quarta-feira, 26 de maio de 2010

Efraim Morais cada vez mais enrolado

A Polícia Legislativa do Senado descobriu fraude na documentação de posse das funcionárias fantasmas Kelly Janaína Nascimento da Silva, 32 anos, e Kelriany Nascimento da Silva, 33 anos. Os agentes investigam participação do gabinete do senador Efraim Morais (DEM-PB) na utilização de documentos falsos que possibilitaram as nomeações irregulares. Depois da denúncia das irmãs, feita na 13ª DP (Sobradinho) , os agentes da polícia do Senado realizaram buscas de documentos no gabinete de Efraim para apurar irregularidades na nomeação.

Ontem, um contínuo do gabinete de Efraim prestou depoimento aos policiais. O funcionário terceirizado Gilberto Rocha da Mota aparece como procurador de Kelly e Kelriany no registro de posse das duas irmãs. Kelriany afirmou ao Correio que não conhece Gilberto e que não assinou a procuração específica de posse, documento obrigatório para permitir que outra pessoa assine a nomeação. “Nunca ouvi falar. A única procuração foi assinada para a Kátia. O negócio está feio. Como pode uma pessoa tomar posse para duas?”, indagou a estudante. Kátia da Conceição Bicalho, irmã da suposta bacharela em direito Mônica da Conceição Bicalho, funcionária comissionada do gabinete apontada como responsável pelas fraudes, tinha procuração das duas irmãs para movimentar a conta-corrente onde os salários eram depositados.

As irregularidades no gabinete de Efraim já provocam constrangimentos nos colegas. O primeiro secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), critica o modo como o correligionário administra as nomeações e o controle de funcionários. De acordo com Heráclito, a responsabilidade pela existência de fantasmas é de Efraim e se o sistema de ponto eletrônico, implantado em fevereiro, fosse seguido, a denúncia envolvendo as estudantes Kelly e Kelriany não aconteceria. “Cada gabinete tem seu corpo de funcionários e o senador é responsável direto por eles. Vamos ver qual sistema ele (Efraim) usava. Se tinha ordenador de frequência”, disse. “Não sei como é no gabinete dele, o meu eu fiscalizo. Sei quem está trabalhando, não aceito ninguém que não queira trabalhar e sempre tem alguém para acompanhar no estado. Só pessoas que não têm condições de bater ponto, motorista, secretário, assessor particular, devem ser liberadas. A liberação é para ser uma exceção, não uma regra”, completou.

Dos 50 funcionários do gabinete de Efraim, 43 têm o ponto liberado pelo senador. Entre eles, Kelly, a ex-assessora Mônica e duas pessoas da sua família. Por meio de sua assessoria, o senador nega as acusações. De acordo com o gabinete, Efraim está “incomunicável” e vai passar o fim de semana em fazenda do município de Santa Luzia, cidade natal do parlamentar no interior da Paraíba.

Quinta-feira, as funcionárias fantasmas prestaram depoimento de aproximadamente oito horas na polícia do Senado. De acordo com as informações prestadas pelas estudantes, a polícia teria concluído que a posse de Kelly e Kelriany foi “fraudulenta”. O advogado das irmãs, Geraldo Faustino, afirma que as duas entregaram a Mônica, que teria intermediado a contratação, apenas cópias da identidade, CPF, título de eleitor e a procuração para movimentar a conta em que o salário era depositado. Segundo o advogado, Kátia levou as duas pessoalmente ao hospital para fazer exame médico e não entregou nenhuma guia de exame admissional às estudantes. Apenas Kelriany teria fornecido fotos e ninguém mostrou comprovante de residência.

De Josie Jeronimo

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