domingo, 16 de maio de 2010

Pesquisa Ibope: Por que Dilma parou de crescer? Porque o Grau de conhecimento de Dilma pelos eleitores estagnou!


Abaixo, vou comentar a nova pesquisa Ibope em detalhes. Vou analisar apenas os dados relativos às candidaturas de Serra, Dilma e Marina, pois Ciro não será candidato, já que seu partido, o PSB, irá apoiar Dilma.

Para começar, já vou dizendo que, diferentemente do Datafolha, o Ibope respeitou a divisão do eleitorado brasileiro por regiões do país e que foi a seguinte:

Sul - 14%;
Sudeste - 44%;
Norde/Centro- Oeste - 15%;
Nordeste - 27%.

Portanto, não existem reparos a serem feitos a respeito deste assunto.

Logo, vamos analisar alguns dados importantes da pesquisa propriamente dita.

1) Voto espontâneo:

Lula - 16% (23% em Fevereiro/2010) ;
Dilma - 15% (9% em Fevereiro/2010) ;
Serra - 14% (10% em Fevereiro/2010) .

É incrível, mas faltando menos de seis meses para o 1o. turno da eleição presidencial, uma parcela expressiva de eleitores ainda deseja votar no Presidente Lula, embora ele não possa mais ser candidato.

Isso é uma boa notícia para a ex-ministra Dilma, pois é evidente que se temos tantos eleitores com uma vontade tão grande de votar em Lula, a partir do momento em que estes eleitores ficarem sabendo que Dilma é a candidata apoiada pelo Presidente, então, é claro, há uma possibilidade muito grande de que este eleitorado migre para Dilma.

Caso isto aconteça, ela subirá para 31% das intenções de voto, deixando Serra bem para trás.

Mas, note-se que o percentual de votos em Lula caiu de 23% para 16% em dois meses. Isso mostra que o eleitor está, aos poucos, descobrindo que o Presidente não poderá ser candidato nesta eleição. Coincidência ou não, Dilma cresceu de 9% para 15% no mesmo período.

Assim, verifica-se, de forma clara, uma transferência progressiva de votos do Presidente Lula para Dilma, à medida que o eleitorado vai descobrindo que Lula não pode ser candidato e que Dilma é apoiada por ele. Tanto isso aconteceu que a queda de Lula foi de 7 p.p. e a ascensão de Dilma foi de 6 p.p.

Com a aproximação da data das eleições é claro que esse movimento de transferência de votos de Lula para Dilma irá se intensificar cada vez mais, fortalecendo a candidatura da ex-ministra.

Quanto à Serra, ele cresceu 4 p.p. em relação à pesquisa de Fevereiro e é claro que isso se deve ao fato dele ter, finalmente, lançado a sua candidatura à Presidência da República.

2) Grau de conhecimento dos candidatos pelos eleitores:

A) Conhece bem:

Serra - 29% (31% em Fevereiro/2010) ;
Dilma - 14% (13% em Fevereiro/2010) ;
Marina - 7% (7% em Fevereiro/2010) .

B) Conhece mais ou menos:

Serra - 40% (44% em Fevereiro/2010;
Dilma - 33% (33% em Fevereiro/2010) ;
Marina - 18%(19% em Fevereiro/2010) .

C) Conhece só de ouvir falar:

Serra - 30% (24% em Fevereiro/2010) ;
Dilma - 45% (43% em Fevereiro/2010) ;
Marina - 46% (41% em Fevereiro/2010) .

D) Nunca ouviu falar:

Serra - 1% (1% em Fevereiro/2010) ;
Dilma - 7% (10% em Fevereiro/2010) ;
Marina - 28% (31% em Fevereiro/2010) .

Os dados acima mostram que Serra já é conhecido por 69% dos eleitores. Mas, no caso de Dilma isso é verdade apenas para 47%, o que é menos da metade, portanto. E Marina é conhecida por apenas 25% dos eleitores. E mesmo sendo bem menos conhecida pelo eleitorado do que Serra (é uma diferença de 22 p.p. entre os dois neste quesito: 69% para Serra e 47% para Dilma) a diferença de intenção de voto entre os dois é de apenas 7 p.p. (Serra 36% X 29% Dilma).

Isso mostra que Dilma tem um potencial de crescimento muito maior do que Serra, principalmente porque será a candidata apoiada pelo Presidente Lula e porque grande parte dos eleitores que aprovam o governo deste e que desejam a continuidade do mesmo ainda não conhecem Dilma e sequer sabem que ela tem o apoio de Lula, como veremos depois.

E o fato de Marina ser conhecida por apenas 25% dos eleitores é algo perfeitamente normal para quem nunca disputou uma eleição presidencial e foi ministra do governo Lula, mas sem chamar tanta atenção quanto Dilma, que exerceu funções de coordenação de programas importantes do governo Lula (Minha Casa, Minha Vida; PAC e Pré-Sal), tem o apoio do Presidente Lula e que foi escolhida pré-candidata presidencial pelo PT.

E entre Fevereiro e Abril deste ano, o grau de conhecimento de Dilma pelo eleitorado quase não variou. Na verdade, ele ficou estagnado. Afinal, os que dizem que a conhecem passaram de 46% para 47%. Isso talvez explique porque Dilma parou de crescer em algumas pesquisas mais recentes. Afinal, como o eleitorado poderá optar pela sua candidatura se ainda não a conhecem, não é mesmo?

Portanto, para que Dilma volte a crescer nas pesquisas, será necessário torná-la melhor e mais conhecida pelo eleitorado brasileiro. Se isso não acontecer, Dilma deverá continuar com o mesmo patamar de intenção de votos que possui hoje.

Já no caso de Serra, ocorreu um fenômeno estranho nesta pesquisa Ibope, com o índice dos eleitores que dizem conhecê-lo caindo de 75% para 69% entre Fevereiro e Abril deste ano.

Já quando se considera a renda do eleitor, descobre-se o seguinte a respeito de Dilma:

Até 1 salário mínimo - 71% não a conhecem (58% a conhecem só de ouvir falar e outros 13% nunca tinham ouvido falar dela).

Entre 1 e 2 salários mínimos - 58% não a conhecem (51% a conhecem só de ouvir falar e outros 7% nunca tinham ouvido falar dela).

Logo, há um elevado grau de desconhecimento em relação à Dilma por parte do eleitorado de menor renda e é justamente nesta faixa de eleitores que o Presidente Lula é mais popular e que o desejo de continuidade do seu governo é muito mais forte (ver mais abaixo).

Quanto às regiões do país, o resultado foi o seguinte:

Nordeste - 66% não conhecem Dilma (55% só a conhecem de ouvir falar e outros 11% nunca ouviram falar dela);
Norte/Centro- Oeste - 52% não conhecem Dilma (46% a conhecem só de ouvir falar e outros 6% nunca ouviram falar dela);
Sudeste - 48% não conhecem Dilma (42% a conhecem só de ouvir falar e outros 6% nunca ouviram falar dela);
Sul - 41% não conhecem Dilma (38% a conhecem só de ouvir falar e outros 3% nunca ouviram falar dela).

É espantoso, nesta pesquisa, descobrir que 2/3 dos eleitores nordestinos ainda não conhecem Dilma. E mesmo no Norte/Centro- Oeste e no Sudeste este índice também é bastante elevado (52% nas duas primeiras regiões e 48% no Sudeste).

E novamente constata-se que é nas regiões onde Dilma aparece melhor nas pesquisas (Nordeste e no Norte/Centro- Oeste) que o grau de conhecimento dela pelos eleitores é menor, mostrando que ela ainda tem um grande potencial para crescer nas mesmas.

3) Índice de Rejeição:

Serra - 32% (29% em Fevereiro/2010) ;
Dilma - 34% (35% em Fevereiro/2010) ;
Marina - 43% (39% em Fevereiro/2010) .

Neste quesito, surge um dado estranho no caso de Marina. É que apenas 25% dos eleitores dizem conhecê-la, mas 43% dizem que a rejeitam. Mas, como um eleitor pode rejeitar uma candidata ou um candidato que não conhece? O mais lógico seria ele dizer não sabe ou não responder quando questionado se poderia ou não votar neste (a) candidato (a). Será que o Ibope poderia explicar essa contradição?

Quanto à Serra e Dilma, não há real diferença real entre a rejeição de ambos (32% para Serra e 34% para Dilma). Mas, como Dilma é menos conhecida pelos eleitores, ela ainda tem condições de reduzir esse índice. Como Serra é bem mais conhecido, essa possibilidade é mais remota.

E é bom notar que enquanto a rejeição de Serra subiu 3 p.p. entre Fevereiro e Abril, a de Dilma oscilou 1 p.p. para baixo. Vamos aguardar a próxima pesquisa Ibope para ver se essa tendência terá continuidade ou não.

4) Opinião sobre quem será o próximo Presidente:

Serra - 43% (Fev/2010 - 45%);
Dilma - 34% (Fev/2010 - 26%).

Neste aspecto, tivemos uma alteração significativa, pois a diferença entre aqueles que acreditam que Serra será o próximo Presidente e os que dizem que será Dilma teve uma queda de 10 p.p. (era de 19% em Fevereiro e é de apenas 9% agora).

Assim, um percentual cada vez maior de eleitores acredita na vitória de Dilma, o que é importante, já que temos muitos eleitores que não gostam de 'perder o voto', ou seja, de votar em um (a) candidato (a) sem chances de vitória.

5) Opinião sobre a mudança ou continuidade do governo do país:

Mudar tudo - 9% (10% em Fevereiro/2010) ;
Mudar muitas coisas - 24% (25% em Fevereiro/2010;
Mudar poucas coisas - 30% (29% em Fevereiro/2010;
Não mudar nada - 35% (34% em Fevereiro/2010) .

Note-se que caiu em 2 p.p. (de 35% para 33%) os eleitores que querem mudar tudo ou quase tudo no país e subiu em 2 p.p. os que desejam manter tudo ou quase tudo como está. Esta é uma informação que mostra o quanto é sólida a popularidade do Presidente Lula e do seu governo, o que irá beneficiar a candidatura de Dilma, é claro.

Quanto à Serra, ele terá que se equilibrar numa corda bamba, literalmente, durante toda a campanha eleitoral.

Caso Serra decida elogiar muito o governo Lula, o eleitor poderá pensar algo como: "Bem, se até o Serra diz que o governo Lula é tão bom, então eu irei votar na Dilma, que é a candidata do Presidente, oras!.

E caso Serra decida ser muito crítico em relação ao governo Lula, então ele entrará em choque direto com quase 2/3 dos eleitores brasileiros que desejam a continuidade do governo Lula e estará cavando o próprio buraco no qual irá enterrar a sua candidatura.

Neste aspecto, o resultado da pesquisa Ibope é amplamente favorável à candidatura de Dilma, que é a candidata apoiada pelo Presidente Lula, já que 65% dos eleitores não querem mudança alguma no país ou querem que mude muito pouco a situação do mesmo.

Aliás, é justamente entre o eleitorado de baixa renda que o desejo de continuidade é mais forte.

Afinal, 72% dos eleitores que ganham até 1 salário mínimo mensal desejam a continuidade do governo Lula. E este índice chega a 67% entre os eleitores que recebem entre 1 e 2 salários mínimos. E entre os eleitores que ganham entre 2 e 5 salários mínimos este percentual é de 61%.

Logo, quanto menor a renda do eleitor maior é o desejo de continuidade em relação ao governo Lula, comprovando que esta parcela da população foi bastante beneficiada pelas políticas e pelos programas implantados pelo atual governo do país.

Já entre as regiões do país, o desejo de continuidade é o seguinte:

Nordeste - 78%;
Norte/Centro- Oeste - 65%;
Sul - 61%;
Sudeste - 57%.

E o percentual de 33% de eleitores que desejam mudar tudo ou quase tudo no país explica porque Serra se mantém com índices elevados de intenção de voto, em todas as pesquisas, pelo menos neste momento, pois ele se beneficia com o fato de que é o único candidato de oposição ao governo do Presidente Lula.

E mesmo que Serra faça declarações elogiando o Presidente Lula e o governo deste, dificilmente ele perderá estes votos pois tais eleitores não terão a quem recorrer caso decidam não votar em Serra. Ou eles votam em Serra ou não votam em ninguém. Simples, assim.

Mas, caso Dilma conquiste o voto de 77,1% dos eleitores que desejam a continuidade do governo Lula (e que é 65% do total), ela será eleita Presidente da República com 50,1% dos votos. Penso que é muito grande a probabilidade disto acontecer. Afinal, Dilma não é uma candidata que desperte ódio, rancor ou antipatia entre os eleitores. Muito pelo contrário: Nas oportunidades em que, até o momento, ela teve contato direto com a população, Dilma se saiu muito bem, mesmo na ausência do Presidente Lula.

Logo, a grande e principal tarefa da campanha de Dilma é convencer o eleitor brasileiro de que ela é quem garantirá a continuidade dos programas e obras do atual governo e que Serra representa, de alguma forma, uma ameaça aos mesmos.

Neste sentido, a campanha de Dilma deveria bater bastante na tecla de que Serra é um lobo em pele de cordeiro e todas as declarações dele com críticas ao governo do Presidente Lula deveriam ser intensamente exploradas.

E as afirmações feitas por aliados de Serra com críticas ao governo Lula (como a de Sérgio Guerra dizendo que o PAC não existe) também deveriam ser fortemente exploradas pela campanha da candidata do PT.

Isso jogará Serra na defensiva e quanto mais ele tiver que se explicar a respeito destas declarações desastrosas, pior será para ele.

Portanto, mesmo que ainda esteja 7 p.p. atrás de Serra na pesquisa estimulada, o fato é que a nova pesquisa Ibope trouxe informações e dados bastante positivos para a candidatura de Dilma.

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