quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Em defesa do SUS: trabalhadores denunciam enterro da saúde em SP

Um cortejo para denunciar a tentativa de assassinato do Sistema Única de Saúde (SUS) tomou as calçadas da Avenida Paulista na manhã desta sexta-feira (02).
Ao som da música clássica de Chopin, cerca de 500 trabalhadores da saúde pública do Estado de São Paulo usaram roupas pretas, faixas com sangue falso e esparadrapo na boca para chamar a atenção da população sobre o Projeto de Lei Complementar (PLC) 62/2008.
De autoria do governador José Serra, ele permite a expansão da privatização dos hospitais e laboratórios ao autorizar a atuação das Organizações Sociais (OSs) em toda a rede do Estado.
Os deputados estaduais da situação, que no início de setembro aprovaram o PLC na Assembléia Legislativa de São Paulo, também foram lembrados. Os manifestantes levaram cartazes onde se lia de um lado, “este deputado votou contra a saúde pública”, e de outro o nome do parlamentar. Clique aqui para saber quais deputados foram favoráveis ao Projeto de Lei Complementar 62/2008.

A marcha

Desde o final da Avenida Paulista, na rua da Consolação, trabalhadoras vestidas de viúva carregavam um caixão preto de papelão cuja tampa trazia a inscrição ‘SUS’. A auxiliar de enfermagem Irenilda Mendes, com 15 anos de serviços prestados à saúde, destacou a experiência de quem convive diretamente com a política tucana para o setor.
"Falta material, falta pessoal e o pior é ver o sofrimento da população carente, que aguarda mais de seis meses para ser atendida. O governo aplica todos os recursos nos setores administrados pelas OSs e deixa os hospitais públicos sucateados”, criticou.
Para dialogar com a população da região, os manifestantes cruzavam, a cada farol, a Avenida Paulista e além da performance teatral, distribuíam panfletos que destacavam o processo de terceirização da saúde desde 1998.
Presidente da CUT/SP, Adi Lima, destacou a luta da Central contra o desmonte do SUS. “O Sistema Único de Saúde é um exemplo para o mundo todo e não podemos deixar que os convênios explorem a saúde pública e transformem em um negócio. Se o Estado continuar a ser governado por DEM e pelo PSDB, não vai sobrar nada daquilo que construímos com nossa força e suor”, afirmou.

Mobilização popular

A marcha seguiu até a altura do número 900. Diante da Fundação Cásper Líbero, o presidente da Sindsaúde, Benedito de Oliveira, destacou que enquanto São Paulo se desfaz do patrimônio público, o mundo destaca a importância do Estado como indutor do desenvolvimento. “Aqui não temos políticas públicas e sóciais”, comentou.
Para o deputado estadual Adriano Diogo (PT), também presente na manifestação, o PLC 62 apresenta inúmeras regularidades que justificam ingressar com uma representar para a anular a ação. “Na madrugada em que a base do Serra aprovou a lei, incluiram também a terceirização dos esportes. Além disso, há um grave problema que é o fato das Organizações Sociais não passarem por licitação. Porém, esbarraremos na burocracia da Justiça e do Ministério Público se não tivermos apoio de massa, não avançaremos. Por isso manifestações como essa são fundamentais para a população entender o que acontecerá com a saúde pública”, acredita.
Por volta das 12h, para encerrar o ato e levar a toda capital paulista a mensagem da valorização dos serviços públicos, os trabalhadores soltaram mais de mil balões com as cores do Estado.

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