sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Brasilia Legal vira Brasília ilegal
A sociedade brasiliense foi bombardeada nos últimos dois anos com a progapaganda da emergência da ética para criar a BRASILIA LEGAL, mas os escândalos demonstram o contrário, estava sendo sedimentada a BRASILIA ILEGAL. O assunto pega fogo na campanha eleitoral.
O escândalo monumental das gravações do ex-secretário de Assuntos Institucionais, Durval Barbosa, pivô dos acontecimentos bombásticos, com o governador José Roberto Arruda(DEM-DF) e secretários do primeiro time, para comandar a corrupção do Palácio do governo com a Assembléia Legislativa, onde o titular governamental possui – ou possuía – base majoritária, capaz de aprovar projetos e maracutaias, expressas em gordas comissões pelas aprovações, que se transformam em caixas dois eleitorais, impõe a abertura, no Congresso, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, para investigar o executivo e o legislativo distritais. O ar da capital federal está empestiado. É um tema que diz respeito não apenas ao Distrito Federal , mas a todo o país, que banca as instituições republicanas, sediadas na capital da República. O fedor geral da corrupção entra em cena na campanha eleitoral 2010, a partir da capital de todos os brasileiros. Certamente, por meio da Câmara Legislativa Distrital, considerada, sarcasticamente, pela gozação popular, “Casa do Espanto”, não será possível chegar ao fundo do problema. Seria amarrar cachorro com lingüiça. O presidente da Assembléia, deputado Leonardo Prudente(DEM) , que não teria motivo nenhum para empenhar-se na investigação, visto que é um dos suspeitos, atropelado pela Polícia Federal, a mando do Superior Tribunal Federal, com supervisão do Ministério Público Federal, teria que ser afastado, imediatamente. Ou seja, a Casa do Espanto, espantada pelo envolvimento dos governistas numa caixinha milionária, poderia enfiar a cabeça no buraco. Não julgaria a si própria.
A oposição não tem maioria. O assunto poderia morrer lá. Mas, no Congresso, a situação seria outra. Antes de existir a Assembléa, o DF era administrado pelo Senado. Por que os senadores, agora, não poderiam debater o assunto, já que são eles que votam os orçamentos e os pedidos de empréstimos externos dos governos estaduais e distrital? Sobretudo, o DF , bancado pelos contribuintes, é assunto de interresse geral, nacional, antes de ser regional. Politicamente, o DEM, no Congresso, estará com seu maior problema histórico. O governador José Roberto Arruda e seu vice Paulo Octávio são os únicos representantes do Democratas a comandarem um poder executivo no contexto da federação brasileira de 26 estados mais o Distrito Federal. O partido fez propaganda intensa da administração Arruda-Octávio, especialmente, focada no marketing do chamado BRASÍLIA LEGAL. Abstratamente, representa postura ética. O DF estaria excessivamente ILEGAL em sua institucionalidade geral. O ex-governador Joaquim Roriz teria deixado muita sujeira. A mais terrível delas se localizaria na Codeplan e no Instituto Candango de Solidariedade( ISC). A primeira comandaria a política de informática do GDF, envolvendo interesses milionários na compra e manutenção dos equipamentos e assistência técnica permanente. A segunda, pagaria a conta, por meio de mecanismos ainda obscursos. De órgão previsto para ser social, o ICS ficou , nessa condição, apenas como fachada. Por trás dela, os negócios rolaram, na relação governo e empresas de tecnologia da informação. O aparelhamento informático governamental , elaborado na base da ilegalidade, transformou- se em fonte de irrigação de dinheiro. Arruda-Octávio viriam para remover toda a sujeira rorizista. A capital estava suja, ilegalmente ocupada. Precisava de faxina geral.
Impeachment à vista
Pivô do escândalo que envolve o governador Arruda e o ex-governador Joaquim Roriz, Durval surfou, até agora, nas duas administrações por representar bomba relógico que precisaria ser permanentemente monitorada do ponto de vista político. Mas a justiça e a política entraram eem cena e acabou com a festa
Arruda- Octávio atacaria, imediatamente, o foco Codeplan-ICS. As empresas, arrebanhadas por licitações ajambradas, tinham virado canal de corrupção na rodovia larga da relação CODEPLAN-INSTITUTO CANDANGADO DE SOLIDARIEDADE- EMPRESAS, por trás dos quais estava o comandante Durval Barbosa, no tempo de Roriz. Os preços super-faturados pagos pela CODEPLAN-ICS revertiam comissões gordas, hierarquizadas, para tubarões, peixões, peixes e peixinhos, um cardume espetacular. Arruda-Octávio, imediatamente, reformaram a Codeplan e fecharam o ICS. Mandaram 16 mil pessoas embora. Ou seja, a fachada social foi varrida. Ali estavam os cabos eleitorais de Roriz. Os mais pobres, que recebiam subsídios sociais para aplacar-lhes a fome, dançaram. Mas, a fachada da corrupção, ao que tudo indica, continuou. O incrível na história da administração Arruda-Octávio é a continuidade , no governo, de Durval Barbosa. Demonizado, Barbosa não foi expelido. Sabia demais. Os depoimentos dele quanto à participação do governador Arruda, no tempo do governo Roriz, dentro da Codeplan, presidida por ele, Durval, para arregimentar valores financeiros a serem distribuídos aos aliados, demonstram o óbvio: o titular do poder, em vez de destruir Durval, buscou acomodação relativamente a ele. Concedeu-lhe uma secretaria, a de Assuntos Institucionais, ou seja, cabide, para, certamente, mantê-lo calado. Mas, as investigações em cima dele pelo Ministério Público Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, seguiram adiante, com maior motivação. Os governantes pensaram que os juízes fossem burros. Por que Durval Barbosa continuou no governo, se tem tantos inquéritos sobre as costas, originários do governo anterior? A permanência de Durval no governo Arruda-Octávio sinalizaria pacto de convivência entre o governo atual e o governo anterior. O pivô entre ambos seria Durval, que, no entanto, estava sob o olhar da justiça e da polícia. Deu errado a opção arrudista de sustentar Durval. Este seria a cobra que iria lhe picar.
O titular da CASA DO ESPANTO comanda instituição que tende a se desmoralizar completamente , se não passar a investigar, imediatamente, os acontecimentos bombásticos. Caso contrário, seria melhor o CONGRESSO NACIONAL abrir CPI DO GDF, já que a CAPITAL DA REPÚBLICA é de interesse nacional e não apenas local.
A justiça mandou bala e chamou a Polícia Federal para investigar. Sob pressão da PF, Durval Barbosa, que é policial aposentado, rendeu-se à proposta da delação legal constante na legislação brasileira. Estar sob cuidado da PF se transformou em melhor negócio do que ficar entre dois fogos: de um lado, o passado sombrio com o governador Roriz; de outro, o presente perigoso com o governador Arruda. Resolveu detonar os dois, abrindo seu coração ao que julga ser a verdade que o libertaria, depois de ficar nas grades, até quando ninguém sabe, ou talvez, nem isso, isto é, a liberdade provisória etc. Tanto o governador Arruda como o ex Roriz correm perigo. Podem perder, completamente, a credibilidade. Não interessa a ambos que o assunto se aprofunde na Câmara Legislativa. Ficariam excessivamente expostos, nos próximos meses, dando água para o PT e aliados, que faturariam a eleição do próximo ano. Arruda, segundo a mídia, disse que o foco da corrupção não seria o seu governo, mas o governo anterior, de Roriz, e que as irregularidades tenham prosseguido sem o seu conhecimento, é claro. Mas, tal argumentação pode ser amplamente questionada em face da permanência de Durval Barbosa no seu governo. Por que? Ele não sabia da continuidade das maracutaias, mas aceitou manter no seu governo o comandante das maracutaias, seu conhecido de velha data. As descrições dos depoimentos constantes do inquérito policial, especialmente, das gravações feitas entre Durval e Arruda, para organizar a distribuição do dinheiro público aos interesses corruptos da base política aliada governamental, na Câmara Legislativa, encherão as motivações políticas no Congresso Nacional. O DEM estaria, com seu único, governador eleito, pego no contrapé da contradição. Faz propaganda da ética, da legalidade e da probidade, ou seja, abstração, mas, na prática, a jogada era outra.
Futuro governador
Agnelo, possível candidato ao Buriti, e Geraldo Magela, comandante da comissão de orçamento, no Congresso, cotado para disputar o Senado, transformam- se em grandes favoritos em meio à desgraça política emergente do governo Arruda-Octávio
O DEM não teria mais condições de fazer parceria com o PSDB, liderado, possivelmente, pelo governador José Serra, de São Paulo, na campanha eleitoral, para enfrentar a ministra Dilma Rousseff, candidata do presidente Lula, tendo que sustentar o governador brasiliense, enquanto estiver sob fogo cruzado, algo que tende a se estender na campanha eleitoral. Chegou-se a ser cogitada a candidatura Arruda para vice de Serra. O barco virou. Os desdobramentos do escândalo político, nos próximos dias, semanas e meses, adentrando a campanha, representam o fato novo explosivo. A desmoralização do DEM coloca o partido em situação inquestionavelmente embaraçosa. Crescerá a discussão quanto à conveniência de os Democratas seguirem adiante ou não em companhia de brutal desgaste político. Os tucanos, obviamente, no Distrito Federal, principalmente, não aceitarão mais a convivência com tal desgaste. Seria diferente no plano nacional? A candidatura Serra, entre os eleitores do DF, estará , inteiramente, queimada, caso ele marche com o DEM-DF, sob suspeição bombástica, verdadeiro triturador eleitoral. O impacto da influência da Capital Federal, no noticiário político, bombará, ainda mais, o assunto, ganhando proporções elevadas. Caso venha ao ar, além das gravações entre Arruda e Durval, suposta fita de vídeo, que comprovaria , visualmente, o fato, aí a vaca para o DEM iria para o brejo. O partido ficaria numa sinuca de bico. Historicamente, os democratas, antes pefelistas, buscaram, sempre, preservar as aparências, para esconder a essência dos fatos. Descartam o incômodo quando este aparece e ganha vulto político perigoso. Seria conveniente, para o DEM, manter em suas fileiras instrumento político que enferruja e o afasta da aliança com o PSDB , no plano nacional, porque, no plano distrital, emergiram problemas cabeludos?
O senador democrata Agripino Maia saiu em defesa do governo Arruda-Octávio do DEM sob argumento de que está havendo muita espuma sem provas concretas, mas as publicações das descrições da gravação das conversas ARRUDA-DURVAL desmentem o político do Rio Grande do Norte, sinalizando turbulência para o DEM na campanha eleitoral, tanto no DF como no cenário nacional
O regional teria que ser removido para preservar o nacional. A visão ampla dos líderes democratas tenderia a enxergar a floresta do ponto mais alto da montanha. O caso do DF seria um foco de incêndio a ser apagado e extirpado, preferencialmente. A parte não poderia comprometer o todo. A hora é dos advogados. Os argumentos e contra-argumentos, nesse instante, de lado a lado, emergirão, mas, no momento seguinte, em tempo de eleição, o julgamento será político. Por isso, nos próximos dias, a temperatura, no Congresso, ditará os acontecimentos. A bancada oposicionista ao governo do DF terá todo o motivo do mundo para esquentar os tamborins. O candidato do PT, Agnelo Queiróz, sobe nas cotações gerais. O governador e o vice e seus aliados, tanto no Congresso Nacional, como na Assembléia Legislativa, estarão , sob pressão das atenções dos eleitores e eleitoras, na retaguarda. Buscarão conter o tsunami. Quem, durante a eleição, joga na defesa, joga para perder ou para empatar, jamais para ganhar. Só um contra-ataque milagroso poderia virar o jogo. Mas, na altura do campeonato, o ataque governamental foi detonado. Poderia pintar, então, carnificina ético-moral-eleitora l, com cada parte dispondo de seu dossiê, para tentar fazer o máximo de barulho. Nesse contexto, a vitória seria a daquele que tem menos culpa – aparente – no cartório. O ex-governador Roriz, que rompeu com o governador Arruda, porque este lhe tomou o PMDB, tem sobre as costas processo que rola sob segredo de justiça Agora, o mesmo acontece com o governador Arruda. Se os dois se auto-destruirem, eleitoralmente, o vitorioso poderá ser Agnelo , sobre quem, por enquanto, pelo menos, não pesam acusações. Pode já estar pintando o novo governador?
De Cesar Fonseca
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