terça-feira, 25 de maio de 2010

De Khamenei para Lula

Aiatolá Khamenei, para o presidente Lula:
“O que incomoda os EUA é a cooperação entre países independentes”

O presidente do Brasil Luiz Inacio Lula da Silva está em visita nesse domingo ao Irã, em visita considerada a “última chance” para um acordo com a República Islâmica a respeito de seu programa nuclear, antes que a ONU imponha a quarta rodada de sanções contra o Irã.

Lula esteve reunido com o Líder Supremo do Irã, aiatolá Sayyed Ali Khamenei, que comentou “o barulho” que os países ocidentais estão fazendo em torno da visita do presidente do Brasil ao Irã. “Os poderes dominantes, os EUA à frente, não estão gostando de ver surgirem relações de cooperação entre países independentes” – disse o Líder Supremo, em material divulgado pela televisão estatal.

O aiatolá Khamenei elogiou o Brasil como país que não cedeu à chamada “hegemonia” dos EUA e reforçou a importância de se criarem relações mais próximas entre países independentes e não-alinhados.

Para Sua Eminência, o fato de os EUA estarem incomodados com a aproximação entre os países independentes foi a causa da onda de propaganda que se viu, em todo o mundo, antes da visita do presidente do Brasil ao Irã. Nas palavras de Sua Eminência, o caso do Irã mostra que é indispensável resistir à “hegemonia dos EUA e jamais desacreditar do desejo de Deus e da força do povo.”

O presidente Lula disse que estava feliz por ter podido visitar o Irã, e começado a preparar o terreno para a promoção de laços bilaterais. Para o presidente do Brasil, atual ordem mundial é “excludente e opressora” e repetiu que é preciso introduzir mudanças na própria natureza do Conselho de Segurança da ONU, sobretudo no direito de veto de alguns membros. Para Lula, países como o Irã contribuem para a construção de um novo bloco econômico e político, e a República Islâmica tem o direito de defender a própria independência em todos os fóruns de negociação.

A mídia estatal iraniana registrou que, nos primeiros contatos entre os presidentes do Brasil e do Irã, todos falaram sobre ampliar laços comerciais e diplomáticos, mas não discutiram a questão nuclear.

O presidente Ahmadinejad “agradeceu ao presidente do Brasil o apoio à defesa dos interesses iranianos e a posição do governo brasileiro, de trabalhar para um mundo melhor e mais justo”, lê-se em postado na página Internet da presidência do Irã. “A verdade é que alguns países, que dominam a ‘mídia’ mundial e os centros econômicos e políticos, não querem que o resto do mundo avance. Mas, juntas, as nações independentes podem vencer essas condições injustas e construir meios para que todos possamos progredir”, disse o presidente iraniano (em http://www.presiden t.ir/en/? ArtID=21860) .

Lula sempre teve posições favoráveis à atividade nuclear iraniana para fins pacíficos e várias vezes declarou que Teerã tem direito de usar a energia nuclear e que mais sanções econômicas ou não terão efeito algum, ou serão contraproducentes. Em Moscou, a caminho para Teerã, Lula disse a repórteres que está “otimista” e que espera conseguir construir um acordo que satisfaça todos os interesses.

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