A trágica presença do DEM no comando político do Distrito Federal se encerrou ontem em mais um capítulo da crise provocada pelo partido: a renúncia do vice-governador, Paulo Octávio, antecedida por seu desligamento do Democratas. Assim, a trajetória cumprida pelo DEM no único governo que o eleitorado brasileiro lhe concedeu há três anos pode ser resumida desta forma: um governador afastado e preso; um vice-governador que desistiu do mandato; e um presidente do Poder Legislativo que caiu fora do cargo – todos acusados pela Polícia Federal e o Ministério Público de participarem de uma “organização criminosa” que fraudou licitações, superfaturou contratos, formou caixa 2 eleitoral, cobrou, embolsou e rateou propina.
Com a prisão de Arruda e a renúncia de Paulo Octávio, o governo que o DEM imaginava capaz de lhe garantir presença na chapa do PSDB à eleição presidencial agora está sob comando do PR, o minúsculo Partido da República. É a ele que, depois de passar por quatro agremiações, está filiado o deputado distrital Wilson Lima, eleito para o terceiro mandato com menos de nove mil votos. Apadrinhado inicialmente pelo ex-governador Joaquim Roriz e, depois, fidelíssimo aliado ao governador Arruda, Wilson Lima chegou à presidência da Câmara Legislativa em 2 de fevereiro. Sucedeu o mensaleiro Leonardo Prudente (ex-DEM) com a incumbência principal de livrar Arruda e Paulo Octávio dos processos de cassação. Hoje, assume o governo.
É senso comum que a renúncia de Paulo Otávio e a posse de Wilson Lima agravam a crise e fortalecem a hipótese de intervenção federal no Executivo e no Legislativo do Distrito Federal.
“É mais um indício da falência generalizada das instituições”, afirmou ontem o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que já pediu ao Supremo Tribunal Federal que determine a intervenção.
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