sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Alagoas: petista assassinado e radialista abatido a tiros
Foi assassinado o presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores em Campo Alegre (AL), Genildo Correia Soares, no domingo (29/11). As características do assassinato apontam para mais um dos rotineiros crimes de mando que acontecem em Alagoas. O assassino que abateu Renildo com tiros de pistola ponto 40 chegou à cidade num Palio, identificou a vítima, aproximou-se desta, disparou vários tiros à queima roupa e fugiu do local do crime no veículo de placa fria.
Genildo do PT, como era conhecido, havia denunciado dois vereadores que, nas eleições do ano passado, haviam utilizado a ambulância do município para transportar cimento, que provavelmente seria utilizado como moeda de compra de voto.
O ex-superintendente da Polícia Federal em Alagoas, delegado Pinto de Luna, pré-candidato ao Senado pelo PT, está empenhado na apuração do crime.
Em dezembro de 2007, Pinto de Luna comandou a Operação Taturana. Esta operação conjunta da PF com a Receita Federal foi deflagrada com o cumprimento de 85 mandados de busca e apreensão e 40 mandados de prisão. Entre os detidos e levados para a carceragem da PF estava um ex-governador. A Operação Taturana, que visou desbaratar uma quadrilha de deputados estaduais envolvidos no roubo de R$ 300 milhões dos cofres públicos, culminou com o afastamento de deputados estaduais de seus cargos, os quais o STF mandou de volta à Assembleia, onde se encontram acomodados em suas confortáveis poltronas e entocados nos gabinetes refrigerados, cuidando para que não venham a ser condenados pelo que ainda são acusados.
Os deputados e seus cúmplices foram denunciados por estelionato, formação de quadrilha, crime contra o sistema financeiro, peculato e lavagem de dinheiro.
Modus Operandi da quadrilha:
1º - Os deputados se apropriavam da verba de pessoal do gabinete, mediante o depósito dos valores em conta corrente de "laranjas".
2º - Contraiam, pelos bancos conveniados, empréstimos consignados em nome de falsos servidores, ou servidores sem condição financeira, sendo os valores destinados aos deputados por meio de "laranjas".
3º - Obtenção de empréstimos em consignação pelos próprios deputados, de valores muito elevados, com as parcelas descontadas diretamente da verba de gabinete, nada a ver com as suas remunerações do cargo; o pagamento das prestações eram feitos com as verbas de gabinete, os empréstimos eram muito altos, não havia como levantá-los utilizando a remuneração do deputado.
4º - Comprovação da verba de custeio dos gabinetes com utilização de notas fiscais frias.
5º - Restituições do Imposto de Renda fraudulentas, mediante a inclusão de falsos servidores e a inserção de dados manipulados na declaração de imposto retido na fonte.
Veja essa nota no G1, em 13/07/09:
STF devolve mandato a sete deputados em Alagoas
Parlamentares foram afastados por suspeita de desvios na assembleia.
Ao menos 15 dos 27 deputados da atual legislatura foram indiciados.
Sete deputados estaduais alagoanos afastados do mandato por suspeita de corrupção e investigados pela Operação Taturana devem reassumir nesta terça-feira (14) seus cargos na Assembleia Legislativa de Alagoas. Eles foram beneficiados por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), publicada nesta segunda (13) no Diário Oficial da União.
Antes de viajar para Rússia, Mendes deixou assinada, com data de 6 de julho, a SL-297 (suspensão de liminar), que suspendeu a segunda liminar do juiz Gustavo Souza Lima e devolveu os mandatos aos deputados afastados.
Com isso, serão reconduzidos aos cargos os deputados afastados: Antonio Albuquerque (sem partido), Cícero Ferro (PMN), Marcos Ferreira (PMN), João Beltrão (PMN) Nelito Gomes de Barros (PMN), Dudu Albuquerque (PSB) e Isnaldo Bulhões Junior (PMN).
Terça feira passada (01/12) no plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas, os dois deputados petistas Judson Cabral e Paulão cobraram agilidade do governo do Estado nas investigações que possam levar aos responsáveis por mais um crime de mando. O caso do Genildo do PT, assassinado em Campos Alegre.
E o deputado Antonio Albuquerque (PTdoB), um dos que foram presos e imediatamente libertados, quando da Operação Taturana (na ocasião ele era presidente da Assembleia), ironizou, falando de outro assassinato em Alagoas: “Naquela oportunidade, o rapaz assassinado em Limoeiro foi vítima de tiros de pistola 40 e os ocupantes estavam em um veículo Pálio de cor verde, da mesma forma como aconteceu em Campo Alegre. É muito estranho. Eu gostaria que os deputados do PT pedissem ao governo um estudo de balística para confirmar essa suspeita de coincidência das características dos crimes”.
Quer dizer, o sujeito não está preocupado em apurar o crime do Genildo, ocorrido no domingo passado, mas de tumultuar. Ri das acusações dos deputados petistas, debocha.
Em Alagoas se mata com muita facilidade. Os pistoleiros usam tabela de preço. Deputados como Albuquerque, acusado, na Justiça (veja, não é à base de boca a boca não, acusado formalmente) , de mandar assassinar, assim, ó, na base do “vai lá e derruba esse sujeito”, agora ri. Acho que ele tentou dar a entender que esse caso de que ele fala foi coisa de petista. É o que entendo.
Afastado junto com ele, no caso da Operação Taturana, o deputado Isnaldo Bulhões Junior (PMN) voltou a ocupar o cargo de deputado. Este “Isnaldinho”, acusado de meter a mão-grande em R$ 13 milhões, é filho do casal Renilde Bulhões e Isnaldo Bulhões; ela, atual prefeita de Santana do Ipanema, reeleita para o cargo, e ele, irmão do ex-governador Geraldo Bulhões, é o atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), reeleito para o cargo.
Ano passado fui a Alagoas participar da candidatura de meu irmão, Sérgio Campos (PCB), para prefeito de Santana do Ipanema. Esse deputado, o Isnaldinho, teve a petulância de se aproximar de nós, numa mesa de bar, e nos encarrar, fazendo gestos ameaçadores, olhar de "mau", de quem deixa o recado; enquanto seus capangas se divertiam nas proximidades. Mas isso é fichinha. Ameaçar com os olhos não mata.
Vejamos o caso do jovem radialista Jorge Santos, assassinado em frente à sua residência, lá mesmo em Santana do Ipanema.
Jorge era um camarada afobado, desses que soltam palavrões e até agridem fisicamente, como um dia o fez com o meu próprio irmão, o Sérgio Campos, porque este, na condição de chefe de gabinete do ex-prefeito Marcos Davi, não lhe atendeu com a presteza que ele exigia. Mas Jorge, toda a população da cidade sabe, não passava de um brigão.
Acontece que Jorge Santos passou a atacar Renilde Bulhões, mãe desse deputado envolvido na Operação Taturana, o Isnaldinho.
Certo dia, pistoleiros abateram Jorge em frente à sua casa.
Muita gente foi chamada a depor no inquérito; entre esses, um capacho dos Bulhões se encarregou de denunciar como principal suspeito de ter mandado matar Jorge Santos. Nem o filho de Jorge nem qualquer santanense de bom senso acreditou nisso, pois o acusasdo é tido como uma pessoa de paz, de bem.
Estava lá em Alagoas, dando palpites na campanha, uma mistura de marqueteiro de botequim e coordenador de campanha.
O vereador Afonso Gaia, um dos raros a fazer oposição aos Bulhões (pagou caro por isso) veio até a casa do rapaz e contou a verdadeira história do assassinato de Jorge Santos. Ele disse que o Isnaldinho Bulhões cobrou um favor que havia feito ao deputado Cícero Ferro (acusado de assassinato) , e este mandou matar Jorge Santos, em pagamento do favor.
Mas a maior parte dos sujeitos está de volta à Assembléia, ocupando seus cargos e se protegendo contra a Justiça.
Veja essa última notícia que tenho sobre os sujeitos em questão:
Deputado Cícero Ferro volta a ser afastado da ALE
O desembargador Orlando Manso determinou o afastamento do deputado estadual Cícero Ferro (PMN) do cargo na Assembleia Legislativa do Estado. As primeiras informações dão conta que o afastamento atende a um pedido do Ministério Público Estadual em função da acusação de participação no assassinato do vereador por Delmiro Gouveia, Fernando Aldo.
Ferro, que havia retomado seu mandato após mais de um ano afastado por decisão da Justiça devido ao seu indiciamento na operação Taturana da Polícia Federal, deverá ser afastado em 24 horas, conforme determinação do TJ.
O deputado Cícero Ferro recebeu uma intimação de um oficial de justiça com a decisão do TJ, momentos após o encerramento da sessão que não foi realizada por falta de quórum. Ainda surpreso com a decisão, Ferro e outros parlamentares presentes reuniram-se a portas fechadas para discutir o assunto.
O advogado do deputado Cícero Ferro, Welton Roberto, que até então não havia sido informado sobre a decisão, afirmou que logo que se inteirar da decisão ingressará com uma reclamação no Superior Tribunal Federal para garantir seu retorno à ALE.
"O ministro Gilmar Mendes já havia deixado claro que ninguém (juiz, desembargador) , pode afastar um parlamentar de seu mandato", disse Roberto.
No dia 04 de agosto o procurador-geral de Justiça, Eduardo Tavares participou de uma reunião com técnicos para estudar o possível afastamento dos quatro deputados, que além da acusação de desvio de R$ 300 milhões da ALE, são acusados de assassinato: Antônio Albuquerque (sem partido), Cícero Ferro (PMN), Marcos Barbosa (PPS) e João Beltrão (PMN).
Informações de bastidores dão conta que os deputados temem que o afastamento de Ferro abra precedentes para o afastamento dos demais.
Ao final da reunião os parlamentares anunciaram uma sessão especial, às 20h, para discutir o assunto.
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