quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Era uma vez um governador, um vice...



Com seu fim anunciado para 03 de outubro quando, segundo os analistas políticos, tende a desaparecer nas urnas à mingua de votos, o DEM começa a se acabar antes do tempo. Com seu único governador, José Roberto Arruda, de Brasília, preso em uma cela da Polícia Federal, o partido vê agora o substituto, Paulo Octávio, governador em exercício (também demo), renunciar. No desdobramento do escândalo de corrupção, pagamento de propina, fraude e irregularidades que o DEM protagoniza no Distrito Federal (DF) não ficou pedra sobre pedra. O desmonte foi total. O presidente da Câmara Distrital também renunciou e Paulo Octávio foi substituído pelo terceiro na linha sucessória, o novo presidente do Legislativo local.

O partido vê, ainda, um dos seus únicos líderes sobreviventes, considerado até como como estrela em ascensão na direita nacional após sua reeleição, o prefeito paulistano Gilberto Kassab, ter o mandato cassado. No esforço para se explicar, Kassab esquiva-se de falar sobre as doações ilegais que o beneficiaram e considera que a cassação de seu mandato não existe. "Ela está suspensa", disse, batendo na tecla de que a perda do seu mandato (ele fica no cargo enquanto aguarda tramitação do recurso) não está relacionada a questões morais e, sim, a "um questionamento técnico". O prefeito foi cassado por captação ilegal de R$ 10 milhões - cálculo da Justiça Eleitoral - para sua campanha à reeleição em 2008.

Também o candidato da oposição à presidência da República, governador tucano José Serra dá voltas e parte para uma ofensiva atabalhoada, na tentativa de desvincular o seu PSDB da associação com os escândalos do DEM em Brasília e em São Paulo, nos quais a legenda está envolvida até a medula. O empenho de Serra, agora, é passar que a cassação do mandato do prefeito que ajudou a reeleger em São Paulo não respinga em sua candidatura presidencial.

Por isso diz que todo mundo recebeu doações ilegais de campanha, citando a cassação dos vereadores do PT, mas "esquecendo- se" de mencionar os do seu partido e aliados - Gilberto Natalini (PSDB), José Police Neto (PSDB) e Marco Aurélio Cunha (DEM). A simples colocação do assunto irrita o governador. Ontem ele encerrou uma entrevista dois minutos depois de iniciada, dando as costas para os jornalistas ante a primeira pergunta se a cassação de Kassab não prejudica sua candidatura ao Planalto na medida em que o prefeito é um de seus principais aliados.

A imprensa - que trata tão bem Serra - ajuda-o de novo na eleição desse ano e só publica o que ele quer e quando quer, viu assim uma amostra do tratamento que terá do candidato da oposição na campanha eleitoral pelo Planalto. Já o DEM, é aguardar. Ver para onde vão os sobreviventes depois da eleição de 03 de outubro, ou se trocam de nome de novo como fazem há décadas - UDN, ARENA, PDS, PFL, Democratas (DEM)... Não deixa de ser uma ironia que a legenda que teve em suas fileiras o ex-senador Jorge Bornhausen (ex-PFL-DEM- SC) pregador da extinção "dessa raça" (o PT), esteja ela própria se extinguindo inexoravelmente!

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