Em público, o PSDB diz que foi adiado para maio o debate sobre a escolha do candidato a vice na chapa de José Serra.
Nos subterrâneos, a discussão corre solta. A última cogitação do tucanato é a de acomodar ao lado de Serra uma mulher.
Encontra-se sobre a mesa o nome da senadora tucana Marisa Serra (MS), atual vice presidente do PSDB federal. Informado, o DEM torce o nariz.
Parceiros dos tucanos na sucessão presidencial, os ‘demos’ consideram-se como que donos da vaga de vice.
O DEM admitira abrir mão da postulação em favor do grão-tucano Aécio Neves. Mas o governador mineiro refugou a oferta.
Na semana passada, reuniram-se em Brasília, longe dos holofotes, os presidentes do PSDB, Sérgio Guerra, e do DEM, Rodrigo Maia.
O repórter apurou que Maia disse a Guerra o seguinte: o DEM quer a vice. Mas admite abrir mão, desde que se encontre um nome que ajude Serra sem desfavorecer o DEM.
Antes, Rodrigo Maia dizia coisa diferente: Sem Aécio, o vice teria de ser um ‘demo’. Ou seja, houve uma mudança de posição.
Sérgio Guerra quis saber quais seriam as alternativas do DEM. Ouviu meia dúzia de nomes. Três deles teriam “maior densidade eleitoral”
São eles: O ex-prefeito carioca Cesar Maia, o ex-governador baiano Paulo Souto e o senador pernambucano Marco Maciel.
O primeiro prefere concorrer a uma cadeira de senador pelo Rio. E o segundo não abre mão de concorrer ao governo da Bahia.
Quanto a Maciel, teria o inconveniente de empurrar para dentro da chapa de Serra a lembrança da gestão FHC, à qual serviu como vice-presidente.
Descartada essa trinca, foram citados: a senadora Kátia Abreu (TO) e os deputados Ronaldo Caiado (GO) e José Carlos Aleluia (BA).
Kátia e Caiado, por seus notórios vínculos com o setor rural, são descartados pelo tucanato. Avalia-se que puxariam a chapa de Serra para a “direita”.
Restou Aleluia. Trata-se de deputado dotado de raro preparo intelectual. ‘Demos’ e tucanos reconhecem-lhe os méritos. Porém...
Porém, para o desafio da vice, Aleluia não é unanimidade nem no DEM. Avalia-se que, do ponto de vista eleitoral, agregaria pouco.
A lista incluía um sétimo nome: José Agripino, líder do DEM no Senado. Tem trânsito fácil no PSDB. Mas, consultado em termos definitivos, disse que não quer ser vice.
Resumindo: só em teoria o DEM dispõe de “muitos nomes”. Na prática, não tem nenhum. Por isso aceitou analisar nomes alheios aos seus quadros.
Na negociação com os tucanos, os ‘demos’ ofereceram um exemplo de costura que aceitariam gotosa e prontamente. Envolve o Paraná.
Sugere-se que Beto Richa, prefeito tucano de Curitiba, troque a candidatura ao governo do Paraná pela posição de vice de Serra.
Consumado o movimento, a oposição ficaria livre para fechar, no Paraná, um acordo com o senador Osmar Dias. É pré-candidato ao governo pelo PDT. O DEM sonha coligar-se com ele.
Dois problemas: Beto não topa ser vice. Se aceitasse, reavivaria as pretensões do tucano Alvaro Dias, irmão de Osmar e também aspirante ao governo.
Numa tentativa de atalhar o impasse, o DEM tramou uma operação baiana: o ‘demo’ Paulo Souto desistiria de concorrer ao governo da Bahia. Iria à chapa de Serra.
Num segundo lance, PSDB e DEM apoiariam a candidatura baiana de Geddel Vieira Lima, do PMDB. Há dez dias, um par de emissários procurou Geddel.
Ministro de Lula e fechado com o projeto Dilma-2010, Geddel mandou dizer que não contempla, a essa altura, bandear-se para a canoa de Serra.
De resto, Paulo Souto deu pulos de irritação. Enxergou na manobra as digitais de dois caciques ‘demos’: o prefeito paulistano Gilberto Kassab e o ex-senador Jorge Bornhausen.
Souto mandou dizer à dupla o seguinte: Não cogita ser vice de Serra. E sua candidatura ao governo da Bahia não é mercadoria que possa ser negociada.
Mexe daqui, tricota dali, o PSDB vê-se diante de um impasse. Já dispõe do candidato. Mas não consegue arranjar para Serra um vice.
É nesse contexto de dúvidas e hesitações que o nome de Marisa Serrano remanesce sobre a mesa.
A favor dela pesam dois fatos: dispõe de boa articulação verbal. E veste saias, como Dilma Rousseff.
Contra ela, a resistência do DEM é a localização periférica do seu Estado de origem, o Mato Grosso do Sul.
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