quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Valdo Cruz: Lina frustou a oposição

Lina Maria Vieira reafirmou o encontro com Dilma Rousseff. Deu novos detalhes. Insistiu que a ministra pediu para agilizar as investigações nos negócios da família Sarney. Seu depoimento, contudo, não chegou a ser comemorado pela oposição. Tucanos e democratas esperavam mais. Esperavam que ela revelasse ter sofrido pressão direta da ministra da Casa Civil para engavetar a investigação sobre o filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Não aconteceu.
Após o depoimento da ex-secretária da Receita Federal, tucanos e democratas tinham avaliação muito parecida: Lina Maria Vieira demonstrou muita segurança quando reafirmava a existência do encontro reservado com Dilma no Palácio do Planalto; colou na ministra a imagem de mentirosa; a mesma segurança, contudo, não se repetia quando era indagada se Dilma lhe pressionou e fez algum pedido irregular para beneficiar a família Sarney.
Os senadores da oposição ficaram com a impressão de que ela tinha muito mais a dizer, mas estava intimidada, pressionada por ameaças de que poderia ser alvo de um processo por prevaricação --quando um servidor público toma conhecimento de uma irregularidade e se omite.
Ao final do depoimento de Lina Vieira, apesar da pecha de mentirosa atribuída à ministra da Casa Civil, de que ela fez uma interferência indevida na Receita Federal, a tropa de choque governista se mostrava aliviada com o resultado da fala da ex-secretária. Temiam que ela pudesse comprometer ainda mais Dilma Rousseff. Sabiam que Lina não iria recuar em sua versão sobre o encontro e que poderia dizer que, sim, a ministra pediu para engavetar tudo, dar como encerradas as investigações da família Sarney. Nesse ponto, os governistas avaliam que Lina ajudou a ministra.
Durante seu depoimento, a ex-secretária disse que não se sentiu pressionada por Dilma, que ela usou um tom ameno na conversa, que não se sentiu cobrada pela ministra da Casa Civil. Por outro lado, não deixou de dar algumas indiretas. Classificou de pedido descabido o que lhe foi feito por Dilma, uma ingerência. Ou seja, parece ter sinalizado que pode dizer algo mais, caso não lhe deixem em paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será avaliado pelo moderador, para que se possa ser divulgada. Palavras torpes, agressão moral e verbal, entre outras atitudes não serão aceitas.