quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Sobre o curioso editorial de O Globo

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Um editorial do jornal O Globo chamou atenção na sexta-feira, dia 7/8 (leia a íntegra aqui). Leia alguns trechos do aparentemente surpreendente texto:
Mesmo o mais ingênuo baixo-clero entende que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), age de forma assumida como oposição ao governo Dilma na tentativa de demonstrar força para escapar de ser denunciado ao Supremo, condenado e perder o mandato, por envolvimento nas traficâncias financeiras desvendadas pela Lava-Jato. Daí, trabalhar pela aprovação de “pautas-bomba”, destinadas a explodir o Orçamento e, em consequência, queira ou não, desestabilizar de vez a própria economia brasileira.
[…]
Se a conjuntura já é muito ruim, a situação piora com o deputado Eduardo Cunha manipulando com habilidade o Legislativo na sua guerra particular contra Dilma e petistas. Equivale ao uso de arma nuclear em briga de rua, e com a conivência de todos os partidos, inclusive os da oposição.
É preciso entender que a crise política, enquanto corrói a capacidade de governar do Planalto, turbina a crise econômica, por degradar as expectativas e paralisar o Executivo. Dessa forma, a nota de risco do Brasil irá mesmo para abaixo do “grau de investimento”, com todas as implicações previsíveis: redução de investimentos externos, diretos e para aplicações financeiras; portanto, maiores desvalorizações cambiais, cujo resultado será novo choque de inflação. Logo, a recessão tenderá a ser mais longa, bem como, em decorrência, o ciclo de desemprego e queda de renda.
Tudo isso deveria aproximar os políticos responsáveis de todos os partidos para dar condições de governabilidade ao Planalto.”
Junte a mudança de tom do editorial com um tempo incomum dedicado a pautas pró-governo na edição do Jornal Nacional do mesmo dia. Foram mais de três minutos veiculando a presidenta Dilma Rousseff rebatendo críticas durante um discurso e sendo muito aplaudida. Além disso, teve reportagem sobre o aeroporto de Cláudio (MG), que atinge diretamente Aécio Neves e uma matéria sobre o “abraço ao Instituto Lula” que ocorreu também na sexta-feira em repúdio ao ataque a bomba sofrido pelo instituto do ex-presidente.
No mínimo curioso.
Reunimos alguns textos que analisam o editorial por diferentes pontos de vista para que possamos tentar compreender melhor a guinada editorial da Rede Globo. E vale lembrar que, em todo caso, as coberturas dos dias 16 (apoio ao golpe) e dia 20 (defesa da democracia) serão os melhores termômetros da aparente mudança de posição da emissora carioca.
Blog O Cafezinho
O editorial da Globo: me engana que eu gosto (clique aqui para ler)
Trecho: “O recuo da Globo pode ser o recuo das águas do mar nos momentos que antecedem um tsunami”.
Diário do Centro do Mundo
A coisa mais intrigante do encontro do dono da Globo com senadores do PT. Por Paulo Nogueira (clique aqui para ler)
Trecho: “Por isso, você deve esperar, daqui por diante, uma Globo que pelo menos fingirá alguma isenção. Dado o descalabro dos últimos meses, será um avanço”.
Pragmatismo Político
Em editorial surpreendente, Globo pede sustentação ao governo Dilma (clique aqui para ler)
Trecho: “O que teria levado a família Marinho a cravar posição contra o impeachment da presidente e chamar de irresponsáveis os que querem tirá-la do cargo para o qual foi eleita até 2018?”
Blog do Miro
Não dá para confiar na famiglia Marinho (clique aqui para ler)
Trecho: A famiglia Marinho, que utilizou todos os veículos que compõe a sua propriedade cruzada na mídia para desgastar o governo Dilma e para insuflar as marchas golpistas de março e abril, parece que desembarcou da aventura dos que propõem o impeachment da presidenta.

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