O insustentável peso da manipulação
A capa de O Globo de hoje (10/03) deveria ser reproduzida e usada em todas as faculdades de comunicação com um exemplo de um jornalismo onde o desejo de fazer campanha política consegue abolir até mesmo a mais primária capacidade de raciocínio.
A enorme manchete do jornal impresso é "Dilma infla dados e Petrobras é obrigada a dar explicações".
E a história, resumida, é assim:
Em evento público, diante de toda a imprensa a Ministra Dilma disse: "Vi a Petrobras evoluir, saltar de um investimento de R$ 20 bilhões para algo quatro vezes maior, esse ano para cerca de R$ 85 bilhões". O grifo é meu.
A Petrobras, divulgou que seu plano de investimentos não é de R$ 85 bilhões, mas de R$ 79,5 bilhões. Ou seja, seis por cento menor, o que poderia caaber no "cerca de" usado por Dilma.
Mas a situação é ainda mais ridicula porque o jornal confirma que todo o mercado financeiro sabe que, na reunião do Conselho de Administração da Empresa, daqui a poucos dias, este plano será ampliado. E é natural que seja, com as descobertas quase semanais de novos poços feitas pela estatal. E Dilma é a presidente deste conselho.
Mas aí o jornal vai ao limite do nonsense ao afirmar, na chamada da matéria que "um dado tornado público, de forma pouco transparente ou a um grupo restrito, pode deixar alguns investidores com informações privilegiadas" . É o que se chama, na giria do mercado de inside information.
Mas convenhamos, explorar a possibilidade de haver inside information em algo que é diante de toda a imprensa brasileira é capaz de deixar qualquer segredo de polichinelo, perdoem o trocadilho, no chinelo.
Mas não há dúvida que a imparcialidade do jornal é total: bem pequeno, ao abaixo da manchete , o jornal falar que Serra "inaugura" pré-edital, sobre a obra de uma ponte que nem licitação tem pronta para ser executada, em Santos.
O "equilíbrio" de O Globo é admirável."
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