quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Só não vê quem não quer

Nas eleições presidenciais brasileiras de 2006 parece ter havido consenso em relação à importância da internet nas muitas avaliações sobre o papel da mídia. O ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (INTI), professor Sérgio Amadeu, por exemplo, afirmou:

"O que ocorreu, em 2006, na relação entre internet e a política eleitoral? Os partidos políticos, boa parcela dos formadores de opinião e os cidadãos politicamente ativos e conectados criaram uma série de redes de disseminação de mensagens políticas por diversos meios virtualizados, principalmente sites de relacionamento, blogs, videoblogs e listas de discussão. Estas redes articularam simpatizantes e foram um meio extremamente veloz de respostas à mídia de massas e de disseminação de versões que logo migravam para o cotidiano presencial. Intensos debates foram travados nos sites de relacionamento e milhares de listas de discussão foram politizadas no cenário de 2006, pois repercutiam os embates trazidos de outros pólos do ciberespaço" (in Venício A. de Lima, org. A mídia nas eleições de 2006; Ed. Fund. Perseu Abramo; 2007; p. 179).

Depois de 2006, veio o processo eleitoral nos Estados Unidos que culminou com a eleição do primeiro presidente negro de sua história. Barack Obama se utilizou largamente da internet, não só para arrecadação de fundos, mas também para a organização de voluntários e a mobilização de novos eleitores, sobretudo jovens. Sua campanha passou a ser vista como uma espécie de turning point em relação à utilização da web na política, inclusive no Brasil, independente das peculiaridades do sistema eleitoral americano e, claro, das imensas diferenças entre as nossas sociedades.

DataSenado e Vox Populi

Um ano antes das eleições presidenciais de 2010, duas pesquisas confirmam enfaticamente o crescimento indiscutível do papel e da importância da internet no processo eleitoral brasileiro.
O DataSenado divulgou, dia 2/10, uma pesquisa nacional que ouviu em setembro, por telefone, 1.088 eleitores, distribuídos pelas 27 capitais, com margem de erro de 3% para mais e para menos (ver aqui o relatório completo).
Os resultados revelam que a internet (19%) já é o segundo meio de comunicação mais usado pelo eleitor brasileiro para informar-se sobre política, atrás apenas da TV (67%). Jornais e revistas aparecem em terceiro lugar, com 11% e o rádio é preferido por apenas 4% dos entrevistados. Além disso, quase metade dos eleitores (46%) acredita que a principal vantagem da internet nas eleições será a troca de informações e idéias. A possibilidade de facilitar a comunicação entre candidatos e eleitores aparece em segundo lugar, com 28%. Os entrevistados que disseram usar a internet diariamente somaram 58%; 78% acessam sites de notícias e 53% participam de alguma rede social, como Orkut ou Twitter.

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