quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

osé Serra acha que já ganhou:Serra vai oferecer área social a Aécio

O comando dos ministérios da área social a partir de 2011 é a principal oferta que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), fará ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), para atraí-lo à vaga de vice-presidente na chapa tucana em 2010. O governador mineiro só não teria ingerência na área econômica, que ficaria sob controle pessoal de Serra. O argumento será o mesmo que foi utilizado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para convencer Serra a assumir o Ministério da Saúde em 1998: com a área social em suas mãos, Aécio se projetaria nacionalmente para suceder a Serra em 2018.



O comando dos ministérios da área social a partir de 2011 é a principal oferta que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), fará ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), para atraí-lo como vice na chapa presidencial que deverá ser encabeçada pelo paulista nas eleições de 2010.

Embora o assunto ainda seja tratado com reserva no Palácio dos Bandeirantes, a avaliação é de que "metade" de um eventual governo Serra em Brasília deverá ser oferecido a Aécio para que ele aceite a composição. O governador de Minas só não teria ingerência nos ministérios da área econômica, como Fazenda e Planejamento, que liberam verbas para a área social, e ficariam sob controle de Serra.

O que o governador paulista pretende é algo semelhante ao que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) fez com ele em seu primeiro mandato. Serra iniciou a era FHC como ministro do Planejamento. Deixou-a para disputar a Prefeitura de São Paulo em 1996 e, sem conseguir lugar no segundo turno (disputado por Celso Pitta e Luiza Erundina), voltou a Brasília e pediu o Ministério da Fazenda, então ocupado por Pedro Malan.

FHC negou, sob a justificativa de que um ministério social daria projeção nacional e apelo popular a Serra. Foi o que acabou acontecendo a partir de 1998. Até hoje o governador vale-se de seus feitos como ministro da Saúde -genéricos e programa da Aids, por exemplo- como capital eleitoral de todas as disputas de que participa.

É esse argumento que tem sido elaborado pela articulação política do governador paulista na tentativa de seduzir Aécio. Tendo sob seu domínio ministérios como Desenvolvimento Social , Desenvolvimento Agrário, Educação, Esporte, Saúde e Trabalho, o governador mineiro conseguiria projetar seu nome em setores com forte apelo popular e ainda implementar o que foi a tônica de seu discurso neste ano: o de que a próxima era seria o "pós-Lula".

Isso porque são nessas pastas que se concentram os programas-vitrine do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o Bolsa-Família (Desenvolvimento Social) e o Pronaf (Desenvolvimento Agrário). O ministério dos Esportes terá grande destaque nos próximos oito anos, com a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Aécio, aliás, ao contrário de Serra, é muito próximo ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira. O Ministério do Trabalho vem sendo comandado há anos pelo PDT, partido com o qual tem ótima relação e inclusive ameaçava sair do barco da ministra da Casa Civil e pré-candidata a presidente, Dilma Roussef (PT), caso o mineiro fosse o candidato.

Com essas áreas em mãos, Aécio conseguiria se projetar nacionalmente e ser o sucessor de Serra em 2018, já que o projeto de poder pensado no PSDB paulista para ser apresentado a Aécio é de 16 anos.

Os tucanos avaliam que Lula não voltará em 2014, pois não pretende colocar em risco o prestígio nacional e internacional que conseguiu obter. "Ele vai ficar lá em São Bernardo do Campo, tomando uma cachaça no boteco com os metalúrgicos, depois volta para casa, põe terno e vai tomar chá com a rainha da Inglaterra. Já é um mito e assim vai querer permanecer", afirma uma fonte do Palácio dos Bandeirantes.

Em São Paulo, apesar do governo ter sido pego de surpresa pela desistência de Aécio, acredita-se que todo o processo está sendo premeditado pelo mineiro. A antecipação do anúncio da desistência teria o objetivo de dar tempo aos mineiros para absorverem a desistência de seu popular governador e ampliar o tempo durante o qual os oposicionistas vão implorar a Aécio para que ele componha a chapa com Serra.

Até lá aumentaria seu poder de negociação, visto que ele sabe que Serra, sem seu apoio em Minas, enfrentaria mais dificuldades para vencer Dilma em outubro. A oferta a Aécio ainda não foi feita, tendo em vista que Serra mantém o discurso de que o debate sucessório não deve ser antecipado, mas a partir de janeiro as tratativas começarão a ser feitas diretamente entre os dois governadores. "Os dois conversam direto", afirma um interlocutor de ambos.

Do Valor Econômico

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