O tucano José Serra tem muito a perder se deixar o governo paulista e só entrará na briga nacional se conseguir fazer da campanha uma disputa entre ele e Dilma e não entre FHC e Lula.
Nas duas últimas décadas o País respira democracia e, dentre outras coisas, a sucessão de eleições diretas ensinou aos brasileiros que muitas vezes os candidatos que partem para a disputa eleitoral com larga vantagem tendem a perder votos no meio do caminho. Foi assim com Leonel Brizola em 1989, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em duas ocasiões e mais recentemente com Geraldo Alckmin e Marta Suplicy em São Paulo.
A considerar as últimas pesquisas de intenção de votos para a sucessão de Lula em 2010, o fenômeno parece se repetir. Segundo levantamento da CNT-Sensus, o governador paulista, José Serra (PSDB), précandidato a presidente desde 2006, contava com 46,5% das intenções de voto em dezembro do ano passado e, na última semana, esse índice despencou para 31,8%. "É evidente que as pesquisas tratavam de cenários diferentes, pois hoje temos candidaturas que ainda não se colocavam no fim do ano passado.
Mas é inegável que os números indicam uma consistente queda do governador de São Paulo", explica Clésio Andrade, presidente da CNT. As pesquisas apontam que no mesmo período a candidata do presidente Lula, ministra Dilma Rousseff, saltou de 16,4% para 21,7% e que o também tucano Aécio Neves, que até o fim do ano passado beirava os 10%, hoje contaria com 20,7%. "A essa altura as pesquisas revelam muito mais a exposição das pessoas do que a intenção de votos", disse Serra.
Os números apresentados na última semana, no entanto, tiveram efeito estufa e elevaram a temperatura no PSDB e no DEM, aliado histórico e incondicional dos tucanos. Na verdade, a pesquisa confirmou alguns dados de levantamentos encomendados pelos dois partidos. "Estamos perdendo terreno porque o PSDB precisa definir logo seu candidato e colocar o bloco na rua", disse o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), a líderes do PSDB dias antes da divulgação da pesquisa CNT-Sensus.
MARATONA
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"O governo está construindo aliados ao redor da ministra Dilma e nós estamos olhando a banda passar", completou o deputado. Na direção do PSDB a avaliação é a mesma. Em reunião ocorrida há cerca de 20 dias, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), presidente nacional do partido, engrossou o discurso do DEM e alertou os tucanos de que não dá para esperar mais. Também o governador mineiro Aécio Neves cobra uma rápida definição de Serra e promete deixar a disputa nacional caso o paulista não se defina este mês. "Janeiro poderá ser tarde demais para construir uma candidatura que vá além de PSDB, DEM e PPS", afirmou Aécio na mesma reunião.
Ele sabe que é o único nome tucano capaz de trazer para o mesmo campo setores do PMDB e o PSB do deputado Ciro Gomes. "O Brasil precisa de uma nova convergência política e isso precisa começar a ser edificado", disse Aécio na quinta-feira 26.
O problema tucano é que Serra está de fato diante de uma decisão difícil. Ser ou não ser candidato à Presidência da República é uma questão que vai além da vontade política do governador. Serra tem uma reeleição assegurada e sabe, dado o calendário de obras a inaugurar e outras a serem licitadas, que poderá terminar um eventual segundo mandato à frente do governo paulista, com 76 anos de idade, como o melhor governador da história do maior Estado do País. Portanto, Serra tem muito a perder caso embarque na disputa nacional e não saia dela vitorioso. "Se Serra perde a Presidência, o quadro mais provável é que Geraldo Alckmin (por quem Serra não morre de amores) se eleja em São Paulo e Aécio Neves se torne o principal porta-voz do partido e da oposição no Senado.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
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Tenho dito e repito: Se nosso politicos fossem mais estadistas e, nossos partidos menos pesrsonoalistas,a chapa para decidir a eleição no primeiro turno seria Aécio e Ciro.Se assim fosse, além de fortalecer o federalismo brasileiro, poríamos um fim nesta politica suja comandada pelo PMDB de Sarney,Renan, etc.
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