O sistema de esgotamento sanitário de Salvador vai ganhar três novas bacias, uma em Águas Claras, outra na região de Cambunas e a terceira no Trobogy, próximo à Avenida Paralela. Cerca de 300 mil pessoas dos bairros de Águas Claras, Cajazeiras, Vila Canária, Castelo Branco, Valéria, Jardim Esperança, Sete de Abril, São Marcos, Trobogy e Canabrava devem ser beneficiadas com a obra do Governo do Estado.
A medida vai acabar com o esgoto que ainda corre a céu aberto em alguns destes bairros e leva aos moradores, principalmente às crianças, o risco de contrair doenças. Para a ampliação do saneamento básico dessas regiões, serão investidos cerca de R$ 120 milhões na instalação de 294 quilômetros de tubulações, sendo 87 quilômetros de rede coletora, 190 de redes condominiais, 17 de interceptores e mais sete estações elevatórias.
Segundo o coordenador de obras da Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa), Carlos Emílio Martinez as obras vão melhorar a qualidade de vida da população, evitando doenças que possam ser adquiridas através do contato com o esgoto. “O esgotamento sanitário vai ter o destino de uma tubulação individual, tirando da drenagem e com o objetivo de não só ajudar a população, mas também despoluir os rios que cortam esses bairros”, garantiu.
90% até 2010
As obras fazem parte do Programa Água para Todos, que além de levar água de qualidade para mais de 3,5 milhões de baianos, prevê que a cobertura de esgotamento sanitário de Salvador, hoje de 80%, chegue a 90% em 2010. Até 2007, a cidade tinha apenas 62% de cobertura. Além da melhoria na qualidade de vida da população da capital baiana, as obras de saneamento também estão gerando cerca de 260 empregos diretos, nas cerca de 30 frentes de trabalho, distribuídas pela cidade.
De acordo com o presidente da Embasa, Abelardo Oliveira, o programa visa fundamentalmente levar água para a população, mas também ações de esgotamento sanitário e de sustentabilidade ambiental. “Para termos água para todos é preciso que tenhamos água para sempre”, refletiu. Segundo ele, são mais R$2,2 bilhões em 302 obras em todo o estado, que irão melhorar a qualidade de vida, a saúde das pessoas, diminuir custos com a saúde coletiva, gerar empregos e desenvolvimento social e econômico.
O sistema de esgotamento sanitário de boa parte da cidade vai ser interligado ao Sistema de Disposição Oceânica do Jaguaribe, o emissário submarino, que está sendo construído no bairro da Boca do Rio. Com quase 3,7 mil metros de extensão, o emissário terá capacidade de escoar cerca de 5,4 metros cúbicos por segundo, o que representa o esgoto de mais de 1,1 milhão de moradores de Salvador.
A obra é uma Parceria Público Privada (PPP) e a Odebrecht, empresa licitante, é responsável pela construção e manutenção do emissário por pelo menos 15 anos. O investimento está orçado em mais de R$ 259 milhões e tem previsão de conclusão para maio do próximo ano.
Emissário
A parte terrestre do emissário é feita por um sistema chamado Pipe Jacking, no qual a rocha é perfurada a pelo menos 20 metros de profundidade para ser feita a instalação das tubulações. São quatro poços, o último deles, instalado na orla, será o único a permanecer depois do término das obras.
O esgoto da cidade chega à estação de condicionamento prévio numa câmera de chegada logo após passa por uma unidade de gradiamento, uma caixa onde a areia é retirada. A seguir, o esgoto passa por dois canais de alimentação onde o material sólido é separado e o líquido segue por uma unidade de peneiramento até chegar ao canal terrestre que o leva para o mar, a cerca de 3,8 mil metros do início do trajeto e a mais de 45 metros de profundidade.
Durante esse processo, os gases são absorvidos e levados a uma estação de tratamento de odores e o esgoto lançado ao mar não traz nenhum risco de poluição ao oceano ou a pescadores e freqüentadores das praias.
“Uma cidade que dispõe de um sistema de lançamento de esgoto adequada como vai ser Salvador, propicia a seus habitantes mais saúde, o governo tem menos gastos com saúde pública e uma série de outros benefícios”, afirmou o engenheiro da Embasa, responsável pela fiscalização da obra do emissário, Renato Teles.
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