Em ano eleitoral, até elogio é visto com desconfiança. A deputada federal Fátima Bezerra, do PT, por exemplo, reagiu contra um "aliado" repentino. Até aceitou o afago que considera tardio, mas não deixou de tachar de oportunista o antigo adversário da política potiguar, José Agripino Maia, líder do Democratas no Senado.
Em conversa com Terra Magazine, ela comentou a entrevista do rival ao Jornal 96, da rádio 96 FM, de Natal, nesta sexta-feira, 12. "O senador está sendo obrigado a reconhecer o bom governo que o presidente Lula vem fazendo. Agora, a atitude a estas alturas - eu sou muito sincera - está impregnada de oportunismo político-eleitoral" , bradou.
Ao escutar as loas de Agripino, a parlamentar estranhou: "A notoriedade que o senador ganhou na mídia, nestes oito anos, foi em função exatamente da oposição raivosa que fez ao governo do presidente Lula, de forma até caluniosa e tudo".
Para ela, o democrata evita manter os ataques ao governo federal para não se desgastar com o eleitorado potiguar, que registraria alta aprovação ao presidente da República. "Ele disse claramente que o governo Lula tinha mais acertos do que erros. Citou o 'Bolsa Família', o 'Minha Casa, Minha Vida', o aumento do salário mínimo, reconheceu que o governo Lula tem sido bom para o Brasil", reproduziu.
Sua memória não foi capaz de recuperar comportamento parecido. "É a coisa mais rara do mundo, eu não tenho lembrança de ter visto o senador na tribuna do Senado fazendo algum elogio ao governo Lula", afirmou. "O que não faz o medo de perder uma eleição?", ironizou.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - Como a senhora viu essa mudança de posição do senador Agripino Maia?
Fátima Bezerra - Primeiro, é o reconhecimento. O senador está sendo obrigado a reconhecer, como está a maioria do povo brasileiro e como está a maioria da população norte-rio-grandense , o bom governo que o presidente Lula vem fazendo. Agora, a atitude do senador a estas alturas - eu sou muito sincera - está impregnada de oportunismo político-eleitoral.
Por quê?
José Agripino passou os oito anos, no Congresso Nacional, fazendo aquela oposição raivosa, berrando contra o governo Lula, contra tudo o que o governo Lula fez ao longo destes oito anos. E agora ele vem, de público, dizer que o governo Lula tem muito mais acertos do que erros. Mesmo sendo uma atitude impregnada de oportunismo político-eleitoral, antes tarde do que nunca.
A senhora lembra de algum ponto específico de contradição?
Que eu saiba, durante os oito anos, a própria imprensa nacional acompanhou muito bem isso. É a coisa mais rara do mundo, eu não tenho lembrança de ter visto o senador na tribuna do Senado fazendo algum elogio ao governo Lula. De maneira nenhuma. Muito pelo contrário. Claro que a oposição tem que fazer o papel dela, mas a notoriedade que o senador ganhou na mídia, nestes oito anos, foi em função exatamente da oposição raivosa que fez ao governo do presidente Lula, de forma até caluniosa e tudo. Bateu fortemente, nunca vi reconhecer os acertos do governo Lula. Quando é agora, na disputa político-eleitoral, ele vem dizer que o governo Lula tem mais acertos do que erros. O que não faz o medo de perder uma eleição?
Qual é a estratégia do senador ao mudar de posição, visando às eleições?
O presidente Lula aqui, como no resto do País, meu querido, tem mais de 70% de aprovação. Claro que o quadro aqui está definido, segue a mesma lógica nacional. O DEM aqui está junto com o PSDB, são os nossos principais adversários no plano local. A candidata a governadora deles é a senadora Rosalba Ciarlini, do DEM.
Para ficar claro, então, a senhora acredita que o senador Agripino elogia
o presidente Lula para não perder votos no Rio Grande do Norte?
Mas é claro que, sim, meu querido. É a conclusão mais plausível que todos nós temos. O presidente, com a popularidade que ele tem em todo o País e aqui... Todas as pesquisas de opinião feitas no Rio Grande do Norte atestam a aprovação recorde de seu governo bem como a aprovação ao próprio presidente Lula. É por isso que a atitude dele (Agripino) tem muito do senso do oportunismo político-eleitoral.
A senhora escutou a entrevista em que ele muda de posição?
Escutei parte dela. O repórter perguntou sobre o governo Lula, que os comentários é que ele (Agripino) já tinha começado a baixar o tom no Congresso Nacional, e, à medida em que a eleição se aproximava, como ele via. Foi aí que ele disse claramente que o governo Lula tinha mais acertos do que erros. Citou o "Bolsa Família", o "Minha Casa, Minha Vida", o aumento do salário mínimo, reconheceu que o governo Lula tem sido bom para o Brasil. Essa é a contradição. Mas, como eu disse, antes tarde do que nunca.
Do Terra Magazine
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