quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Por que o povo adora o Lula

Posso falar isso por ser livre de amarras políticas e sem rabo muito grandão. Na mais famosa chácara “Pica-Pau Amarelo”, perto do vilarejo secular e lendário do “Coxipó do Ouro”, um palanque em cima de um caminhão me fez lembrar os comícios de antigamente.

A luta era feroz, quase no muque, frente a frente, cara a cara, com foguetes, rojões, xingamentos e tiros com balas de verdade que faziam a Santa Casa de Misericórdia e o único necrotério por ali, ficarem movimentados nessa época.

Por causa dessa disposição cívica dos homens de antigamente, a nossa política cuiabana desenvolveu uma inteligência fora do comum. Xingavam a mãe um dos outros, porém com muita cultura, jogo de cintura e sabedoria. “V.Excia é burro”. “Sua Santa e Magnânima mãe é uma prostituta”.

Sempre com pronomes de tratamento elegantes antecedentes que faziam os peitos dos velhos políticos xingados estufarem-se, ainda agradecerem, perante suas sempre novas amantes, moçoilas-crianç as secretas que arrodeavam tais “coronéis” de nossa política bororo, peraltas e de braços dados com as esposas oficiais que nunca percebiam coisa alguma ou apenas se faziam de “alheias” inteligentemente.

Havia na política daqui os três poderes de sempre. O executivo, o delegado e o padre. As religiões eram o Congá, a Macumba e o Catolicismo que abrigava todas elas. Nessa ordem. As classes sociais eram a rica e a pobre. Não havia morenos. Ou era preto ou branco. Não havia racismo.

Não havia concurso para o fraco judiciário que era comandado pelas famílias dos “coronéis” de nossa política que, reunidos no jantar dos nobres, definiam os destinos de todo mundo daqui.

Nessa comparação entre os políticos de hoje em cima da carroceria daquele caminhão na chácara ali perto do Coxipó do Ouro e os do passado eloqüente, me surgiu a tela da verdade de hoje.

Descobri porque o Lula possui tanto calor e preferência do povo hoje. É que, ao contrário de ontem, de FHC para trás, ele abriu finalmente a caixa preta da sociedade política do Brasil cuja podridão inferniza o nariz do Brasil.

O judiciário apareceu timidamente, começa a lavar sua própria roupa suja; o Ministério Público engatinha cumprir a sua missão para a qual existe nas verdadeiras democracias do mundo moderno. Os bandidos de todos os gêneros, números e graus não mais se escondem nos paletós e gravatas das imunidades sociais/bandidas das impunidades do “toma lá, dá cá”, “é dando que se recebe” – e, como dão – até o advento do Lula surpresa para todos nós.

Por isso, não é surpresa para as pesquisas de opinião pública, a resposta do agricultor ao animador do pequeno comício neste carnaval naquela chácara das grandes surpresas políticas bororos.

Perguntado se votaria hoje no Lula, o humilde “raizeiro” agricultor respondeu com uma pergunta mais inteligente que ouvi ultimamente:

“- Ocês querem que as prisões desses bandidos safados que não acabam mais, continuem a céu aberto, assim “bastantão de grande”, a cada pacote de dinheiro que roubam da gente e enfiam nas bundas deles, nas cuecas sujas, nas bolsas das dançarinas do plenário desse congresso ou preferem aquela safada tranqüilidade e o silêncio dos roubos secretos de antes do Lula, indo até o descobrimento desta terra de terremotos das vergonhas, acima do solo, que desafiam os cientistas do mundo”?

Eu tenho a resposta. Mesmo com os graves erros políticos sacudidos e hasteados pelas atuais oposições democráticas, a balança pende rigorosamente a favor do Lula na hora da opção do voto. O slogan-marketing do Lula, se ele quisesse, poderia ser: “No meu governo, roubou tá algemado!”. Bem diferente do “Roubo, mas faço!” de todos os governos anteriores neste Brasil...

De PAULO ZAVIASKY

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