domingo, 4 de outubro de 2009

Definitivamente, faltam mais políticos que chorem


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nasceu virado para a lua. É fato, goste dele ou não. Ontem, a estrela do petista brilhou mais uma vez, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) escolheu o Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.A associação de imagens será inevitável. Na campanha presidencial de 2010, “o cara” será lembrado como um dos generais responsáveis pela vitória brasileira na disputa pelo direito de organizar a mais importante competição esportiva do planeta. Um triunfo consumado sobre rivais do porte da cidade de Chicago, representada pelo primeiro-casal americano Barack e Michelle Obama.
Logo após o anúncio da decisão, o presidente deu o tom do discurso a ser entoado até as urnas. Suado, olhos marejados, gravata em tons de verde e amarelo, apostou as fichas no nacionalismo, no orgulho de ser brasileiro, como fizera na divulgação das regras de exploração de petróleo da camada pré-sal — por sinal, outro presente que o destino lhe deu. Naquela ocasião, Lula falou que o Brasil declarara sua “segunda independência” com a descoberta das reservas do “bilhete premiado”. Ontem, reforçou a ideia. Disse que o país, agora uma sede olímpica, atingira a cidadania em nível internacional. Saíra da segunda classe para o primeiro mundo. Derrubara o último preconceito que lhe fustigava. Enfim, provara a força e a grandeza do povo brasileiro.
E, em 2010, empunhará a bandeira do patriotismo. Candidata de Lula ao Palácio do Planalto, a “mãe do PAC” afirmou que a escolha do Rio como anfitrião dos Jogos Olímpicos provava a influência brasileira no cenário internacional. Dilma foi além. E anunciou um Brasil potência a partir de 2011, quando espera receber do chefe petista a faixa presidencial. As declarações dela foram dadas na própria capital fluminense. Depois, reforçadas numa entrevista a um dos mais importantes canais de televisão dedicado ao esporte.
Diante das câmeras, Dilma trajava uma camisa amarela com detalhes verdes e os dizeres: “I love Rio”. Nada mais apropriado para uma pré-candidata. Nada mais apropriado para o terceiro maior colégio eleitoral do país.

Estrela

Sorte de uns, azar de outros. Durante a semana, líderes da oposição diziam torcer pelo Rio, mas se mostravam incomodados com a possibilidade de a vitória carioca ser creditada na conta de Lula. Afinal, já bastavam o pré-sal e a Copa do Mundo de Futebol, em 2014. Fato consumado, resta agora a definição de uma estratégia em reação à euforia do presidente, para impedi-lo de nadar de braçadas. Nos últimos meses, integrantes de PSDB e DEM ensaiaram ridicularizar o “ufanismo” lulista. Lembrar que o “patriotismo é o último refúgio dos canalhas”. Aparentemente, esse plano foi abandonado. Primeiro, porque pode soar impopular.
Segundo, porque alimentaria a insinuação petista segundo a qual os oposicionistas torcem contra o povo brasileiro. Ontem, no Twitter, tucanos e democratas preferiram pegar carona na festa. Defenderam a tese de que o resultado é o desfecho de um processo iniciado anos atrás, como a redução da desigualdade de renda e o fortalecimento da Petrobras. “O trabalho realizado pelo Cesar Maia (DEM, ex-prefeito do Rio) possibilitou e muito ao Rio se tornar sede das Olimpíadas de 2016”, postou o líder democrata na Câmara, Ronaldo Caiado (GO). “Rio, Brasil! E vamos nós”, comemorou o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), pré-candidato à Presidência.

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