Deputado negocia com dupla candidatura ao governo do Rio
Encontra-se em estágio avançado a articulação para que Fernando Gabeira (PV) se torne candidato ao governo do Rio de Janeiro em 2010.
O deputado cogita entrar na disputa estadual associado a duas candidaturas presidenciais: a de José Serra e a de Marina Silva.
Há cerca de dez dias, Gabeira esteve em São Paulo. Reuniu-se reservadamente com o governador José Serra (PSDB).
Discutiram detalhes da campanha –do financiamento aos arranjos partidários. Gabeira iria às urnas cavalgando uma coligação de quatro legendas.
Além do PV, o acerto incluiria o PSDB de Serra, o PPS e o DEM. Àquela altura, eram ainda incipientes os entendimentos do partido de Gabeira com Marina Silva.
O PV convidara a senadora do PT a trocar de legenda e entrar na briga pela presidência. Marina entusiasmou- se com a idéia.
Nesta quarta (12), Gabeira se reúne com uma Marina já de malas prontas para deixar o PT. O deputado vai expor à senadora os seus planos.
Gabeira sente-se na obrigação de apoiar a virtual candidatura presidencial de Marina. Ao mesmo tempo, considera vital o acerto com Serra.
Para Serra, a entrada de Marina na briga nacional é alvissareira. Dá-se de barato que ela roubará votos da candidata de Lula, Dilma Rousseff.
Resta saber se Marina se sentirá confortável em dividir com Serra, no Rio, o palanque de um Gabeira coligado a legendas como o DEM e o PPS.
Se Marina condicionar a migração para o PV ao palanque exclusivo, o projeto estadual de Gabeira vai à breca.
Na campanha municipal de 2008, Gabeira mudou de patamar. Foi à briga como candidato de uma trinca de legendas: PV, PSDB e PPS.
Ao extrapolar o cercadinho do PV, obteve verbas e tempo de TV que jamais tivera antes. De azarão, tornou-se um candidato competitivo.
Eduardo Paes (PMDB) prevaleceu sobre Gabeira, no segundo turno, por pequena margem, em disputa do tipo voto a voto. Coisa eletrizante.
Na capital, Gabeira colecionou notáveis 49% dos votos. Saiu da disputa como o derrotado mais vitorioso do país.
Agora, o deputado considera que seria uma “regressão” ter de voltar a fazer campanha servindo-se apenas da estrutura minúscula do PV.
Se Marina torcer o nariz para a idéia do palanque duplo, Gabeira cogita reformular os planos pessoais. Em vez de disputar o governo, concorreria ao Senado.
Outra alternativa seria Gabeira trocar de partido. Mas o deputado não contempla essa hipótese.
Na noite passada, poucas horas antes do encontro que agendara com Marina, Gabeira exalava confiança.
Achava que a senadora, agora sua virtual companheira de partido, teria jogo de cintura para entender as vantagens de uma coligação ampla no Rio.
Na cabeça de Gabeira, a eventual entrada de Marina no jogo empurra a disputa presidencial para o segundo turno.
Aos olhos de hoje, o mais provável é um segundo round entre Serra e Dilma.
Na improvável hipótese uma disputa entre Serra e Marina, as contorções políticas de Gabeira seriam levadas às raias do paroxismo.
Se Marina aceitar as bases do projeto duplo de Gabeira, o deputado vai, de novo a Serra. Nesse estágio, não deve encontrar resistências.
Antes de se avistar com Gabeira, dez dias atrás, Serra reunira-se com a cúpula do DEM, o parceiro presidencial do PSDB.
Nesse encontro, tucanos e ‘demos’ passaram em revista o mapa eleitoral do país.
Concluíram que o Rio é, para Serra, uma espécie de calcanhar de Aquiles. Daí a decisão de converter o flerte com Gabeira em proposta formal de casamento.
Com Marina ou sem ela, Gabeira é a única alternativa do tucanato para erigir no Rio um palanque capaz de competir com o de Sérgio Cabral (PMDB), já comprometido com Dilma.
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