O pai de Bruno, que matou Bárbara, é o retrato de milhares de pais e mães que neste país veem seus filhos sofrerem com a droga cada vez mais jovem.
Luiz Fernando Proa, pai de Bruno, diz que ele começou com álcool, muito cedo. Assim como começa cedo com filhos e filhas de milhares de pais e mães. Depois, dependendo do meio em que vivem, vem o crack ou o êxtase, a maconha, a cocaína, as anfetaminas, que matam a vontade dos jovens, antes de matar suas vidas. Vidas sem vontade são presa fácil dos riscos no trânsito, nas brigas de festas, nos assassinatos por descontrole, como acontece com tantos Brunos neste país.
Esse é um problema que afeta muitos pais e mães. Todos sentem o que ele escreveu. Pais e mães identificam o que acontece com seus filhos, mas não conseguem arrancar os filhos dos companheiros que usam álcool e depois vão usar maconha, cocaína. Esse é um drama do país inteiro.
Parece uma praga que atinge jovens cada vez em idade mais tenra. Começa em festas, na saída da escola, no exibicionismo mútuo e vão se afundando. Lá pelas tantas, não se controlam mais.
O pai de Bruno, que matou Bárbara, escreveu que seu filho destruiu duas famílias. Infelizmente os Brunos, usuários de drogas, destroem mais famílias do que imaginam. Eles são vítimas e cúmplices que sustentam o tráfico, que compra armas e mata.
As batalhas da guerra do tráfico são pelo controle de pontos de venda. Ou seja, pelo controle de compradores, de usuários, vítimas e cúmplices. Infelizmente não são apenas eles, os usuários, os cúmplices. São também cúmplices políticos que ajudam e protegem os contrabandistas e traficantes; são cúmplices os que não agem, que se omitem, e até os que falam em paz, quando estão sendo derrotados.
Como escreveu o pai de Bruno, está na hora de acabar com a hipocrisia. Inclusive a hipocrisia da lei, no país das leis boazinhas, fingidas de democráticas. Leis que punem o traficante e se omitem no consumo da droga.
Descriminalizar para acabar com o tráfico não acaba com a tragédia das famílias dos que usam a droga, que é o falso consolo da vida vazia. O senhor Proa, pai de Bruno, aponta o primeiro passo no rumo para enfrentar o problema: acabar com a hipocrisia.
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