sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Lula vai fiscalizar as obras da ferrovia Transnordestina pessoalmente

O Presidente Lula voltou a cobrar agilidade na construção da ferrovia Transnordestina, cujo traçado liga o sertão nordestino aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco. Ontem, durante reunião com ministros, governadores e representantes da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) e da construtora Odebrecht, responsáveis pelas obras da ferrovia, Lula avaliou o andamento da construção e se queixou do atraso do projeto, que sempre considerou uma prioridade do governo. O presidente deixará o cargo em janeiro de 2011 sem conseguir inaugurar um trecho sequer da ferrovia, que consta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Lula, agora, quer fiscalizar as obras pessoalmente. Ontem, acertou com os responsáveis pela construção da ferrovia uma série de visitas aos canteiros de obras localizados em Pernambuco, Piauí e Ceará. Os dois primeiros Estados serão visitados em março e o terceiro em abril. O cronograma foi elaborado em dezembro, quando, irritado com os constantes atrasos, o presidente disse se sentir "enganado". Há dois anos, igualmente irritada com a demora, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ameaçou cassar a concessão da ferrovia.

No encontro de ontem, os empresários fizeram um relato da construção da Transnordestina. Assim que eles concluíram a apresentação, Lula tirou de uma pasta a prestação de contas anterior e mostrou que pouco ou quase nada andou desde a última reunião. Apesar disso, um ministro que participou da conversa informou que os principais obstáculos - ambientais e legais - já teriam sido superados e que, agora, a construção deve avançar de forma mais célere. O presidente cobrou a apresentação de relatórios mensais.

Durante a reunião, que teve a participação dos governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do Piauí, Wellington Dias (PT), analisou-se o trecho da ferrovia que vai de Salgueiro (PE) a Eliseu Martins (PI). Em fevereiro, após o Carnaval, um novo encontro tratará do trecho que beneficia o Ceará. No fim de 2009, os representantes do consórcio reclamaram de dificuldades para a contratação de empreiteiras naquele Estado para tocar as obras.

Apesar da pressa de Lula, o governo não conseguirá concluir a ligação da ferrovia a nenhum dos portos beneficiados pela Transnordestina. Os trechos que levarão as cargas para exportação nos portos de Suape e Pecém só estarão prontos em 2012. Ontem, os executivos do consórcio da Transnordestina informaram ao presidente que um grupo privado instalará em Salgueiro a maior fábrica de dormentes do mundo.

Alguns trechos da obra já começaram a andar em ritmo mais acelerado. Segundo o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, o auge das obras será em julho, gerando 7 mil empregos diretos. A promessa é entregar até dezembro os 300 quilômetros que ligam as cidades de Trindade (PE) - que fica na região onde se produz 95% do gesso brasileiro - a Missão Velha (CE). Em abril deve ser retomado o trecho que liga Maceió ao porto de Suape. "Esse percurso já existia, mas estava fora de operação há quase dez anos. Ele foi bastante destruído durante as enchentes de 2001 na região", informou o governador Eduardo Campos.

Segundo Campos, os responsáveis pelo consórcio admitiram, na reunião de ontem, a possibilidade de adotar um ritmo mais ágil na construção da ferrovia. "Eles elogiaram também a velocidade na liberação dos recursos", afirmou o governador.

Para Campos, a parceria do governo federal com os governos estaduais também ajudará. "Em parceria com o Ibama, estamos tentando liberar de forma mais rápida as licenças ambientais nos trechos que passam pelo Estado de Pernambuco", afirmou. Ele disse também que o governo estadual está se empenhando em aumentar o ritmo das desapropriações de terrenos por onde passarão as linhas da ferrovia. "Construir uma ferrovia é diferente de uma rodovia: a colocação dos trilhos tem de ser feita de uma vez só", ponderou.

Do Valor

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