quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
FHC/Serra deu R$ 11,7 bilhões de presente à Daniel Dantas, espanhóis e companhia, para privatizar as Teles
Você não leu errado o título, e não é nenhuma piada: instigado pelo estudo do site "Contas Abertas" onde afirma que "FHC investiu R$ 22 bilhões a mais que Lula, mostra estudo"... este blog resolveu fazer um levantamento dos investimentos nas estatais de telefonia no primeiro mandato do governo demo-tucano, e demonstramos que o governo de FHC e José Serra realmente gastou, preparando a venda, quase R$ 12 bilhões a mais do que o valor arrecadado na privatização.
Quando o governo FHC assumiu em 1995, colocou José Serra (PSDB/SP) como ministro do Planejamento e resolveram planejar a privatização do sistema Telebras.
Para isso criou um "Programa de Recuperação e Ampliação do Sistema de Telecomunicações" — PASTE, tocado pelo então ministro das comunicações Sérgio Motta (o "Serjão").
Esse programa investiu R$ 23,8 bilhões (sem correção) para "recuperar e ampliar" a Telebras, nos primeiros 3 anos e meio do governo demo-tucano.
Em 1997, Serjão falava que arrecadaria R$ 100 bilhões com a privatização das teles.
Um ano depois, em julho de 1998, o governo FHC/Serra vendia o sistema Telebras por R$ 22 bilhões, menos do que os R$ 23,8 bilhões investidos.
Corrigindo em valores do dinheiro de hoje, pelo IGP-DI (mesmo índice usado pelo site "Contas Abertas"), gastou R$ 70,8 bilhões em investimento, para vender por R$ 59,1 bilhões.
Um prejuízo para o povo brasileiro de R$ 11,7 bilhões, em dinheiro de hoje, e um presentão para quem comprou: Daniel Dantas, Carlos Jereissati, os espanhóis da Telefonica, portugueses, canadenses, estadunidenses da Worldcom que vieram a ser presos por fraude (nos EUA) e outros.
Os compradores arremataram as empresas com equipamentos novos (centrais digitais trocadas), redes nacionais e urbanas renovadas, inclusive cabos submarinos de fibra ótica ao longo da costa brasileira, linhas fixas ampliadas em torno de 7 milhões de terminais, e celulares acima de 4 milhões, desde 1995, pagando, pelo controle das empresas, um valor abaixo do preço de custo para construir a infra-estrutura comprada.
Aliás a Telebras já não precisava ser vendida naquele momento. Até porque não havia mais monopólio e as empresas privadas podiam competir com a Telebras. Com a infra-estrutura recuperada, e com as próprias tarifas reajustadas, a Telebras era lucrativa e tinha capacidade própria para investir. Conseguiria resolver o problema de acabar com a fila de telefones, o mercado paralelo, oferecer banda larga, com qualidade e preço melhores do que as teles privadas oferecem, se tivesse uma diretoria técnica e comprometida com o interesse público, como tem a Petrobras atualmente.
Este caso foi como se uma pessoa herdasse uma casa precisando de reforma, fizesse uma obra de R$ 71 mil, e vendesse a casa reformada por R$ 59 mil.
Em tempo:
1) Os dados deste levantamento são de fonte oficial: a Mensagem ao Congresso Nacional 1998 do próprio FHC, quando ocupava a presidência.
2) O site "Contas Abertas" não explica como o governo FHC teria investido R$ 22 bilhões a mais do que o governo Lula, uma vez que FHC produziu o apagão elétrico por falta de investimentos, não ampliou Universidades, não construiu uma escola técnica sequer, não ampliou a rede de saúde federal, sucateou a Polícia Federal e as Forças Armadas, deixou estradas esburacadas, sucateou os serviços públicos e as empresas estatais.
Talvez os R$ 70,8 bilhões investidos nas teles para vender por R$ 59,1 bilhões, e depois dar sumiço no dinheiro arrecadado com as privatizações, explique. Talvez os rombos bilionários da SUDAM, SUDENE e DNER, extintos no fim do governo demo-tucano por excesso de corrupção, também explique.
3) O amigo leitor Sérgio Pinto lembra de recomendar a leitura dos 2 livros de Aloysio Biondi, onde também narra esta história e muito mais.
O primeiro é o "O Brasil Privatizado".
O segundo livro é "O Brasil privatizado II: o assalto das privatizações continua", Editora Fundação Perseu Abramo, 2000, 64 páginas.
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