sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tabagismo mata 200 mil pessoas por ano no Brasil

Apesar dos números alarmantes de mortes decorrentes do tabagismo - cerca de 200 mil pessoas são vítimas do tabaco todos os anos no Brasil e mais de 5 milhões morrem no mundo - no próximo Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado no dia 31 de maio, há motivos para comemorar. Isso porque, segundo dados do Ministério da Saúde, houve queda de 43,4% no consumo de cigarros no Brasil em 20 anos.

Entre os jovens, o índice foi ainda maior: existem 50% menos jovens fumantes do que em 1990. De acordo com estudo divulgado em 2009, o Vigitel, 14,8% dos jovens entre 18 e 24 anos tinham o hábito de fumar em 2008, contra 29% em 1989. O índice nacional é de 16,1%.

Foco nas mulheres

Neste ano, o tema do Dia Mundial Sem Tabaco escolhido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é "Gênero e tabaco com uma ênfase no marketing para mulheres". O foco da campanha é coibir o apelo de marketing da indústria do tabaco para aumentar a comercializaçã o de cigarros entre o sexo feminino.

Dados da entidade revelam que o número de mulheres fumantes é relativamente menor que o dos homens. Estima-se que entre 1 bilhão de fumantes no mundo, apenas 200 milhões são mulheres. Elas são, portanto, uma grande possibilidade de expansão do mercado consumidor de produtos de tabaco.

Dos mais de 5 milhões de pessoas que morrem a cada ano pelo uso do tabaco, cerca de 1,5 milhões são mulheres. A menos que sejam tomadas medidas urgentes, o uso do tabaco poderá matar mais de 8 milhões de pessoas até 2030, dos quais 2,5 milhões serão mulheres. Cerca de três quartos dessas mortes poderão ocorrer em mulheres de baixa renda e nos países de renda média.

"As mulheres ainda são minoria, mas em cerca de 20 anos o número de mulheres fumantes dobrou", revela o primeiro-secretá rio da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), Oscarino Barreto. Segundo ele, a progressiva inserção da mulher no mercado de trabalho e na sociedade pode ter contribuído para o aumento no índice. "Observamos também que mais mulheres estão desenvolvendo câncer nos últimos anos e isso pode ter relação direta com o cigarro", aponta.

Campanhas ajudam a deixar o vício

Para o presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo), Cid Carvalhaes, campanhas como o Dia Mundial Sem Tabaco ajudam os fumantes a largar o vício e procurar ajuda médica.

"Antigamente, nos filmes dos anos 40 e 50, praticamente todos os personagens fumavam, empregando ao cigarro um status importante no comportamento. Hoje em dia, fumar virou politicamente incorreto", explica o médico. Outra contribuição são as leis que proíbem o fumo em ambiente fechados e públicos.

O Estado de São Paulo sancionou a Lei Antifumo em agosto do ano passado. A medida acompanha uma tendência internacional de restrição ao fumo, adotada em cidades como Nova York, Londres, Paris e Buenos Aires. "A lei estadual ajudou muito, porque no primeiro momento ninguém queria levar multa. Gradualmente as pessoas perceberam os benefícios de um ambiente livre do cigarro", diz Carvalhaes.

Apesar das campanhas, largar o cigarro não é fácil. Um estudo da OMS apontou que, em média, os efeitos do tabaco no organismo só desaparecem após 20 anos do fumante largar o vício. "Se as pessoas soubessem o que o cigarro causa no nosso corpo, certamente nunca chegariam perto do tabaco", afirma o presidente do Simesp.

Entre os problemas de saúde estão dificuldade circulatória, inflamações nas artérias, infarto agudo do miocárdio, obstrução das artérias cerebrais, câncer de pulmão e doenças pulmonares graves, como o enfisema pulmonar. O Brasil gasta cerca de 5 bilhões com doenças decorrentes do cigarro todos os anos.

Dicas para parar de fumar

Deixar de ascender um cigarro é difícil, mas não uma missão impossível. "O principal é a vontade do fumante em parar. A família, nessa hora, é fundamental no sentido de dar apoio à decisão", garante Oscarino Barreto.

O médico separou algumas dicas que ajudam o fumante em sua luta diária:
- Fumar o primeiro cigarro do dia o mais tarde possível;
- Evitar fumar último cigarro do dia perto da hora de dormir;
- Evitar fumar após o café (não há relação científica entre nicotina e cafeína, mas há uma questão cultural no hábito de ascender o cigarro após a ingestão do café);
- No momento em que atingir a meta de 10 cigarros por dia, parar completamente de fumar.

Caso o fumante não consiga largar o vício sozinho, deve procurar seu médico e tentar frequentar grupos antitabagismo. "Nestes grupos são fornecidos chicletes e adesivos de nicotina que ajudam, além do apoio psicológico", destaca Barreto.

De Angela Martins

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