quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Essa não é a eleição do pós-Lula

Engana-se quem está fazendo análises político-eleitorais afirmando que esta será a primeira eleição pós-democratização sem a participação de Lula porque seu nome não estará na cédula.
Ouso dizer que esta será a eleição pós-democratização mais com Lula do que qualquer outra. Afinal, é inédito um presidente da República termina seu segundo mandato com índices tão estupendos quanto Lula deve fazê-lo. Diria mais, inédito na história da democracia mundial. Se o leitor conhece casos semelhantes, por favor, encaminhe exemplos a este blogueiro.
Vale acrescentar que Lula tem s 82% de ótimo e bom num cenário onde a mídia comercial tradicional busca o tempo todo desgastá-lo.
Na opinião deste blogueiro, Lula ainda não usou quase nada deste seu potencial eleitoral. A chegada de Dilma ao patamar de 15% a 20% dos votos, a depender da pesquisa, ainda se deve mais a identificação da ministra com o governo por parte do eleitor médio, do que a força de Lula, por exemplo, entre o povão.
Basta uma rápida escarafunchada nos números para perceber que Dilma tem índices melhores, por exemplo, entre os mais letrados. Isso é boa avaliação do governo, não a força de Lula.
A força de Lula que ainda não foi usada, por exemplo, é a sua capacidade de convencimento entre as pessoas mais simples. Que não lêem jornais e que pouco lêem. E para quem Dilma ainda é Vilma, Zilma ou eu nunca ouvi falar. Imaginem Lula aparecendo nos primeiros programas eleitorais de Dilma, abraçado, a ela, contando a história política e de vida da ministra. Depois de um tempo olhando para ela e falando dessa trajetória ele diz algo como: “quem confia em mim, pode votar nesta mulher. Eu tenho certeza que ela vai fazer um governo ainda melhor que o meu, porque vai pegar a casa bem mais arrumada”. Alguém ainda acha que essa será a eleição pós-Lula?
Mas a eleição não será pós-Lula também para outros cargos. Um passarinho grande do governo me disse que Lula vai fazer de tudo para eleger uma grande bancada de senadores. E que por isso tem tentando convencer petistas a deixar a cabeça de chapa para o PMDB em estados os as chances de vitória são pequenas, trocando apoio para o Senado. Ele acha que em eleições acirradas para o Senado, seu apoio valerá muito. Principalmente porque estarão em disputas duas vagas.
Além disso, Lula pretende, sim, influenciar nas eleições estaduais. E já está fazendo isso buscando articulações que isolem a oposição ao seu núcleo duro: DEM, PSDB e PPS. O presidente avalia que mesmo que não consiga, em alguns estados, unificar o palanque de Dilma é possível firmar acordos para que essas candidaturas apóiem a que se sair melhor no segundo turno. Isso principalmente no Norte e no Nordeste, onde abrir mão da popularidade do governo é quase um suicídio político.
Além disso, Lula acha, por exemplo, que dos grandes estados é possível recuperar Minas e o Rio Grande do Sul do bico tucano. E está disposto a fazer um esforço especial para que isso aconteça.
No caso de Minas, está disposto a fazer o PT apoiar Hélio Costa, se essa for a conta a pagar. Mas também cogita convidar o mineiro para ser vice de Dilma, o que por hora é a hipótese mais forte a lhe rondar a cabeça. Claro que a definição do vice de Dilma vai sair apenas quando o PSDB fechar sua chapa. E ela ganhará força se ela for Serra e Aécio. Lula vai fazer de tudo para no mínimo rachar o eleitorado mineiro. Ele sabe que uma derrota em São Paulo e Minas por grande diferença vai dificultar muito as coisas.
Em relação ao Rio Grande do Sul, Lula está pensando em se fazer de morto. Ou seja, enquanto seu ministro Tarso Genro acelera o carro da candidatura petista, ele manda recados ao ex-governador Rigotto e ao prefeito de Porto Alegre Fogaça de que gostaria de vê-los no palanque de Dilma. E ele acha também que a herança de Yeda é algo tão terrível, que o candidato pemedebista teria muita dificuldade em se aproximar do PSDB no estado, mesmo que fosse apoiando uma candidatura do PSDB em nível nacional.
Quem conhece Lula garante que poucas vezes o viu tão animado para uma eleição. Ou seja, quem acha que essa é a eleição pós-Lula, engana-se.
Ele acha que essa é a sua eleição. Aquela onde ele joga boa parte da sua biografia.

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