domingo, 16 de maio de 2010

‘Muito mais é possível’, anota o plano de Mercadante


O PT formaliza neste sábado a pré-candidatura de Aloizio Mercadante para o governo de São Paulo. Estarão presentes, além do candidato, Lula e a presidenciável Dilma Rousseff.



Será divulgado documento com as diretrizes do candidato. Traz na capa a inscrição: “Muito mais é possível”. Em discurso, Mercadante vai enunciar um lema: “São Paulo com tudo o que tem direito”.



O senador concedeu uma entrevista ao blog. Defende para o Estado algo que o PT tenta evitar na esfera federal: a alterbnância do poder. Aposta na transferência de prestígio de Lula para suplantar o favoritismo do rival tucano Geraldo Alckmin, dono de índice de intenção de voto ao redor de 50%.



Junto com Mercadante, o PR lançará Marta Suplicy para o Senado. Abaixo, a entrevista na qual Mercadante expôs sua estratégia e seus planos de governo:





- Na eleição de 2006, obteve 32% dos votos. De onde virão os outros 20%? Entrei com 12% e terminei com 32%, o melhor resutado da história do PT.

- O que o faz crer que pode vencer agora? Primeiro, a unidade do PT. Fato inédito. Segundo, construímos um leque de alianças que jamais tivemos no Estado. Isso vai nos dar tempo de TV muito maior. Teremos também o apoio de todas as centrais sindicias. E vivemos um momento em que o Lula tem a melhor avaliação que um presidente já teve na história.

- O prestígio de Lula será transferido para sua candidatura? É evidente que o apoio do Lula contribui. E muito. Entramos o ano com a economia crescendo a uma taxa de 7%. E Muitas das realizações ocorrem em São Paulo.

- Por exemplo. Há 72 mil casas contratadas, em fase de execução. Mais 80 mil em fase de análise na Caixa. A média do governo estadual é da ordem de 20 mil casas ano. Geramos 176 mil bolsas de estudo do Prouni em São Paulo. Cinco universidades federais. Expandimos a rede de escolas técnicas federais. Ampliamos as verbas da saúde e da educação.

- Geraldo Alckmin aparece nas pesquisas com 50%. Como convencerá o eleitor de que é uma opção melhor? Pesquisa mede o momento. Se olharmos a eleilção para prefeitura, em 2008, o Alckmin saiu de 45% e chegou 22%. Não foi ao segundo turno.

- Mas elegeu-se Gilberto Kassab, do DEM, apoiado por José Serra. É verdade, mas as pesquisas mostram que a avaliação do desempenho do governo municipal é, hoje, declinante. Há uma insatisfação profunda com a cidade.

- Será uma eleição fácil? É evidente que é uma eleição difícil. A nossa história mostra isso. Mas o Lula, que sempre teve dificuldades eleitorais no Brasil e em São Paulo tem os méritos reconhecidos por todos. Por que São Paulo não pode dar uma chance pra gente governar o Estado como deu pro Lula governar o Brasil?

- A popularidade de Lula já era alta em 2008. E o eleitor não deu a Marta Suplicy uma chance. Preferiu Kassab. É verdade. Mas ela foi para o segundo turno. Ela tinha uma experiência de governo em São Paulo que, hoje, é mais bem avaliada do que foi há um ano e meio. Várias coisas prometidas não aconteceram. Quando o governo federal desonerava a produção, São Paulo onerou a carga tributária. Tivemos um brutal aumento do IPTU. E a eleição para o governo não é a mesma coisa que o pleito municipal.

- Além do universo geográfico, o que há de diferente? A avaliação do governo Lula em São Paulo, em 2006, estava abaixo da média nacional. A taxa de ótimo e bom era inferiror a 40%. Hoje está em torno de 70%. Todos os dados nos favorecem.

- Que dados? Na área da saúde, governo FHC repassou, em 2002, R$ 383 milhões para o SUS em São Paulo. Lula está repassando R$ 3,9 bilhões. Um salto de 1000%. Entregamos 397 ambulâncias do Samu. E o governo do Estado não participa do co-financiamento. Fizemos 97 Unidades de Pronto Atendimento de Saúde. De novo, sem a co-participaçã o do Estado. Queremos demonstrar que, em parceria, podemos fazer muito mais em São Paulo.

- Como defender a alternância de poder que o PT recusa no plano federal? Estamos falando de pouco mais de sete anos de Lula em Brasília e 27 anos de mesmice em São Paulo.

- Não são 14 anos de tucanato? Com o PSDB vem desde 1994. Mas o Aloísio [Nunes Ferreira] era vice do Fleury. O [Alberto] Goldman era secretário do [Orestes] Quércia, que está com eles agora. O Serra e o Paulo Renato foram secretários de Educação e Planejamento do [Franco] Montoro, em 1983. É o mesmo grupo político, que foi se alternando. O Alckmin ficou seis anos como vice do [Mario] Covas e mais seis anos como governador.

- O que deve ser mudado? Na área da educação, os indicadores de São Paulo estão abaixo da média nacional. Leitura, ciências, matemática... A insatisfação dos professores é latente. Não adianta tentar dizer que a greve foi política.

- Quem diz é o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Durante cinco anos, de 2006 a 2010, os professores só tiveram reajuste linear de 5%. Não cobre nem a inflação. Como dizer que a greve é política?

- Serra instituiu o reajuste por metas. Acha ruim? Pagar um aditivo salarial por desempenho é um caminho que deve ser valorizado. A divergência não está aí. Não é aceitável que o professor tenha em São Paulo o 14º piso salarial do Brasil. Além disso, só 20% da categoria pode receber o bônus. Recebeu, só pode receber de novo dali a quatro anos. Conosco, haverá uma mesa de diálogo permanente. Educação é obra coletiva. A outra face desse problema, é o agravamento da criminalidade.

- Faz uma ligação entre escola e violência? A ligação é óbvia. A falta de escola atraente empurra o jovem para a droga, principalmente o crack, que abre caminho para o crime. Todos os indicadores de segurança pública do Estado pioraram em 2009. Os delegados voltaram a fazer operação padrão. Falta policiamento ostensivo. Temos 159 mil presos. Um excedente de 59 mil acima da capacidade. E a polícia prende mais dois presídios por mês.

- Qual é a solução? Separar os presos por grau de periculosidade: primários, reincidentes não perigosos, perigosos e chefes do crime organizado. Prover trabalho e educação como critérios para progressão de pena. E introduzir monitoramenteo eletrônico de presos. Sob monitoramento, os que não oferecem risco à vida não precisam ficar presos aguardando o julgamento.

- E quanto à área de transportes? É outro problema dramático. Pesquisa Ibope mostra que, na capital, as pessoas perdem, em média, 2h43m no trânsito por dia. Algo como 35 dias por ano. A solução passa pelo investimento pesado em transporte sobre trilhos, metrô e ônibus. Sob o PSDB, em 14 anos, construiu-se uma méida de 1,2 km de metrê ano. Temos, hoje, 63 km de metro. Santiago tem 80 km. A Cidade do México, 230 km. Junto com o Rodoanel, deveria ter sido feito o Ferroanel. Cerca de 28% da população anda de ônibus. E não construíram os corredores exclusivos. Sobra o automóvel. Há 7 milhões de carros na cidade. É preciso combinar os investimentos em transporte a uma política urbana.

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