sábado, 30 de janeiro de 2010

O processo de formação de opinião

Todo esse esforço que tem sido visto de alguns meses para cá de alguns veículos de mídia demonstrarem isenção foi posto no lixo com a minimização ou até ocultação escandalosas que acabamos de ver contra a pesquisa Vox Populi sobre a sucessão presidencial.

Fico pensando sobre essa teoria que embasa a decisão de Globo, Folha, Estadão, Veja e seus emuladores de fingirem que não notaram o resultado da pesquisa, resultado que produz a maior reviravolta no quadro sucessório desde que Dilma e Serra passaram a figurar como os principais candidatos a presidente.

Ora, uma rede de televisão de cobertura nacional (ainda que de baixa audiência) divulgou a pesquisa. Pela internet, será reproduzida por centenas de blogs e sites e por dezenas de milhares de comentários de leitores, ainda que os grandes portais também tenham ocultado ou minimizado escandalosamente notícia política tão relevante.

Mal acreditei hoje (sábado) ao passar os olhos pelos jornais dos grupos de mídia supra mencionados sem encontrar nenhuma referência à pesquisa Vox Populi. E mais me surpreendi dando uma olhada na página do principal blogueiro da Globo, na qual os comentaristas, durante a semana, apostaram que a Vox Populi mostraria Dilma “empacada”.

Em minha opinião, portanto, o processo de formação de opinião acontece de forma bem diferente da que imaginam essas grandes corporações midiáticas, as quais, agora, já se pode afirmar, claramente, que estão aliadas à campanha de Serra à Presidência.

Aí estão confinadas essas forças políticas que não querem enxergar a realidade de que hoje todos conseguem enxergar a política com maior clareza devido à informação viajar muito mais rápido e abranger muito mais gente do que no tempo em que tais forças falavam praticamente sozinhas no Brasil.

E, se pensarmos bem, até dá para entender por que a mídia não se deu conta das mudanças que o mundo sofreu, sobretudo no Brasil, porque foram muito rápidas. Faz só cerca de dez anos que a internet ganhou, por aqui, uma relevância maior, e bem menos tempo que adquiriu a relevância atual.

Claro que não se pode ignorar que há um fator que responde no mínimo pela maior parte da atual situação política revelada pela pesquisa Vox Populi, um fator que nada tem que ver com propaganda. O atual governo é bom, ou está sendo bom para quase todos, com raríssimas exceções.

A reação previsível de quem aparece na mídia como sendo maioria, mesmo sendo ínfima minoria, é a de negar completamente o que todos percebem e é comprovado inclusive por estatísticas. Quem leu a entrevista do presidente do PSDB, Sergio Guerra, à Veja sabe que a oposição adotou a tática maluca de negar a este governo méritos que todos vêem.

E todos podem ver simplesmente porque hoje, ainda que a tevê e os jornalões abranjam muito mais público, há um contingente expressivo e qualificado de cidadãos informando-se muito bem sobre tudo na internet, e muitos deles conseguem transmitir para centenas ou milhares de outros suas impressões, formando opinião em progressão geométrica.

Ora, a sucessão presidencial está embolada em favor dos petistas e as apostas dos serristas sobre a pesquisa Vox Populi feitas nos debates na internet os deixarão com um discurso incoerente, agora, ao tentarem desqualificar seus resultados.

O que é bom na internet é que basta acessar os comentários dos blogs das corporações midiáticas para ler o que cada um andou dizendo sobre a pesquisa até há pouco tempo.

Vivemos, portanto, um processo de formação de opinião política que nestas eleições deverá se mostrar inédito. Acho que veremos um fenômeno em que armações políticas grosseiras como essa de esconderem a Vox Populi ficarão claramente evidentes como nunca antes na história deste país.

De Eduardo Guimarães

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