As microempresas na Bahia foram as que mais geraram postos de trabalho assalariados com carteira assinada nos sete primeiros meses de 2009. Um informe especial sobre mercado de trabalho formal, elaborado pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan), com base nos resultados de julho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged/MTE), aponta que as microempresas baianas criaram 28.882 vagas, do total dos 32.890 postos gerados no estado este ano.
A tendência é a mesma do país, onde as microempresas foram responsáveis pela abertura de novas 684.894 vagas, enquanto o balanço total no ano, incluindo todas as empresas de outros portes, é de 437.908 novas vagas de trabalho formal. “Estes resultados indicam uma menor intensidade dos efeitos da crise econômica e financeira mundial sobre as microempresas. De modo distinto, as pequenas empresas demonstraram maior timidez nesse período, com o fechamento de 4,3 mil vagas no estado”, diz o coordenador de Pesquisas Sociais, Laumar Neves.
Para Neves, cabe destacar que, na Bahia, as pequenas empresas foram as únicas a imprimir redução do emprego com carteira assinada nos sete primeiros meses de 2009, uma vez que as médias e grandes empresas, assim como as micro, tiveram desempenhos positivos em seus saldos. As médias empresas baianas, estabelecimentos que absorvem de 50 a 99 empregados, criaram 644 postos, e as grandes, a partir de 100 funcionários, contrataram mais 7.664.
Destaque
Este comportamento das médias e grandes empresas na Bahia foi destaque no país, onde a tendência foi divergente. Enquanto na Bahia eles contrataram mais do que demitiram, gerando no conjunto um saldo de 8.308 empregos, no Brasil, os estabelecimentos desses portes tiveram saldo negativo, com menos 117.006 postos.
Neves disse que tais diferenças no comportamento da geração de empregos formais segundo o tamanho dos estabelecimentos ocorrem porque as microempresas estão inseridas em setores de atividade econômica mais intensivos em trabalho. Assim, mesmo pequenas expansões da produção se refletem em contratações. Para Neves, a reduzida estrutura produtiva impede a incidência de grande capacidade ociosa, o que contribui para a manutenção dos empregos nessas empresas.
“Diferentemente, as grandes empresas baianas possuem suas bases produtivas mais intensivas em capital, com pouco impacto para a geração de empregos”, observou. Além disso, continua, as grandes empresas baianas estão inseridas em segmentos ligados aos ramos industrial, de serviços intensivos em tecnologia e ao bancário, casos em que é possível atender a uma pequena expansão de demanda sem incorrer em novas contratações.
Construção civil é o setor mais dinâmico
No mês de julho, as atividades ligadas à Construção Civil registraram o maior saldo, com 3.824 postos de trabalho, configurando-se no quinto saldo positivo consecutivo desde o início desse ano. Cabe ainda ressaltar que este foi o melhor resultado dos meses de julho de uma série histórica compreendida entre 2002 e 2009. Do ponto de vista intraestadual, enfatiza-se a participação da Região Metropolitana de Salvador (RMS), que contribuiu com 72,0% das vagas geradas neste setor.
Os Serviços apresentaram o segundo maior resultado, com 2.532 empregos formais. O destaque foi o segmento de Comércio e administração de imóveis que respondeu por 1.435, ou 56,6% das vagas geradas no setor. Tal desempenho vem sendo apresentado desde o mês de maio e pode estar relacionado a medidas que visam facilitar o financiamento habitacional.
A Agropecuária, com um saldo de 1.470, foi outro setor relevante para o total mensal de empregos criados no estado. Segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dentre os produtos mais representativos, no que se refere à safra baiana prevista para o período dos sete primeiros meses de 2009, a cana-de-açúcar foi o único que registrou um aumento na produção, em relação a 2008, de 4,4%.
Este provavelmente é um dos motivos que contribuiu para o saldo positivo do setor, uma vez que essa cultura é uma importante demandante de mão-de-obra na Bahia, uma vez que tem boa parte de sua produção viabilizada manualmente.
A Indústria de Transformação também registrou saldo positivo de 995 empregos, sendo seguida de perto pelo Comércio, que realizou 980 novas contratações. A Administração Pública foi o único setor a fechar postos de trabalho celetistas no mês de julho, com um saldo de -134 vagas.
No acumulado do ano, a Construção Civil e os Serviços foram aqueles que mais geraram postos de trabalho celetistas, sendo responsáveis por um saldo de 10.426 e de 10.348 empregos, respectivamente. Outro setor que também teve bom desempenho foi a Agropecuária, com 9.850 postos. Apenas a Indústria Extrativa e a Administração Pública apresentaram saldo negativo de, respectivamente, -680 e -201 postos de trabalho.
Na RMS, a Construção Civil também registrou o maior saldo do mês de julho, com 2.753 postos de trabalho. O setor de Serviços teve o segundo melhor resultado, por meio de um saldo de 1.697 empregos. Mais especificamente, o segmento de Comércio e administração de imóveis foi o destaque deste setor, com um saldo de 1.328 ou 78,3% do total das vagas criadas. Os setores da Administração Pública, Agropecuária e Indústria de Transformação registraram saldos negativos de, respectivamente: -141; -27 e -10 postos de trabalho.
No acumulado do ano, os Serviços, com 7.756 vagas, e a Construção civil, com 6.745 postos de trabalho, registraram os maiores saldos. A Indústria de Transformação e o Comércio apuraram os resultados mais negativos de, respectivamente: -1.707 e -518 postos de trabalho.
Salvador está à frente na geração de empregos
Considerando os municípios baianos com mais de 30 mil habitantes, que registraram os 10 maiores saldos de emprego com carteira assinada no mês de julho, observa-se que a abertura de postos de trabalho deu-se, essencialmente, naqueles mesmos que lideraram a expansão das oportunidades de emprego no mês anterior: Salvador (3.761), Casa Nova (1.227) e Juazeiro (863).
Setorialmente, em julho, percebe-se que 61,9% dos empregos criados em Salvador pertenciam ao setor da Construção Civil. Em Casa Nova, o setor da Agropecuária foi o mais dinâmico, gerando, praticamente, o total de suas vagas celetistas. De forma semelhante, em Juazeiro, esse setor responsabilizou-se pela maioria dos postos de trabalho criados (71,8%).
Quando se relacionam os municípios com mais de 30 mil habitantes que se destacaram pelos menores saldos de emprego celetista, em julho de 2009, tem-se que Eunápolis registrou o desempenho mais negativo, fechando 550 vagas formais. Em seguida, pode-se citar Nova Viçosa (-296) e Itamaraju (-210).
Observando a dinâmica setorial dos municípios que mais se distinguiram pelos seus saldos negativos de empregos, no mês de junho de 2009, percebe-se que a Agropecuária liderou o fechamento de postos de trabalho em Eunápolis. Importância setorial parecida foi verificada em Nova Viçosa e Itamaraju, municípios nos quais esse setor foi o mais expressivo, correspondendo a 92,6% e 91,0% dos empregos celetistas fechados, respectivamente.
Considerando o período acumulado dos sete primeiros meses do ano de 2009, tem-se que Salvador (10.521), Juazeiro (3.918) e Casa Nova (1.946) distinguiram-se pelos saldos mais significativos de postos de trabalho formais celetistas. Em Salvador, o comportamento positivo na criação de empregos com carteira assinada esteve condicionado, principalmente, pela performance do setor da Construção Civil (53,9%).
Em Juazeiro, a Indústria de Transformação repetiu pelo segundo mês consecutivo o predomínio da abertura geral de vagas, correspondendo a 46,9% e em Casa Nova, o setor agropecuário foi o mais importante, representando quase sozinho a totalidade de seu saldo.
Ao se examinar os municípios baianos com mais de 30 mil habitantes e com menores resultados de saldos de emprego com carteira assinada no acumulado dos meses de janeiro a julho de 2009, Mata de São João, reduzindo em 625 vagas, e Dias D’Ávila, com 552 vagas a menos, destacaram-se dos demais. Vale ressaltar que, em Mata de São João, o setor de Serviços foi o que mais teve a sua demanda por trabalhadores formais diminuída, sendo preponderante para o saldo final negativo do município.
Já em Dias D’Ávila, o setor que mais influenciou negativamente o seu saldo final foi a Construção Civil, com uma perda equivalente a 94,2% do total de empregos celetistas.
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