terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ladrões da Assembléia de Brasília começam a investigar eles mesmo. Cheiro de pizza?

Em meio a protestos, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF) retomou nesta segunda-feira suas atividades. Do lado de fora da Casa, dois trios elétricos se enfrentam: um contra e outro a favor do governador José Roberto Arruda (sem partido), acusado de comandar o chamado mensalão do DEM .

Em um comunicado, o deputado Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM), que reassumiu ontem a cadeira de presidente da Câmara do DF, informou que a Casa ficaria fechada ao público, por medida de segurança. Prudente foi flagrado em vídeos recebendo propina no esquema de corrupção do governo local.

Mais cedo, policiais retiraram à força estudantes que estavam sentados no gramado em frente ao prédio. A preocupação é que os manifestantes voltem a invadir a Câmara como fizeram em novembro do ano passado.

Os manifestantes a favor de Arruda estão separados dos que pedem seu impeachment por um cordão de isolamento formado do por policiais militares (PMs). Eles vestem camisetas e distribuem adesivos com os dizeres "Fica Arruda". Por volta das 6h30m, os manifestantes contrários ao governador quebraram um caixão.

CPI contra Arruda só terá um deputado de oposição

Nesta segunda-feira, foram escolhidos os presidentes da CPI e das demais comissões que vão investigar a cúpula do governo distrital. Segundo o Blog do Noblat , formadas por cinco deputados, cada uma das três comissões só vai contar com um deputado de oposição a Arruda.

A CPI para investigar o mensalão do DEM vai ser formada pelos deputados Batista das Cooperativas (PRP), Alírio Neto (PPS), Raimundo Ribeiro (PSDB), Eliana Pedrosa (DEM), todos da situação, e Paulo Tadeu (PT).

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde a constitucionalidade dos pedidos de impeachment contra Arruda será analisada, vai ser formada pelos deputados Batista das Cooperativas (PRP), Eurides Brito (PMDB), Dr. Charles (PTB), Geraldo Naves (DEM), também todos da situação, e Chico Leite (PT).

O presidente vai ser Geraldo Naves, eleito pelo placar de 4 x 1 - placar que deve se repetir em diversas outras votações.

Por fim, a Comissão Especial (CE) que vai analisar os pedidos de impeachment após os mesmos saírem da CCJ vai ser formada pelos deputados Alírio Neto (PPS), Cristiano Araújo (PTB), Batista das Cooperativas (PRP), Geraldo Naves (DEM), todos da situação, e Chico Leite (PT).

O fim antecipado do recesso na Câmara foi marcado para discutir a instalação da CPI e os pedidos de impeachment. Para a deputada petista Érika Kokay, a volta de Prudente ao cargo foi negociada com Arruda para blindar o governo nas duas comissões e atrasar ainda mais as apurações.

Suspeitos

Além de cuidar dos problemas do governo, a Câmara terá de administrar os seus. Pelo menos dez parlamentares aparecem em vídeos, são citados em inquéritos ou têm empresas com contratos obtidos sem licitação na gestão de Arruda.

No mês passado, a Ordem dos Advogados do Brasil, no Distrito Federal, pediu a abertura de processo de cassação contra dez deputados e suplentes, entre eles a líder do governo, Eurides Brito (PMDB), e Júnior Brunneli (PSC).

Os homens corruptos do Arruda que vão instalar a CPI da Propina hoje

Leonardo Prudente (sem partido) Presidente da Câmara

Aparece em vídeo colocando nas meias e no paletó dinheiro recebido de Durval Barbosa. Em outra gravação, faz uma oração da propina com Barbosa e o deputado Júnior Brunelli. Nos diálogos gravados pela PF, Prudente é citado como ligado também ao esquema de licitação de empresas de segurança do DF. Pressionado, pediu desfiliação do DEM.

Eurides Brito (PMDB)

Em vídeo, é flagrada pondo na bolsa maços de dinheiro recebidos das mãos de Barbosa.

Rogério Ulysses (PSB)

Segundo Barbosa, também está ligado ao esquema. Ulysses participou de reunião em que deputados levaram vantagem no patrocínio à Beija-Flor. Foi expulso do PSB.

Eliana Pedrosa (DEM)

Empresas de seu filho e de sua irmã têm contratos com o governo Arruda, alguns sem licitação. Era secretária de Desenvolvimento Social e retornou à Câmara para reforçar a base do governador.

Júnior Brunelli (PSC)

O parlamentar é outro que aparece recebendo dinheiro de Durval Barbosa. Ele é quem comanda a "oração da propina", reza realizada com Prudente e Barbosa, em que eles exaltam a pedem proteção divina à figura do então secretário de Relações Institucionais de Arruda.

Cristiano Araújo (PTB)

Não é citado no inquérito, mas uma empresa de sua família, a Fiança, aparece numa planilha de caixa 2 da campanha de Arruda . Desde 2007, a empresa já recebeu R$ 240 milhões, dos quais pelo menos R$ 60 milhões são oriundos de contratos sem licitação.

Batista das Cooperativas (PRP)

Ele participou da reunião na casa de Prudente que negociou o contrato de patrocínio à Beija-Flor, cujo enredo vai homenagear os 50 anos de Brasília no carnaval carioca deste ano. Os deputados teriam pressionado o governo para tentar atravessar o negócio.

Benedito Domingos (PP)

Em seus depoimentos, Barbosa afirma que o parlamentar teria recebido R$ 6 milhões para apoiar o governo de Arruda.

Aylton Gomes (PR)

Segundo Barbosa, teria recebido propina do esquema de arrecadação do governo de Arruda junto a empresas contratadas.

Rôney Nemer (PMDB)

Citado como receptor de propina. Ex-presidente da Brasiliatur, empresa do governo Arruda responsável pelos eventos de Brasília.

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