O Presidente Lula pretende anunciar, em sua viagem ao Haiti agendada para o dia 25 de fevereiro, um pacote de geração de empregos emergenciais para viabilização de uma nova força de trabalho e de reconstrução de casas populares para auxiliar na revitalização do Haiti, assolado em meados de janeiro por um forte terremoto de sete graus na escala Richter.
O conjunto de medidas a serem divulgadas pelo governo brasileiro inclui ainda projetos da Embrapa sobre técnicas de plantio e um programa de utilizar a coleta de lixo para transformar restos hoje subutilizados em combustível para automóveis.
A ajuda brasileira, que permite que outros países doadores, como Estados Unidos e Canadá, também possam apresentar propostas complementares, foi construída a partir de consultas de ministros brasileiros ao governo do Haiti e à Organização das Nações Unidas (ONU).
O orçamento de todo o pacote brasileiro de reconstrução do Haiti ainda não foi definido e, de acordo com o embaixador Antônio Simões, responsável pela América Latina, América do Sul, Central e Caribe, entidades como o Senai, Embrapa e técnicos da Caixa Econômica já estão avaliando como poderão recrutar a população e a ensinar.
"Temos projetos para estruturar a coleta de lixo e aproveitar lixo, (programas de) agricultura para que o solo haitiano (seja mais bem aproveitado), vamos utilizar o êxodo rural para conseguir mão-de-obra no sentido produtivo. Uma equipe da Caixa vai verificar quais seriam as opções de habitação popular rápido (de se fazer) e com materiais que já existam, (haverá a) formação de mão-de-obra via Senai", afirmou o diplomata. "Há muita coisa a fazer, muita coisa a reconstruir." Só no processo de reciclagem de lixo, por exemplo, o objetivo é que 150 mil pessoas sejam mobilizadas.
Ao angariar voluntários na própria população para a reconstrução do Haiti, o Brasil e os demais países doadores devem seguir uma prática que já vem sendo adotada desde o terremoto, de oferecer uma quantia simbólica pelo trabalho dos haitianos, na casa de US$ 2 ou US$ 3, para estimulá-los e garantir aos poucos o retorno de um mercado de consumo.
"A prioridade é o que chamamos no Brasil de criação de uma de frente de trabalho. É mobilizar as pessoas e gerar uma pequena renda", disse o embaixador. "Nesse esforço de mobilização, (a ideia é) ajudar recolhendo entulho, terminar de tirar o que está destruído e construir pequenas coisas para que possa ser possível um pouco mais adiante instalar as pessoas em tendas, (construir) escolas provisoriamente. Não vamos criar um pacote virtual."
"O momento mais crucial já passou. Ainda estamos na fase de emergência, mas tendendo a uma fase de começar a agir em torno de uma recuperação para o funcionamento de vida normal no Haiti", disse o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix. "É uma fase em que as necessidades vão mudar e o fluxo (de ajuda humanitária) que temos mandado certamente vai mudar."
Até o momento já foram feitos 60 voos de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para o Haiti, em uma média de três por dia, além de doadas 56 t de água potável, 220 t de alimentos e 225 t de medicamentos. As Nações Unidas estimam em US$ 500 milhões o valor do esforço inicial para reeguer o Haiti.
O Brasil no Haiti
O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.
A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.
Do Terra
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