domingo, 19 de julho de 2015

Irã fecha acordo nuclear histórico após 10 anos de tensões

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O presidente iraniano Hassan Rouhani está cumprindo a promessa de reduzir o isolamento diplomático do país de 77 milhões de habitantes.
Via Reuters em 14/7/2015
O Irã e seis potências mundiais chegaram a um acordo nuclear na terça-feira, dia 14/7, coroando mais de uma década de negociações com um compromisso que poderá transformar o Oriente Médio.
O acordo não encerra a controvérsia sobre uma das questões diplomáticas mais críticas no momento: a União Europeia o definiu como um “sinal de esperança para o mundo inteiro”, enquanto o governo de Israel o chamou de “rendição histórica”.
Sob o acordo, as sanções impostas ao Irã pelos Estados Unidos, União Europeia e Organização das Nações Unidas serão removidas em troca de o governo iraniano concordar com restrições de longo prazo a um programa nuclear que países ocidentais suspeitavam ser uma fachada para a criação de uma bomba nuclear.
O acordo é uma grande vitória política tanto para o presidente dos EUA, Barack Obama, como para o presidente do Irã, Hassan Rouhani, um político pragmático eleito há dois anos com a promessa de reduzir o isolamento diplomático do país de 77 milhões de habitantes.
Mas ambos os líderes enfrentam o ceticismo interno de poderosos grupos linha-dura, depois de décadas de inimizade entre EUA e Irã, nações que se referiam uma a outra como “o Grande Satã” e membro do “Eixo do Mal”.
Rouhani foi rápido ao apresentar o acordo como um passo no caminho para um objetivo mais amplo de cooperação internacional. O acordo “mostra que o engajamento construtivo funciona”, ele tuitou. “Com essa crise desnecessária resolvida, novos horizontes surgem com foco em desafios comuns”.
Para Obama, a diplomacia com o Irã, iniciada em segredo mais de dois anos atrás, se posiciona ao lado da normalização das relações com Cuba como marcos do seu governo, por buscar uma aproximação com os inimigos que atormentaram os seus antecessores por décadas.
Embora as principais negociações fossem entre os EUA e o Irã, os outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – a Grã-Bretanha, China, França e Rússia – também são partes no acordo, como também a Alemanha.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu classificou o pacto como “um grande erro de proporções históricas”.
“O Irã vai receber um prêmio acumulado de loteria, uma bonança de centenas de bilhões de dólares em dinheiro, o que lhe permitirá continuar a exercer a sua agressão e terror na região e no mundo”, disse ele. “O Irã vai receber um caminho seguro para armas nucleares.”
A rodada final de negociações em Viena envolveu quase três semanas de intensa negociação entre o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif.
Era algo até recentemente impensável para dois países que têm sido amargos inimigos desde 1979, quando revolucionários iranianos invadiram a embaixada dos EUA em Teerã e mantiveram 52 norte-americanos reféns por 444 dias.
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Iranianos esperam nova era de prosperidade econômica e abertura comercial com países ocidentais.
Após acordo com potências, delegação iraniana é recebida com festa nas ruas de TeerãEm troca do fim das sanções econômicas, Irã aceitou limitar seu programa nuclear e permitir a realização de controles periódicos da Aiea.

A delegação do Irã, responsável pelas negociações nos últimos 22 meses com o Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) e a União Europeia, foi recebida na quarta-feira, dia 15/7, com cortejos e comemorações da população em Teerã.
Na terça-feira, dia 14/7, o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, e outros representantes diplomáticos do país fecharam um acordo histórico com as potências mundiais a respeito do polêmico programa nuclear da República Islâmica.
Após a decisão, a população iraniana – principalmente jovens – festejou nas ruas, bloqueando vias e sob buzinas, com bandeiras do país persa, cartazes com imagens do presidente, Hassan Rouhani, e de Zarif. A delegação passou 18 dias seguidos em Viena, Áustria, na tentativa de colocar fim ao impasse nuclear.
Os iranianos esperaram até a noite, período em que se encerra o jejum do mês sagrado islâmico do Ramadã, para percorrer as principais avenidas da capital e celebrar o pacto que colocou um fim em mais de 13 anos de conflito entre o país persa e a comunidade internacional.
Para muitos, o principal motivo de comemoração é a eliminação progressiva das sanções, que estrangulam a economia local. Em troca, o país concordou em limitar o seu programa nuclear e em permitir a realização de controles periódicos da Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica) em suas instalações.
Na tevê pública, Rouhani assegurou que não permitirá que ninguém “decepcione o povo e prejudique, com mentiras e acusações, a esperança de um futuro luminoso, o crescimento, a paz e a segurança”.
Já no Twitter, o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, declarou que “louvou e apreciou os duros e honestos esforços da equipe de negociadores” do Irã.
Crise nuclear no Oriente MédioHoje, a Liga Árabe comentou que o acordo nuclear alcançado com o Irã ajudará a região a se libertar das armas de destruição em massa, mas para que isto ocorra pediu uma inspeção dos supostos arsenais de Israel.
Segundo o secretário-geral assistente da Liga Árabe para Assuntos da Palestina, Mohammed Sobeih, é necessário obrigar Israel a abrir seus reatores nucleares às inspeções internacionais “com total transparência”, e que este país firme o Tratado de Não Proliferação.
Por sua vez, o presidente do Knesset, o Parlamento de Israel, Yuli Edelstein, anunciou nesta quarta que todas as opções estão “abertas” e são “lícitas” para frear o programa nuclear do Irã após o Ocidente “desabar” diante do “islã extremista” do país persa, segundo a Agência Efe.

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