quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O sentimento eleitoral popular

A paulada que a Advocacia Geral da União deu na manchete principal de primeira página da Folha de São Paulo de ontem me fez pensar sobre como o povo enxerga esses escândalos e pseudo escândalos e se os levará em conta nas eleições deste ano, sobretudo na eleição presidencial.

A blogosfera repercutiu furiosamente o desmonte do ataque, mas a mídia, como se viu, não aceitou as declarações da AGU e persistirá por mais alguns dias em uma tática que, com poucas variações importantes, já ultrapassa cinco anos ininterruptos.

Até agora, contudo, o que há de concreto, o que se pode ver e ouvir que realmente criminalize alguém é a coleção de imagens dos corruptos de Brasília efetivamente se corrompendo e a prisão de José Roberto Arruda.

O resto, penso que cai na vala comum da percepção popular sobre o fato óbvio de que há uma guerra política no país e que é impossível fazer julgamentos que valham alguma coisa tomando por base as artilharias dos contendores.

Quem quiser vislumbrar um futuro mais provável, portanto, deveria levar mais em conta o fato de que acusaram Lula e o PT durante dois anos e tais acusações não impediram que ele se reelegesse. E note-se que também apareceram imagens como a do Waldomiro “um por cento” Diniz ou a da pilha de dinheiro dos “aloprados”.

Talvez isso tenha acontecido porque são fatos complicados que duvido que o cidadão médio entenda. Além disso, duvido de que exista um só brasileiro que não saiba que “a Globo não gosta do Lula”. E explico que “a Globo”, para o povo, quer dizer a mídia.

Pensem bem: isso vem desde 1989. Foram cinco eleições presidenciais repletas de acusações de todo tipo contra o atual ocupante do Palácio do Planalto, às quais “a Globo” deu amplo apoio. Será muito dizer que o povo parou de acreditar nela em 2002?

Desta maneira, acho difícil que essa entidade amorfa (o povo) vá dar bola a acusações em manchetes de jornal, de telejornal, de rádio ou de internet. Se der, não sobra ninguém para votar.

Num momento como este que vive o Brasil, penso que as pessoas se deixarão guiar pelo que sentem em relação à própria vida. E, nesse aspecto, a teoria de que foi FHC que fez “tudo isso que está aí” me parece pouco convincente. Aliás, em 2006 ela não colou.

Há, porém, os argumentos não desprezíveis de que, desta vez, não será Lula que disputará com o anti-Lula de plantão e o de que o presidente não conseguiu eleger Marta Suplicy. Mas será que o povo do resto do país é igual ao de São Paulo e as condições políticas hoje são as mesmas de 2004, sobretudo depois de o Estado ter mergulhado no caos?

Lula estará de um lado e Serra, do outro. Sobretudo no segundo turno. Ficará muito claro quem é quem. O brasileiro, assim, terá que decidir se se aventura com uma promessa ou se fica com o que já conhece. Além disso, subestimar Dilma Rousseff, como a oposição e a mídia estão fazendo, parece-me imprudência e/ou burrice.

Quem sabe o mínimo sobre este povo, sabe também que ele não gosta de aventuras. Se se aventurou em 2002, é porque estava extremamente insatisfeitocom Fernando Henrique Cardoso. Não consigo pensar em uma única razão lógica para ele se aventurar de novo agora.

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