A Polícia Federal afirmou ter entregado nesta quarta-feira ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) relatório sobre o suposto esquema de mensalão que seria coordenado pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Ao encaminhar os dados para o STJ, os policiais federais pediram a quebra de sigilo de Arruda, dos parlamentares e empresários envolvidos no caso. De acordo com o STJ, o Ministério Público (MP), para quem os documentos será encaminhados, deverá dar parecer sobre o acesso, por exemplo, às informações bancárias dos investigados.
Os documentos entregues à Justiça, que já somam 98 páginas e 34 apensos, não trazem, no entanto, qualquer laudo sobre os vídeos em que Arruda e deputados distritais da base aliada aparecem recebendo maços de dinheiro. A PF solicitou, porém, que para não atrapalhar as investigações sejam mantidas em sigilo todas as informações analisadas a partir das diligências feitas no último dia 27.
As perícias sobre as imagens que comprovariam o esquema de corrupção ainda não foram concluídas e serão encaminhadas à Justiça à medida que os peritos policiais forem atestando a veracidade das imagens. Técnicos da Polícia Federal estão estimando, por exemplo, a quantia máxima de dinheiro que Arruda e cada parlamentar aparecem recebendo. A partir dessa projeção as investigações irão se desdobrar sobre se os valores declarados na campanha do governador à Justiça Eleitoral correspondem aos que aparecem nas imagens.
O ministro responsável pelo inquérito no STJ, Fernando Gonçalves, apenas assinou o recebimento das informações, mas deve abrir as caixas com todas as análises da PF somente nesta quinta.
O governador José Roberto Arruda, que pediu sua desfiliação do DEM na última semana às vésperas de poder ser expulso da legenda, é suspeito de coordenar a prática do mensalão em Brasília. Denunciado pelo então secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, o esquema é retratado em fitas de vídeo, sendo que, em uma delas, Arruda aparece em um vídeo recebendo maços de dinheiro.
Impeachment
Em uma manobra orquestrada pela base aliada, deputados da Câmara Legislativa do Distrito Federal votaram na madrugada desta terça-feira o orçamento para 2010 e, com isso, ganham fôlego nas análises dos processos de impeachment que tramitam contra o governador. A apreciação da peça orçamentária é condição para que os deputados possam entrar em recesso neste fim de ano.
Entenda o caso
O mensalão do governo do DF, cujos vídeos foram divulgados nas últimas semanas, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.
O governador José Roberto Arruda aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em pronunciamento oficial, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados" .
As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.
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