quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cadeia do biodiesel tem potencial para inserir 160 mil famílias de agricultores baianos



Emprego e renda para cerca de 160 mil famílias de agricultores baianos. Esta é uma das transformações sociais que a cadeia do biodiesel pode trazer para a Bahia nos próximos anos. A informação é fruto de uma pesquisa preliminar da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que foi apresentada hoje (25), na Secretaria do Planejamento (Seplan), pelo pesquisador Peter Poschen.
Com o objetivo de identificar a potencialidade da inserção da agricultura familiar baiana na política de biocombustíveis, o estudo buscou identificar os processos produtivos, as potencialidades das oleaginosas para a produção do óleo, bem como o nível de organização da agricultura familiar no Estado.
De acordo com a professora da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Gilca Oliveira, e a consultora independente, Lia Sant’Ana, que auxiliaram no levantamento de dados da OIT, a pesquisa focou nos pólos ligados ao biodiesel, que na Bahia são os Territórios Agreste de Alagoinhas, Baixo Sul, Chapada Diamantina, Irecê, Sertão Produtivo, Portal do Sertão e Velho Chico.
Para o secretário do Planejamento, Walter Pinheiro, além do momento favorável do contexto nacional e internacional, a Bahia reúne, entre todos os estados, as melhores condições para implantar projetos de bioenergia. “Além de concentrarmos 14% da agricultura familiar do Brasil, a Bahia possui grande quantidade de terras e somos os maiores produtores de mamona do país”, destaca Pinheiro, lembrando ainda que o estudo da OIT identificou outras culturas compatíveis, a exemplo do dendê, girassol e potencialmente o pinhão manso.
O titular da pasta do Planejamento ressalta também que os investimentos em infraestrutura e logísticas estão sendo realizados para facilitar o escoamento da produção baiana. “Vamos articular diversos modais de transporte e, de fato, proporcionar a integração do litoral com o interior do estado a partir de iniciativas como a construção do novo Porto Sul, ampliação e modernização do complexo portuário da Baía de Todos os Santos, a recuperação da Hidrovia do São Francisco, entre outras intervenções”, afirma.
Na avaliação do pesquisador da OIT, Peter Poschen, além do investimento em infraestrutura e logística e, sobretudo, em ações articuladas de acesso ao crédito, assistência técnica e estímulo ao cooperativismo, governo deve ampliar e qualificar a quantidade de informação levada aos agricultores. “Identificamos que a falta de informação é um dos fatores preponderantes para que as famílias não ingressem na cadeia produtiva do biodiesel”, ressalta.
Ainda de acordo com Poschen, a pesquisa preliminar conclui que há um grande potencial de geração emprego e renda, mas é preciso compatibilizar lógica do mercado com a agricultura familiar e o desenvolvimento regional e social.
Segundo o pesquisador, entre os benefícios sociais da inserção da agricultura familiar na política de biocombustíveis, é possível destacar a fixação do homem no campo, evitando assim o êxodo, a melhoria da distribuição de renda e o desenvolvimento de diversas regiões do Estado, inclusive em áreas degradadas ou secas.
A conclusão do relatório final está prevista para o final de 2010, cujo conteúdo trará análises sobre a viabilidade econômica, os impactos sociais e ambientais e um refinamento do potencial de geração de emprego e renda para a agricultura familiar.
Na mesma ocasião, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Seplan, lançou a edição da Revista Bahia Analise & Dados com o tema Biocombustíveis: Potencialidades e Restrições. “É uma satisfação para SEI realizar essa parceria envolvendo outras secretarias. Acreditamos que os biocombustíveis podem se constituir uma alternativa viável mesmo com o pré-sal. Como o petróleo é nobre, há a perspectiva de utilizá-lo cada vez menos” destacou Geraldo Reis, diretor da SEI.
Saiba mais
O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis. Pode ser produzido a partir de gorduras animais e de diversas fontes vegetais. Substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores. Pode ser usado puro ou misturado em diversas proporções.

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