Eu tento explicar para o Arthur Peres, engenheiro aposentado, e peço para ele imaginar a possibilidade de algum dia o PT voltar a ser oposição. Pergunto se ele acha que o PT precisaria estar inventando escândalos por causa de caixa 2 como do Eduardo Azevedo quando presidente do PSDB, ou pela compra de votos para mudar a Constituição como fez o Serjão para o projeto de perpetuação de poder do FHC? Claro que o PT não precisaria ficar especulando sobre um mero encontro de uma secretariazinha qualquer com algum Ministro.
Para o PT, se voltar a ser oposição, será só lembrar quem pagou uma das maiores dívidas externas do mundo, os milhões de pessoas resgatadas da miséria, as tantas comunidades beneficiadas pelo Luz para Todos, a contenção da inflação, o aumento real do salário e seu poder aquisitivo, a retomada do emprego formal e o crescimento do país, a transformação do Brasil de devedor à credor internacional e com reservas suficientes para transformar a crise mundial em mera marola.
Agora, o que é que os DEMO/TUCANOS e seus aliados podem lembrar? Que triplicaram a dívida do país a cada crise pontual em algum país do outro lado do mundo? Que terminaram o governo com um apagão que deu de prejuízo ao país o valor de 5 hidroelétricas de grande porte? Que promoveram o maior desemprego já sofrido no país? Que congelaram os salários por 8 anos? Que elevaram os juros à 40% ao ano e etc., etc., etc...?
Explico isso tudo pro Arthur, mas ainda assim ele continua indignado e me pede para divulgar essa carta que escreveu para a mídia (aqueles mesmos aliados da ditadura criminosa que promoveram a mentira Collor de Melo e o fracasso do Plano Real). Como a carta do Arthur é de uma lógica insofismável, atendendo ao seu pedido, aí está:
Senhores da mídia
Sou Arthur Peres,engenheiro aposentado e acompanho nossa história republicana com um misto de prazer e horror. Prazer por possibilitar- me o entendimento de nossa história em várias áreas bem como os movimentos políticos que a constituíram. Horror pelo fato de observar que a quase totalidade dos meios de comunicação agiu sempre no sentido de guindar ao poder partidos com características conservadoras, sempre de costas para o povo brasileiro e visando exclusivamente seus próprios privilégios.
Aqui é preciso analisar a história do Partido dos Trabalhadores e dizer que perdi a memória, tantas foram as vezes, desde sua fundação, que os meios de comunicação tentaram acabar com esse partido. Até 2002, a oposição exercida pelo PT ao poder de plantão, jamais foi levada a sério por esses meios de comunicação. Nas vezes que o partido apresentou propostas e projetos para melhorar a vida do povo brasileiro e defender a soberania do Brasil, lá estava a mídia para censurá-lo e desmerecê-lo perante a sociedade.
Antes da ascensão de Lula ao poder essa mídia intensificou os procedimentos para desqualificá- lo, editorializando mensagens que davam conta de que o país entraria no caos caso o PT tomasse o poder. Com a vontade da maioria do povo, Lula assumiu a Presidência em 2003 tendo praticamente toda a mídia contra si. O mesmo se repetiu em 2006 quando Lula disputou o segundo mandato, tendo a mídia jogado pesado para beneficiar seu candidato preferido - o inexpressivo Geraldo Alkmin.
Nesses 7 anos de governo Lula, observou-se pela primeira vez na história do Brasil que a oposição existia. Os meios de comunicação dão amplo destaque à essa oposição, mesmo estando ela totalmente paralisada pelos resultados do atual governo. Jamais observou-se - até o final do governo FHC - tanta importância para o que diz e faz a oposição, atualmente exercida pelos tucanos, ex-PFL e políticos conservadores/ reacionários.
Está fresca em nossa memória o brutal cerco sofrido pelo governo e pelo PT quando dos eventos surgidos com a irresponsável denúncia terrorista praticada pelo Roberto Jefferson dando conta do mensalão (até agora nada provado). Dai a tentativa constante de desmoralizar o PT levando jornalões, revistas semanais, telejornais e emissoras de rádio a construir consensos num extraordinário movimento, levado avante pelos seus jornalistas assalariados, no sentido de pespegar ao PT uma imagem não confiável e apresentando seus políticos como fracos e corruptos.
Políticos sérios do partido (que alguns da mídia chamam de sigla) envolvidos com a construção de um país mais livre e justo foram obrigados a deixar o governo e o noticiário político para se evitar crises que abalassem a República e a sua governabilidade. O noticiário permanentemente denuncista tentou jogar na lama o nome de José Dirceu, Genoino e muitos outros. Quando tiveram êxito, esqueceram esses políticos voltando-se a outros com a mesma fúria denuncista.
Gente da oposição - nunca incomodados em sua trajetória de privilégios - tiveram seus nomes retirados dos noticiários. O ex-senador Jorge Bornhausen chegou a pedir o impedimento do PT e esse disparate teve amplo destaque na mídia. As tentativas de defesa do partido, nesse episódio, não receberam o destaque merecido que jornais, TVs, revistas (com total liberdade permitida pela nossa Constituição) deveria proporcionar.
A última grande investida contra o PT e o governo Lula surgiu há algumas semanas. A mídia brasileira -agindo como um partido político - voltou-se contra um símbolo do negro passado desse pais, conhecido coronel que serviu à ditadura (que a Folha de São Paulo vergonhosamente cunhou de "ditabranda" ) e que sempre esteve no poder. Jornalistas independentes, historiadores, cidadãos conscientes do ponto de vista político lembram que até 2002 as tentativas de se investigar a fundo esse coronel e políticos corruptos, donos de capitanias, foram convenientemente esquecidas pelos jornalistas assalariados que hoje trabalham em grandes empresas de mídia.
Esse coronel cometeu um grave erro em sua biografia ao dar apoio a um governo que conta com 80% de aceitação do povo brasileiro. Começou a ser admoestado por seus pares (a oposição à Lula) que até então participaram das patifarias cometidas pela maioria dos senadores conservadores, presentes no Congresso há décadas! Nesse episódio os meios de comunicação mostraram claramente sua verdadeira obsessão em acabar com o Partido dos Trabalhadores, aproveitando para intrigar o povo com o Presidente Lula.
Seguramente essa não será a última tentativa de acabar com o PT. O próximo alvo a ter sua reputação destruída é o senador Mercadante. O objetivo, ademais, é liquidar com as chances da continuidade do terceiro mandato de Lula, com a Ministra Dilma. Novas denúncias virão para deixar a imagem do partido político arranhada e comprometida com a moral (sem ética) pregada pelas novas vestais da moralidade presentes nos partidos de oposição.
Diversos governadores, prefeitos, deputados, senadores e políticos do PT ficarão na história - que as gerações futuras conhecerão através da imprensa estrangeira - comprovando que o partido sempre trabalhou pela democracia e progresso da nação. É possível que alguns integrantes do partido tenham desonrado sua história, mesmo porque o partido não é constituído de anjos infensos ao mal. Os que desonram o partido serão punidos e julgados pela justiça e pela história. Mas são poucos. É pena, também, que alguns políticos do partido tenham se acovardado e deixado que o denuncismo dos diversos setores da mídia lhes atingissem suas honras e suas biografias.
Todavia, os resultados obtidos pelo atual governo e os diversos atores a serviço do Partido e do Brasil nunca serão escondidos pelos meios de comunicação, hoje empenhados no denuncismo. Toda a censura imposta ao PT, seu milhão de filiados e ao Presidente Lula, está fadada ao fracasso. A mídia, desrespeitando a inteligência do povo, pode enganar durante algum tempo parcelas pouco críticas da sociedade. Não conseguirá enganar todos por muito tempo. O PT sobreviverá e assistirá a ruína de todos os inimigos da povo brasileiro."
Arthur Peres
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