quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A história do novo campeão das delações premiadas

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O novo advogado campeão da Lava-Jato chama-se Marlus Arns.
O que leva um advogado de Curitiba a ser procurado por clientes de causas milionárias, em um terreno tão inovador quanto o da delação premiada? Certamente não foi por sua experiência pregressa com o instituto da delação premiada.
Segundo reportagem de Bela Megale e Estelita Hass Carazzai, da Folha:
“Até a Lava-Jato, Arns fazia parte do coro de críticos da delação. Professor da Academia Brasileira de Direito Constitucional, ele sempre falou contra o instituto, e diz que provavelmente continuaria fazendo isso se não tivesse entrado na operação.
“Depois que firmei os acordos, não dei mais aulas. Quando voltar, vou mostrar que é um caminho da defesa, mas que precisa ser debatido, estudado e aprimorado’.”
Se não era sequer a favor da delação premiada, o que os réus de Sérgio Moro foram encontrar no advogado, a ponto de fazê-lo mudar de opinião sobre o tema?
Lendo a reportagem da Folha, o nome me soou familiar e fui procurar nos arquivos do post. Ele é mencionado no post “Como a educação inclusiva enfrentou o preconceito e as Apaes”, de 13 de novembro de 2013.
O post denunciava a atuação de Flávio Arns, ex-senador e então Secretário de Educação de Beto Richa, no lobby em favor das Apaes e contra a educação inclusiva.
Arns chegou a disponibilizar para as Apaes do estado R$450 milhões, apenas para que pudessem competir com a rede pública, que há anos vinha sendo preparada pelo MEC (Ministério da Educação) para prover serviços de educação inclusiva.
No post, era mencionada a dobradinha entre as Apaes e Marlus Arns:
“Arns de Oliveira & Andreazza Advogados, de seu sobrinho Marlus Arns, conquistou toda a advocacia trabalhista da Copel, a companhia de energia do estado (clique aqui). Um megacontrato sem licitação. No início deste ano, o mesmo escritório foi contratado para atender à Sanepar, a Companhia de Saneamento do estado, por R$960 mil (clique aqui), duplicando a atuação de seu Departamento Jurídico. Também sem licitação.
Uma pesquisa rápida nos tribunais mostra que esse mesmo escritório atende, no mínimo, 20 Apaes do estado, prestando serviços jurídicos de toda espécie (clique aqui), entre elas para as Apaes de Califórnia, Cambira, Curitiba, Dois Vizinhos, Eneas Marques, Figueira, Icaraíma, Mandirituba, Nova América da Coluna, Nova Esperança, Nova Olímpia, Paranaguá, São João do Ivaí, São Sebastião do Amoreira, Telêmaco Borba”.
Esposa de Sérgio Moro, Rosângela Wolff de Quadros Moro foi assessora de Flávio Arns e trabalha como Procuradora Jurídica da Federação Nacional das Apaes, dominada pelo deputado tucano mineiro Marcus Pestana, um dos mais agressivos defensores do impeachment de Dilma (clique aqui).
Em princípio, não significa nenhuma indicação ilícita. Vale apenas pela curiosidade da coincidência. Afinal, a esposa de Marlus é juíza federal.

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