Uma coisa é a disputa política ideológica, onde cada partido tem seu programa, cada um alcança o governo em determinada época, e os derrotados nas urnas ficam na oposição, representando um segmento da população, à espera de voltarem ao poder legitimamente, um dia.
Outra coisa é quando um partido perde o seu próprio eleitorado ideologicamente fiel. Aí é a falência do partido, e é o que acontece com o DEMos.
Já aconteceu antes com seus ancestrais: o PFL, o PDS e a ARENA, siglas anteriores que abrigaram os mesmos políticos do DEMos ainda vivos, como José Agripino Maia, ou os filhos e netos de caciques já mortos ou morto-vivos, como é o caso de ACM Neto, ACM Jr, Paulo Bornhausen.
O DEMos perde eleitores não apenas entre as pessoas que consideram seus argumentos políticos obsoletos no século XXI, mas também entre aqueles que concordam com os argumentos pregados pelo partido, porém perderam a confiança, e passaram a ver o partido como um engôdo.
O engôdo do discurso Udenista
O DEMos pregava moralidade e se apresentava como uma espécie de pretenso sucessor da antiga UDN. Nós sabíamos ser essa ética do DEMos mais falsa do que uma nota de 3 reais, pois é o partido campeão absoluto do ranking da corrupção.
Um partido que deu legenda a Hidelbrando Pascoal, ACM e José Roberto Arruda (mesmo depois de violarem o painel do Senado), um partido fundado e dirigido por muitos banqueiros e dócil aos bancos, o preferido dos empreiteiros, defensor da globalização das remessas de dinheiro entre paraísos fiscais, cuja opção preferencial é pelos direitos individuais absolutos em detrimento dos deveres coletivos (o que beneficia corruptos e criminosos do colarinho branco), jamais poderia se apresentar como defensor da ética. Mas a propaganda enganosa e a imprensa dócil assim o apresentava.
E muita gente conservadora, daquele tipo que lê a revista Veja, acreditava. O MENSALÃO do DEM, no último governo estadual ainda eleito pelo partido, foi o golpe de misericórdia.
Até o eleitorado ideologicamente conservador e "udenista" passou a ver o partido como um engôdo, nos quesitos corrupção, ética e moralidade.
O engôdo da diminuição dos impostos e taxas
O DEMos andou fazendo campanhas pela redução de impostos. Mas seus prefeitos subiram taxas e impostos, muitas vezes de forma exorbitante, jogando no lixo tudo o que pregaram e tudo o que prometeram em campanhas.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é um desses prefeitos: promove mais um tarifaço no IPTU, subindo o valor muito acima da inflação.
Uma exceção foi o Shopping da DASLU, luxuoso templo do consumo paulistano, onde podia-se comprar desde roupas, a helicótero, para os milionários fugirem dos engarrafamentos e alagões em São Paulo. Apesar de inaugurado com pompa e presença de governador e prefeito demo-tucanos, ele foi "esquecido" de ser incluído no cadastro do IPTU ficando isento por dois anos, em 2005 (quando o prefeito era José Serra) e 2006 (mesmo após Kassab ter assumido a prefeitura).
Enquanto o DEMos esteve no governo FHC, os impostos só subiram. O governo do petista Lula, é quem reduziu impostos, como nos casos recentes do IPI para eletrodomésticos, móveis, material de construção e carros.
Aquele pessoal que acreditava no discurso de redução de impostos do secretário de José Serra, Guilherme Afif Domingues (DEMos/SP),perceberam que foram enganados.
O engôdo do aparelhamento do Estado
O DEMos enchia a boca para acusar o governo Lula de "aparelhar" o estado. Mas um único governador do DEMos criou mais cargos comissionados, apenas no Distrito Federal, do que o governo federal inteiro, que atende a todo o Brasil.
José Roberto Arruda (ex-DEMos/DF), emprega 8.660 pessoas por meio de cargos comissionados (CCs), número maior do que todo o governo federal, onde 5.560 ocupam esse tipo de colocação. Cargos comissionados são nomeados durante a vigência do governo e não realizam concursos.
É legítimo uma certa quantidade de cargos comissionados, afinal um governo eleito precisa nomear gente, nos ministérios e secretarias, comprometida com os compromissos assumidos com a população durante a campanha eleitoral.
O governo Lula mostra-se austero quando nomeia 5.560 comissionados para uma população de 190 milhões de habitantes.
O governo Arruda mostra-se perdulário quando nomeia 8.660 comissionados para uma população de 2,5 milhões de habitantes.
Até os fãs da revista Veja já percebem que o governo Arruda (DEMos), assim como a prefeitura de Kassab (DEMos), virou cabide de emprego para muitos políticos do DEMos desempregados, que perderam eleições em outros estados.
O engôdo do Estado Mínimo
O DEMos usava o argumento neoliberal para pregar o estado mínimo, a privatização e a terceirização.
Um caso típico foi a merenda escolar da prefeitura de São Paulo, de Gilberto Kassab. Em vez da escola contratar merendeiras, comprar os insumos e fazer a merenda, contrataram empresas privadas para fazer o serviço terceirizado. O resultado foi merenda de pior qualidade (em alguns casos, estragada), e custos mais altos.
O argumento neoliberal para a terceirização é reduzir custos. A insistência em terceirizar, mesmo com aumento nos custos e piora na qualidade, é clara evidência de corrupção, segundo denúncia do próprio Ministério Público Estadual.
O maior custo provoca rombo no orçamento, que tem que ser coberto com aumento de impostos (uma heresia para os neoliberais). Foi o que fez Kassab: promoveu aumento do IPTU.
Até os neoliberiais perceberam que o DEMos é um engôdo.
O futuro do DEMos
Devido à legislação eleitoral, os políticos filiados ao DEMos terão que ficar de castigo na sigla até as eleições de 2010. Se mudarem de partido, não poderão concorrer em 2010, pois é necessário 1 ano de filiação.
Os políticos do DEMos farão campanha procurando esconder a legenda. Darão ênfase apenas no nome do candidato, e usarão o poder econômico para "embelezar" a propaganda através do marketing político.
Após 2010, a tendência é o DEMos tornar-se nanico. Fará uma pequena bancada, e seu tempo na TV será reduzido ao tamanho da bancada. Deixará de ser um partido relevante. Nem mudar de nome adiantará para um partido pequeno. Deverá se dissolver, com parte se fundindo ao PSDB (criando oficialmente o que já é fato desde a eleição de FHC: o partido demo-tucano brasileiro). Outra parte fisiológica virará a casaca para uma sigla governista conservadora, como o PR, PP, ou outros partidos com características de frente partidária, que abriga as mais diversas tendências, como o PMDB.
O partido DEMos vaga como um fantasma na cena política brasileira, procurando encontrar alguma saída para salvar alguns de seus membros, mas o fato é que o partido já acabou, por decepcionar seu próprio eleitorado conservador. Só falta liquidar a massa falida após as eleições de 2010.
O futuro do PSDB
O PSDB é o mesmo engôdo dos DEMos. Foi criado com programa social-democrata, logo veio o primeiro engôdo: virou neoliberal, para rifar o patrimônio público e pendurar o Brasil em dívidas. Além disso, substituiu o diálogo político pela repressão policial aos movimentos sociais, demonstrando uma índole fascista.
Em seguida veio a segunda enganação a quem simpatizou com as políticas neoliberais e fascistas acima: submeter o cidadão a tarifas privadas escorchantes de pedágios, eletricidade, telefonia, com aumento impostos, o que até para neoliberais é outro engôdo.
Decepcionou também o eleitorado udenista, com os seguidos escândalos de corrupção nos governos de José Serra e Geraldo Alckmin (Alstom, Castelo de Areia, Satiagraha, PCC, CDHU, Detran, Serracard, as CPI's abafadas), Yeda Crusius (DETRAN, Operação Solidária, etc), Aécio Neves (Mensalão Tucano, Patranha da Cemig, etc), Beto Richa (Caixa-2 do Betogate, e mais aqui e aqui), Cássio Cunha Linha (cassação por compra de votos), etc.
Por fim, decepcionou até ao eleitorado fascista, com as facilidades que o PCC encontrou dentro da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Caminha para o mesmo destino do DEMos. Só terá uma sobrevida maior, por se tornar refúgio da oposição. Mesmo com uma oposição desidratada após 2010 deverá receber a fusão do DEMos e do PPS.
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