domingo, 22 de novembro de 2009

Zelaya critica afastamento de Micheletti e qualifica atitude de 'falsa'


O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, considerou como falso o anúncio do mandatário provisório, Roberto Micheletti. Nesta quinta (19), o presidente de fato disse que se afastaria do cargo de 25 de novembro a 2 de dezembro, como forma de não atrapalhar as eleições gerais do próximo dia 29.
"Em minha condição de presidente constitucional de Honduras, condeno esse mascaramento com o qual querem legitimar e embranquecer o golpe de Estado e ocultar a verdade e os crimes cometidos contra o povo, a Constituição e a democracia", repudiou Zelaya em comunicado oficial, divulgado hoje.
Para ele, o "falso anúncio" denota a debilidade do governo de Micheletti. "Demonstra-se consciente de que sua presença suja a democracia e sabe que, sob sua direção, todo o realizado é nulo, incluído o processo político e que seus resultados não serão reconhecidos pelas nações do mundo".
Micheletti anunciou seu afastamento na tarde de ontem, em cadeia nacional de rádio e televisão, após uma reunião do Conselho de Ministros, na Casa de Governo. Para ele, sua ausência permitirá que o foco político se voltasse exclusivamente às eleições, e não aos impasses entre governo provisório e deposto.
"Desde que sou presidente tenho dito que a situação de Honduras não deve se centrar em meus desejos pessoais, e sim nas necessidades de nosso país", justificou.
Hoje, em comunicado, a Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado considerou a "‘ausência’ do ditador Micheletti" como uma "manobra para ocultar o papel totalitário do regime de fato e as Forças Armadas, que têm montado um processo eleitoral ilegítimo, ilegal e fraudulento" .
O grupo denunciou a "crescente repressão e a perseguição do povo organizado", atestada pelo Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos de Honduras (CODEH). Ainda garantiu ser impossível a realização de eleições livres sob um "regime golpista de repressão e anti-democracia" .

Deputadas renunciam às eleições

Duas deputadas do Partido Liberal anunciaram, ontem (19), "renúncia irrevogável" às eleições do próximo dia 29. Em carta, a deputada pelo departamento de Copán, Elvia Argentina Valle, e a parlamentar por Cortés, Maria Margarita Zelaya Rivas, afirmaram que sua participação nas eleições legitimaria o governo de Micheletti.
"Muitos amigos sentirão que os decepcionei, mas eu sentiria mais se eu não estivesse tranqüila com minha consciência, não poder olhá-los nos olhos. Ir votar é validar o golpe de Estado, é branqueá-los. Retiro-me com a cabeça erguida e com a satisfação de dever cumprido", escreveu Argentina Valle, ex-candidata a reeleição como deputada.
Para Margarita Zelaya Rivas - que se candidataria como designada presidencial do presidenciável Elvin Ernesto Santos Ordoñes -, "não se pode atuar na vida pessoal e com a do povo de forma incoerente, e com uma dupla moral". "Meus princípios, valores e fiel cumprimento à lei indicam que não se deve se apoiar em pessoas inadequadas para conduzir o país", posicionou-se.

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