Seria uma tragédia, seria uma comédia ou o fundo do poço é mais embaixo? Por que Ilhéus? Por que abandonada a sua sorte, sugada até última gota, dilapidada até a alma, insistes viva ainda que moribunda? Por que os filhos seu fogem a luta? Por que ao dizer louvores por esta terra alguns vomitam raiva, ressentimentos e rancores sem ao menos de fato te dedicar a curar as dores? Por que soa falsos os dizeres de tantos atores, sempre embrulhado em juras de muitos amores?
Bela princesa, que do sul outro dia fosse à glória, quem destronastes de teu reino e em nome de nada roubastes teus sonhos e tuas histórias? Por que deixastes que os heróis de outrora se remova em túmulos incomodados com o agora? Onde está a bravura de Catucadas, a inteligência de João Mangabeira e a visão de Eusinio Gesteira?
Já não basta tanta miséria? Seriamo-nos os novos covardes a te negar o passado renegando o presente, de forma hipócrita falando entre dentes de tempos tristes onde se quer nascem sementes?
Já passa da hora... Há muito passa da hora, chega de viver a espera da esmola, que levantem os filhos teus a correr para história e construa um novo tempo de esperanças e de vitórias.
Basta Ilhéus!
Que Deus derrame sob nós o manto da vergonha, que não nos permita vagar no deserto da decadência lamentando o sol sem nem mesmo reconhecer nossa sombra.
Que a terra lúdica de tantos filhos possa em nome deles não sofrer tamanha desonra, que viva Reizinho, que viva Aldair, que viva Jojó de Olivença e Rudá Carvalho, que viva Pedro Matos e Fabio Lago, que viva Sá Barreto e Jorge Amado, que viva os Tupinambás e o povo escravizado, que viva a moqueca de robalo e o quibe baianizado.
Não! Não Ilhéus, não será por estes filhos que hoje vivem de cabeça baixa, envergonhados com tamanha desgraça que negaremos a tua vocação, para não dizer a tua raça.
Chegou à hora desta gente dizer que por teu futuro vale à pena viver, chegou à hora de fazer valer quinhentos anos de história sem nunca perecer, rasgar teu solo e fazer nele crescer uma terra nova em que todos possam florescer e sem medo da morte, por amor a te, se preciso for, morrer.
Das matas verdes começa a florescer novo sonho de uma terra para se amar e viver, que possamos deste sonho todos os dias colher uma realidade nova a cada amanhecer.
Que minha Ilhéus também seja a sua casa, que a minha casa também seja suas praias, seus rios, suas lagoas e seus mangues. Que os filhos teus possam colher alimentos onde agora semeamos cimentos, trilhos, portos e investimentos, sem perder teus encantos, que façamos cessar os prantos. Que brotem das areias as bases dos novos tempos, as flores e os novos amores, sem abrir mão de teu verde, que venha navios pelo teu azul.
Que a pós-modernidade faça aqui seu laboratório, que possamos dizer ao mundo: Aqui construímos o futuro sem abrir mão do passado, que aqui vivam as mais belas árvores os mais belos bichos e o mais alegre dos homens, que vivam todos, e que viva nós, que viva os ilheenses!
Movimento pró-Ilhéus
De Gerson Marques
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