Prestes a assumir o governo de Santa Catarina, em substituição ao governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que sai para se dedicar à sua candidatura ao Senado, o vice-governador do Estado, Leonel Pavan (PSDB), enfrenta inquérito da Polícia Federal e denúncia do Ministério Público estadual que o acusa de três crimes, entre eles, de ter cometido corrupção passiva.
A denúncia, formalizada em meio à preparação de seu programa de governo, não o levou a pisar no freio. Não tem comentado publicamente as denúncias a não ser por comentários evasivos como o do seu site pessoal - "É na dificuldade que o administrador público se destaca" - ou no twitter onde, na última quarta-feira, um dia depois da denúncia, registrava: "Este episódio está me fazendo conhecer lobos em pele de carneiro", sem explicar exatamente ao que se referia. Em um blog que também mantém ativo, Pavan postou a nota oficial, em que se defendia da acusação da Polícia Federal e da denúncia do MP-SC.
O nome de Pavan surgiu durante investigações da Polícia Federal em relação a crimes tributários cometidos de empresas de transporte interestadual de combustíveis no norte de Santa Catarina e que derivou posteriormente na Operação Transparência. O nome de Pavan surgiu a partir dessas investigações. Os crimes em que ele foi denunciado são: corrupção passiva, advocacia administrativa e violação de segredo profissional. A corrupção e a advocacia teriam relação com o pedido de um pagamento de R$ 100 mil para Pavan por parte da Arrows Petróleo do Brasil Ltda para que tivesse suas notas fiscais eletrônicas suspensas e para que tentasse impedir o cancelamento da sua inscrição estadual, usando a influência do seu cargo e de alguns servidores públicos. Pavan teria ainda informado à empresa, que tem débitos de R$ 13 milhões com o governo, sobre possíveis investigações em curso.
Como sempre, quando se trata de tucana, a imprensa esconde, na rara presença na imprensa estadual (RBS) desde que o caso se tornou público, Pavan informou na sexta-feira que poderá "reanalisar a questão entre assumir, estar num governo interino e estar governando sob o fio da navalha", mas disse que não descarta assumir o governo definitivamente em 1º de abril.
Um partidário próximo disse que dificilmente Pavan não assumirá a cadeira de governador no dia 5 de janeiro, mesmo depois da denúncia, porque este acerto foi feito com o atual governador ainda em 2006, por ocasião da aliança. Não só terá o comando, como também terá uma cota de correligionários tucanos que entrarão em 2010 para o governo. "Pavan tentará fazer um governo de impacto para chamar atenção", disse. "Ainda mais agora, que precisa correr atrás do prejuízo da sua imagem, uma vez que parte em desvantagem em relação a Raimundo Colombo, pré-candidato do DEM ao governo do Estado, e com quem disputará em abril a preferência dos militantes da aliança como o nome a sair para a eleição ao governo estadual", acrescentou.
O presidente em exercício do PSDB catarinense, Marco Tebaldi, afirma que o partido "está dando apoio" ao vice-governador no episódio da denúncia e "acredita na sua inocência". Como característica à frente do governo, Tebaldi acredita que Pavan deverá ser um governador "mais popular", "mais emotivo" e mais "aguerrido" que Luiz Henrique.
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