segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Folha atinge o paroxismo da calhordice

Creio que todos estamos ainda em estado de perplexidade. Sim, porque a Folha hoje volta à sua calhordice. Publica no Painel de Leitores cartas de leitores que afirmam ter acreditado na história contada por César Benjamin.

A Folha publica a carta de um global, Marcelo Madureira, que desde longe vem realizando, de todas as maneiras, oposição sistemática ao Lula:

"Em tempos de unanimidades, bajulação, mentiras, censuras veladas e neoperonismos, o corajoso e sensível depoimento de César Benjamin só vem confirmar aquilo de que eu já desconfiava havia muito tempo: que o Brasil está sendo governado por um bando de cafajestes sem escrúpulos. E o que é pior: recebem indenizações pelas suas cafajestadas. Parabéns a César Benjamin e a esta Folha."

MARCELO MADUREIRA, "Casseta & Planeta' (Rio de Janeiro, RJ)

Madureira é um canalha alienado. Quer transformar vítimas da ditadura, pessoas que foram presas e torturadas em "cafajestes sem escrúpulos". Quando ele fala que já desconfiava, revela o objetivo da matéria publicada pela Folha, que era ir de encontro ao subconsciente de seus leitores, já devidamente preparado por manipulações diárias. Todos os antilulistas fanáticos agora se encarregarão de espalhar boatos e "confirmar" o que já suspeitavam.

No interior do jornal, todos os procurados deram depoimentos negando veementemente a história. A Folha consegue, mesmo nessas matérias, botar as negações no final dos textos e fora dos títulos. Consegue, nos títulos, criar ambiguidades.

Ao dizer que Silvio Tendler afirmou que era brincadeira, a Folha não publica a versão integral de Tendler, dando detalhes de tudo, contextualizando inteiramente o episódio.

Ou seja, todas as testemunhas citadas, ou sugeridas, por Benjamin, negaram a sua história. Mais ainda, afirmam que se trata de uma mescla de mau caratismo e ressentimento com estupidez. Lula já era uma figura pública. Hoje se sabe exatamente quem estava na cadeia com Lula durante todo o tempo em que ficou preso. O irmão de Lula, o Frei Chico, que foi torturado barbaramente na prisão, lembrou que o presidente ficou preso com outros diretores do Sindicato dos Metalúrgicos.

A Veja conseguiu, inclusive, encontrar um homem que, na época, pertencia ao grupo político MEP, e seria o tal "menino do MEP". O homem negou, enojado, a história. A Veja, claro, bota a negação ao final do texto, depois de um título acusatório e um começo de texto ambíguo.

Milhares, talvez milhões, de brasileiros, estão estarrecidos com o nível a que chegou a imprensa brasileira. Desespero, inveja, mau caratismo, cafajestagem, cinismo.

Diante de um descalabro desse quilate, o sentimento de revolta que germina em todos, porém, precisa de um pouco de tempo para ser assimilado racionalmente. Que vivíamos uma guerra, já sabíamos, ou ao menos desconfiávamos, mas creio que havia um fiapo de esperança de que não haviamos chegado aos extremos. Chegamos.

Uma amiga da minha mulher veio falar com ela:

- Minha mãe contou que leu no jornal que o Lula estuprou um rapaz.

Daí você vê o prejuízo causado ao debate político. Em vez de estarmos falando de outros assuntos, agora teremos que suportar a indignação de milhões de polianas, que nada mais são que brasileiros normais, sem hábito de ler blogs. E agora?

Diante de tal situação, apenas sugiro que nos concentremos no blog do Nassif, do Eduardo Guimarães, do Azenha. Com certeza, o tema terá desdobramentos interessantes. Um ataque desses deve ser respondido à altura.

Não estamos mais falando de política. Trata-se agora de uma questão de direitos humanos. Do direito da imprensa de caluniar e humilhar pessoas. O Leviatã, finalmente, cometeu um grande erro. Não vamos perder essa oportunidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será avaliado pelo moderador, para que se possa ser divulgada. Palavras torpes, agressão moral e verbal, entre outras atitudes não serão aceitas.