodrigo Orair, que são pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A série de dados divulgadas pela Receita, no entanto, ainda é pequena: vai apenas de 2007 a 2013. “Para tirar uma conclusão, é necessário ter uma série histórica mais longa”, pondera Orair. “De qualquer forma, há uma indicação que precisa ser avaliada”, acrescentou.
A tendência de acumulação do patrimônio em ritmo mais rápido do que a produção, como explicação para a concentração crescente da renda, é a tese central do economista francês Thomas Piketty, que ficou célebre pelo livro O Capital no Século 21. Analisando dados de vários países em todo o mundo, Piketty concluiu que o capital tem sido remunerado com uma taxa anual de 5%, enquanto a produção cresce em ritmo menor.
Piketty não incluiu o Brasil em sua análise porque, como explicou em entrevista concedida a algumas publicações brasileiras, não conseguiu ter acesso aos dados da Receita Federal. Depois do livro e da repercussão das declarações do economista francês, o fisco brasileiro resolveu abrir os dados e, no fim do mês passado, sem alarde, colocou em sua página na internet as informações sobre as declarações do Imposto de Renda das pessoas físicas, conhecido pela sigla DIRPF.
Para os economistas Gobetti e Orair, a decisão da Receita é uma importante contribuição para a democracia brasileira, pois ajuda os pesquisadores a conhecer melhor a distribuição de renda e de riquezas no país. Além disso, na opinião deles, possibilita a correção de algumas distorções que reforçam a concentração da renda e da riqueza.
Os dois economistas estão convencidos de que a isenção dada hoje pela legislação do Imposto de Renda aos rendimentos de lucros e dividendos explica, em grande medida, a grande desigualdade de renda no país.
Os dois acreditam também que os dados divulgados pela Receita ajudariam muito Piketty a analisar o caso brasileiro. “Piketty conseguiria fazer algumas análises que ficou impedido de fazer pela ausência de dados”, disse Gobetti.

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