segunda-feira, 13 de julho de 2015

Vazamento seletivo: “Grande mídia” não diz nada sobre propina que empreiteiro deu para Aécio

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Réu na Operação Lava-Jato sob acusação de pagar propina a políticos para ter contratos e benefícios na Petrobras, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro citou o senador Aécio Neves em mensagens de celular interceptadas pela Polícia Federal. Ele diz ao diretor superintendente da empresa que “vai estar com Aécio” no mesmo horário de uma reunião com o embaixador de Moçambique no Brasil. A data era 26 de novembro de 2012. Menos de duas semanas depois, o tucano foi lançado candidato a presidente. Em nota à imprensa, Aécio Neves confirmou que se encontrou com Léo Pinheiro, “mas não sabe se nessa data específica”. Na campanha de 2014, a candidatura do tucano recebeu da OAS doações que somam R$7,48 milhões.
O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, preso pela Operação Lava-Jato, mencionou o nome de Aécio Neves, senador e presidente nacional do PSDB, em troca de mensagens de celular interceptadas pela Polícia Federal. As conversas indicam que o líder do movimento que tenta abreviar o mandato da presidente Dilma Rousseff encontrou-se com o empreiteiro em 2012.
Relatório da PF, com 38 páginas, transcreve correspondências de Léo Pinheiro e foi anexado aos autos da 14ª fase da Lava-Jato, que levou à prisão executivos das empreiteiras Andrade Gutierrez e Odebrecht, conforme reportagem publicada no blog do jornalista Fausto Macedo na segunda-feira, dia 13/7.
A menção a Aécio Neves surge em meio a conversa de Pinheiro com o diretor superintendente da OAS Internacional Augusto Cézar Uzeda para acertar o encontro de Uzeda com o embaixador de Moçambique, que estava viajando para o Brasil na época. “Vou confirmar sua ida. Nesse mesmo horário vou estar com Aécio”, diz trecho da mensagem de Leo Pinheiro.
A mensagem, contudo, não deixa claro o que seria a “aproximação para 2014”, ano das eleições, ou mesmo porque os executivos teriam marcado o encontro com Aécio no mesmo período em que tratavam com políticos do PT. Léo Pinheiro é réu na Lava-Jato acusado de atuar no núcleo empresarial do esquema que cartelizava licitações de obras da Petrobras e pagava propina para diretores da estatal.
Em dezembro de 2012, menos de duas semanas após a mensagem de Léo Pinheiro, Aécio Neves foi lançado pré-candidato a presidente da República pelo PSDB para 2014 em um evento com o então presidente da sigla Sérgio Guerra, que morreu no ano passado, e o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Sérgio Guerra é acusado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa de ter cobrado e recebido, no ano de 2009, propina no valor de R$10 milhões para que a CPI da Petrobras que investigava denúncias contra a estatal na época pudesse ser “ignorada”, ou “acabada” ou “postergada” (leia mais).
Apesar de citado em uma delação do doleiro Alberto Youssef como sendo um político que “dividia” a propina referente a uma diretoria da estatal energética Furnas com o ex-deputado do PP José Janene (morto em 2010), Aécio Neves teve o inquérito contra ele na Lava-Jato arquivado a pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Em nota à imprensa, o senador Aécio Neves confirmou que se encontrou com Léo Pinheiro. “O senador já esteve com ele, mas não sabe se nessa data específica”, afirmou a nota, sem dar detalhes sobre o assunto que o tucano teria tratado com o executivo.
O relatório da PF mostra também diálogo do ex-executivo da OAS em que o nome “Brahma” é citado, o que, segundo a Polícia Federal, seria uma referência ao ex-presidente Lula. Na conversa, Léo Pinheiro e Augusto Cézar Uzeda relatam que o então embaixador de Moçambique teria contribuído para que outras empresas brasileiras conseguissem atuar no país.

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