As empresas de telefonia ficaram "decepcionadas" com a divulgação do Plano Nacional de Banda Larga feita ontem pelo Palácio do Planalto e já cogitam recorrer à Justiça para tentar impedir a Telebrás de oferecer o serviço de internet rápida aos usuários finais.
Ontem, enquanto os ministros divulgavam os detalhes do plano, no Palácio do Planalto, os presidentes das grandes empresas de telefonia fixa e celular (Oi, Telefônica, Embratel, GVT, Vivo, TIM, Claro e CTBC) faziam uma teleconferência para discutir a decisão do governo de usar a Telebrás como gestora da banda larga pública.
Segundo executivos ouvidos ontem pela Folha, a reativação da Telebrás uniu tradicionais concorrentes, como Embratel, Oi, Telefônica e GVT, que se sentem igualmente ameaçadas pela perspectiva de terem concorrência estatal no segmento de banda larga.
Anteontem à noite, a Telebrás havia informado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e à Bovespa que integrará o Plano Nacional de Banda Larga e que caberá a ela, entre outras tarefas, implementar a rede privativa de comunicação da administração pública federal e prestar serviço de conexão à internet em banda larga para usuários finais em localidades onde não exista oferta adequada do serviço.
A primeira reação das empresas ao anúncio do plano do governo foi contratar pareceres de advogados renomados sobre a legalidade de a Telebrás oferecer o serviço.
O entendimento delas é que a lei que criou a Telebrás não daria tal cobertura, e a estatal só poderia operar a rede de banda larga com autorização do Congresso Nacional, por meio de uma nova lei.
Para as empresas, a reativação da Telebrás como prestadora de serviço seria uma quebra nos compromissos assumidos pelo governo brasileiro por ocasião da privatização da telefonia, em 1998.
Em nota, o Sinditelebrasil (Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal) disse, ontem, que a inclusão da Telebrás no Plano Nacional de Banda Larga tem de obedecer ao arcabouço legal e que as regras definidas na Lei Geral de Telecomunicações só podem ser alteradas pelo Legislativo. Segundo a entidade, as empresas privadas investiram R$ 180 bilhões no setor, desde a privatização.
As teles justificam o uso do recurso judicial com o argumento de que têm o dever de proteger os interesses de seus acionistas, que estariam sendo ameaçados pelo plano.Elas discordam de que a Telebrás se torne a única provedora de serviço de comunicação para a administração pública direta, que gera uma receita anual de R$ 200 milhões.
Alegam que o provedor deveria ser escolhido por licitação pública e que a Telebrás poderia concorrer, desde que tivesse o mesmo tratamento tributários dado aos demais concorrentes privados.
Do Estado
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